sábado, 28 de fevereiro de 2009

Fantasia?!

O cabo da PM do Rio William de Paula, acusado de matar o menino João Roberto Amorim foi inocentado. Ele confundiu o carro de uma mulher com o de bandidos e disparou 17 tiros no veiculo, acertando o garoto. “Meu filho morreu em vão”, disse Alessandra Amorim, mãe de João. Quatro anos depois da morte da missionária Dorothy Stang, nenhum dos acusados de serem mandantes do crime foram punidos. Pelo que sei, e o Google não me contradisse, nunca houve culpados pelos 19 mortos em Eldorado de Carajás; os assassinos de meu tio nunca foram julgados; Esses casos são apenas índices, já que a lista é extensa demais para ser detalhada.

Essa miríade de casos sem punição me veio a cabeça depois de assistir ao filma “A troca”, de Clint Eastwood. O fato é que me senti bem ao assistir o filme. Nele, ao fim, de certa forma houve justiça. No filme Angelina Jolie, em ótima atuação, procura desesperadamente por seu filho seqüestrado. Nesse tempo a policia lhe arranjar outra criança e quer fazê-la crer que ele é seu filho. A partir daí a mãe tenta provar que aquela não é sua criança.

Por enfrentar a policia é presa em um manicômio acusada de rejeitar o filho e ainda com mania de perseguição. Acontece muita coisa até o momento que se descobre que seu filho foi possivelmente morto por um assassino serial de crianças. Entretanto, como a morte nunca foi confirmada ela continuou a procura por seu filho até o fim da vida. O garoto nunca foi achado, mas a policia é punida pela condução absurda do caso.

Contente pela punição assistida, percebi como esse sentimento é raro já que em nossa realidade a injustiça é cotidiana e a impunidade corriqueira. É normal, normal. É o comum. Essa atitude me deixa um desencanto profundo com nosso país, conosco.

Nessas histórias quem perde é quem já perdeu tudo, as famílias. São elas que nunca terão novamente seu ente, nem ao menos a punição aos culpados. Essa coisa torpe da impunidade virou parte de nossa cultura. Aprendemos durante nossa vida e com elas nos acostumamos. Só realmente nos ultrajamos com isso quando somos atingidos em cheio pela prática. Aí sim nos debatemos contra o sistema praguejando todo seu aparato, lutando para que a lei seja cumprida. Via de regra, nessas horas não há mais tempo para isso.

E veja só, estou aqui falando sobre a impunidade de uma forma quase irresponsável dada a sua imensidão. Ela é muito maior do que aqui relato nesse arremedo de texto, ainda lembrando que não estou citando a impunidade aos políticos, apesar de achar o delito deles mais danoso e qualificado.

A impunidade é muito maior do que posso entender, compreender ou expressar.

Com a satisfação do filme senti-me amparado e esperançoso, mas ao mesmo tempo percebi que obtive esse sentimento de uma obra de ficção e não da realidade. Saí do cinema e me perguntei qual esperança posso ter e não me dei resposta alguma.

Realmente não sei se posso ter alguma esperança, mas tal qual a mãe do filme tenho que procurá-la até o fim. Senão qual moral tenho para escrever esse texto? É como diz a música do Ira: “Eu posso estar errado, mas devo cantar esta canção”. Faço isso, pois assim sou e disso não posso fugir, mas vejo minhas atitudes como o besouro que se bate dentro do vidro ou ainda o pássaro selvagem que fere o bico tentando fugir.

De toda forma,
não dá pra desistir.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Pérolas do cotidiano parte 2

"Não me interessa retratar pessoas reais"
Glória Perez, autora de novela.

“Hérlon, apaga a luz!!!!!”
Cynthia Veras, jornalista reclamando a seu marido.

“Vai porque quer. Por falta de adeus é que não é”
George Santiago, se despedindo de uma hóspede.

“Meu amigo, ser um cretino é coisa mais fácil que existe.... não foi todo mundo que nasceu pra ser gente não!”
Pedro Santiago, jornalista, em momento de desabafo.

“Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina quando tem um filho melhora”.
Do cretino mais interessante da história, Nelson Rodrigues.

“Rapaz, eu sempre digo: fuja das tentações, mas vá devagar para que elas possam te alcançar”.
GUSTAVO MELLO, advogado e futuro delegado da PF.

“Nenhuma doidera supera a loucura do espírito santo de Deus, por isso eu não troco ela por nada”
Vocalista do Planta Raiz em momento sem explicação.

“Eu sou eu mais meus melhores amigos”
Alberto Neto, o cara mais legal do mundo.

“O que o amor constrói o pagode destrói”
Rogério Buda, o capitão Nascimento do Aeroporto.

“Irmãos, se eu pudesse escolher um lugar para morrer, eu escolheria a Lins de Vasconcelos".
Bispo Gabriel Correia, da Igreja Renascer, em pregação logo depois do desabamento do teto de um dos templos(Lins de Vasconcelos) da Renascer, acidente que matou cinco pessoas.

“É meu chapa.... pimenta no cu dos outros pra vc é refresco, né seu filho da puta!”
Comentário de um jornalista indignado, sobre a frase acima do Bispo Gabriel.

OBS.: Não me responsabilizo pela autoria de nenhuma dessas frases.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Caricatura da verdade

Li essa pérola na coluna Porteira do jornalista Francisco Magalhães.

Esboço para texto de show humor da dupla Amauri Jucá e Dirceu Andrade

Dirceu Andrade - Tu já foi assaltado?
Amauri Jucá - Não. Mas quando for, quero que seja um roubo com grife...
Dirceu Andrade - Quediaboéisso?

Amauri Jucá - É assalto feito por bandido solto pelo Mutirão. Tem até o kit.
Dirceu Andrade – Kit, que kit é esse?

Dirceu Andrade – É o Kit-Assalto-Mutirão, que já vem com um bandido, um advogado da OAB, um alvará de soltura e um mói de jornalistas para entrevista vários Desembargadores.

Amauri Jucá - É, mais do outro lado tem o Robert Rios.
Dirceu Andrade - Aí é a maior roubada.

Cai como uma luva na atual situação da segurança de teresina.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Realidade!

A cena é triste. De longe vejo uma mulher engatando uma mata leão em um homem, ele se desvencilha e lhe dá um tapa. A mulher cai no chão de calçamento, o corpo no chão de fere e rala. A criança começa a chorar. Grita pela mãe abatida ao chão.

Ao ver a cena passo direto, vou atrás de um policial que vi próximo ao novo tom. Mas me lembro de minhas aulas de direito e tomo consciência que o policial nada pode fazer, já que esse tipo de conduta só pode ser enquadrada quando condicionada a representação. Ou seja, a mulher tem que denunciar o agressor.

De volta a frente de minha casa, continuam lá eles dois. Paro o carro de observo. Estão totalmente drogados, nãos sei de drogas legalizadas ou não. O único lúcido é o menino, que observa a tudo com apreensão.

A mulher está sentada debaixo do pé de algodão da minha casa, o homem em frente a entrada da casa da mulher dos urubus. “Se ele atacá-la de novo, vô ter de fazer alguma coisa”, pensei eu preocupado. O homem toma o rumo da mulher, tenta levantá-la, ela não quer. Estaciono o carro ao lado dos atores, o vigia chega e homem persiste.

A criança espera o desfecho segurando a bicicleta na qual vinham o três enquanto a mãe diz que vai pro inferno, para as trevas. O homem, mesmo trôpego, observa a mim e ao vigia e fica com medo.

Finalmente ela a levanta e partem em direção a lanchonete do Jair. Ele meio que direcionando-a, ela praguejando e menino atrás levando a bicicleta. Fique deprimido com a cena.

Pouco antes tive a notícia que o pai de uma conhecida foi assassinado dentro de sua própria casa por assaltantes; a casa de uma amiga foi invadida por cinco criminosos que fizeram de refém seu padrasto, sua mãe e outra pessoa. Levaram tudo.

No sul, um falso guia abordou um casal matando o rapaz e baleando a moça. Fugido do local, retorna quatros horas depois retorna para estuprá-la. Fiquei embasbacado. Em Teresina uma pessoa vai a padaria e pega um tiro na cabeça e morre na hora.

Se fosse aqui contar dos casos recentes que sei, meus dedos cairiam de tanto escrever.

Caminhamos absurdamente para um futuro cada vez mais negro. Do alto de toda nossa empáfia de único animal pensante, destruímos nos a nós mesmo e tudo que existe.

Nosso planeta está morrendo.

Recentemente assisti O Dia em que Terra Parou. No filme, o personagem de Keane Reeves diz que a beira do abismo sua raça tomou tento e colocou as coisas no lugar. O filme termina com ele convicto de que a raça humano o mesmo fará.

Eu não acredito nisso.

Nos vejo no fundo do abismo tentando escalar o rochedo e não conseguindo.

É com extremo desalento que vejo isso, mas a luz está se apagando. Não sei se ainda quero ter filhos.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Todo mundo odeia lista, mas adora fazer a sua

Ao ler as listas de melhores bandas de 2008, me deu vontade fazer a minha, mas ai percebi que não escutei tanta coisa do ano passado. Meu computador esteve mais ocupado baixando cds das décadas de 70 e 80 e principalmente me auxiliando a conhecer a história do Blues. Nesse quesito baixei CDs de Eric Clapton, Rory Gallagher, Stevie Ray Vaughan, B.B. King e outros.

Conhecida minha deficiência percebi que ficaria pouco viável uma lista com pouco mais de 4 cds, visto que foram apenas esses que realmente me encantaram. Como quem não tem cão caça com gato, fiz minha lista das melhores musicas de 2008. Desculpe pelo texto, ele é um pouco grande.

Meus preferidos de 2008

O Travis sempre quis compor belas canções. Escute The Man Who e The Invisible Band e perceba como esse fato fica patente. Sempre acompanhado de um violão, um bandolin e um timbre limpo de guitarra, esses escoceses construíram uma bela história repleta de lindas canções. Com seu último lançamento, Ode to J Smith, banda segue fiel a formula mesmo que ainda se utilizando de outros truques. Toda essa enrolação foi para falar de Last Words, sexta música desse ótimo cd lançado pela banda já no final do ano passado. Todos os ingredientes que relacionei estão lá, chamando atenção uma leve distorção na guitarra. É Travis em estado puro. É aquele tipo de música pra se escutar com um sorriso no rosto. :)

Em terras brasilis, uma boa surpresa de 2008 foi a descoberta do Vanguart, uma banda de Cuiabá que mistura rock com folk. Seu cd homônimo traz canções em inglês, espanhol e português e o grupo se saí bem em todos os idiomas. Minha preferida ficou por com conta de Enquanto isso, na lanchonete, uma delicada balada sobre os encontros e desencontros de um casal em uma lanchonete imaginária. Indico a qualquer um tomar conhecimento dessa banda, infelizmente não vejo nela apelo radiofônico, o que seria muito bem vindo.
É……. Com a chegada do fim do ano e a escolha dos melhores do ano, uma banda dominou as premiações: o Coldplay. A crítica tem dito que o cd é mais maduro, que o mago Brian Eno deu uma melhorada na banda, que num sei o que mais lá, que a Sandy ainda era virgem e o Elton John viro hetero..... eu sei que foi tanta coisa que nem lembro mais.
O fato é que va La Vida And Death To All His Friends ganhou muitos prêmios. Aqui quebro minha regra e faço um vaticínio: daqui a alguns anos vai acontecer com esse cd o mesmo que houve com o filme Titanic, que foi ovacionado quando lançado e depois discretamente jogado no lixo da história do cinema. Hoje ele é apenas lembrado como o primeiro filme de super-hiper-mega orçamento e um dos mais rentáveis de todos os tempos. Mas estou aqui pra falar das músicas e em meio a toda a tralha do Viva La...... Cris Martin compôs belas canções e entre elas permanece Lost. Quadriloquente com suas palmas e órgão, um belo trabalho digno do A RUSH OF BLOOD TO THE HEAD, obra-prima da banda. Quando a escutei a primeira vez pensei: “Isso é Coldplay...”; me deitei satisfeito, batendo o ritmo da música com pé e sonhando com o show da banda.

Iria falar de todas as musicas mas percebi que ficaria uma pouco grande e difícil de ler. De toda forma, minha lista ainda conta com You Don't Understand Me, da banda The Raconteurs. Projeto paralelo de Jack White, o guitarrista do White Stripes. Uma linda canção carregada pelo piano. Dá vontade de escutar cem vezes seguidas.

England

Voltando a terra da rainha temos ainda Spiraling, essa deliciosa jóia oitentista vinda da cozinha do Keane. Sempre comparada ao Coldplay, a banda já voa em seu próprio nome desde o lançamento de Perfect Symmetry. Vale a pena conferir.
.....

Todo lançamento é a mesma coisa, o Oasis joga na praça um cd odiado por uns e amado por muitos, mas sempre dele saem músicas antológicas. Esse é o caso de Faling Down. Como também tem sido praxe é Noel quem tem cantado essas canções e não Liam. Tem sido assim desde Standing on the Shoulder of Giants com Wheredid it all go Wrong, passando por Heathen Chemistry, Don’t Bilieve the Truth e agora este Dig out your Soul. Voltando a música, não sei como interpretar Falling Down. Ela é densa, meio etérea e muito bonita. Só escutando para saber.

Terminando minha expedição pela principal ilha britânica, concluo exatamente com seu representante mais poderoso nos últimos 15 anos, o Radiohead. Rockoner é o nome da música que tem uma levada de guitarra hipnótica auxiliada por uma bateria de forte personalidade e, claro, a voz de Thom Yorke que parece um lamento desesperado e por isso mesmo, linda. É nessas horas que percebo que quando o Radiohead para de fazer aquelas zuadinhas esquisitas e se apega à melodia, é que saem as coisas mais lindas que existem. Provou isso durante toda sua história. Vida longa aos filhos da rainha.

Voltando pra casa

Uma das minhas bandas favoritas dos anos 90 lançou um cd sem muita coisa que fique, mas, assim como o Oasis, sempre estão lá escondidas aquelas pérolas. Estou falando de Ainda Gosto Dela, música de trabalho do recém lançado Estandarte dos mineiros do SKANK. É aquele tipo de faixa gostosa de se ouvir, com aquele refrão que fica martelando agradavelmente sua cabeça. “E eu ainda Gosto delaaaaaa, mas ela já não gosta tanto assim”. Uma lindeza. Samuel é um cara que tem esse tipo de manha com música. Te ver, resposta, Ali, tão seu são provas inconteste disso

Terminando meu périplo chego a banda brasileira mais importante da década passada (jornalista adora rótulo), O Rappa. Quem me chamou atenção foi Óstia, do álbum 7 vezes. É verdade eu sei, o som do Rappa continua muito bom, mas Yuka ainda faz muita falta nas letras. De qualquer forma penso que esses cariocas fizeram um bom trabalho, com dignidade e personalidade para deixar o passado para trás. “Não sou carne barata”, canta Falcão. Não são mesmo.

Merece menção honrosa a faixa Súplica Cearense, versão de um sucesso cantado por Luis Gonzaga. Uma prece triste e emocionante do sertanejo que suplica a deus por chuva no sertão e depois chora pelo estrago causado pela água. “Oh Deus, será que o senhor se zangou E só por isso que o sol se arretirou Fazendo cair toda chuva que há”, canta Falcão, quase chorando.


Lista completa
Last Words – Travis
Enquanto isso na Lanchonete – Vaguart
Lost – Coldplay
You Don't Understand Me – The Raconteurs.
Spiraling – Keane
Falling Down – Oasis
Rockoner – Radiohead
Ainda Gosto Dela – Skank
Óstia – O Rappa

Menção Honrosa: Súplica Cearense – O Rappa