sábado, 29 de agosto de 2009

Uma noite na Super 8

Ontem fui a Super 8. Um local extremamente comum com muita gente chata e sem nenhuma graça. As pessoas parecem mais interessadas em parecer desinteressadas, em manter uma pose de distanciamento, uma coisa blasé, do que se divertir propriamente. A desenvoltura só melhora com o passar do tempo e chegada do efeito do álcool.

Muitas mulheres bonitas e não é a toa que os homens de outras cidades sempre comentam esse fato, mas a despeito das belezas todas me foram desinteressantes. Nunca tinha visto tantas barbies em toda minha vida: maquiadas, cheias de acessórios, falsamente desinteressadas em tudo, mas todas doidas para dar para o KEN. Fica apenas o detalhe de que elas pouco sorriam e isso é terrível.

Toda aquela galerinha de alto poder per capito, todos universitários ou formados, com whisky e Red Bull na mão e tão acostumados a tirar onda da absoluta da Stephany, se derreteram cantando cada parte da música da paulista radicada piauiense. Adoro essas coisas. Foi mais ou menos do mesmo jeito que me senti em um show de hard rock quando vi todos aqueles Headbangers de preto cantando de olhos fechados e tudo I’II Be There For You do Bon Jovi.

Prefiro o BOEMIA mesmo que o lugar seja um buraco e som de qualidade sofrível. Pelo menos lá as pessoas parecem mais interessadas em se divertir e se expressar de uma forma mais autêntica, com uma perspectiva mais centrada em si do que nos outros. A galera bebe mesmo, canta alto mesmo e diz que ama aquela música que ta tocando sem muito pudor.

Na Super 8, tudo parecia um balé. Tudo ensaiado: os gestos, sorrisos e olhares contidos ou até quem sabe, falsos. Até a mulheres sempre mais desenvoltas do que os homens no diz respeito à dança, estavam quietas. “Será se não to vendo coisa demais não?”, me perguntei depois de uma tequila e uma cerveja. Não sei, mas a sensação ainda é a mesma.

Daquela boite que se pretende a melhor, mais estruturada e, obvio, a mais cara da cidade, pude tirar uma conclusão: o ar-condicionado é muito bom porque o ambiente estava lotado e não senti calor em nenhum minuto. Mas fora isso.........

Aliás ainda me pergunto por qual motivo pago tudo mais caro lá do que no Mucuripe. “Quer dizer que só por que é em Fortaleza, deveria ser mais caro, melhor?”, antes que me venham com essa respondo: não, não é isso; a questão é que infelizmente o Mucuripe é muito melhor, maior e mais estruturado. Um fato e contra ele não posso lutar. O ponto aonde quero chegar é o seguinte: os preços da nossa melhor boite me soam falsos, são como são apenas por status. É aquela história, você não está comprando o produto, mas sim o valor agregado, o sentido, que vêm junto com ele. “Nossa ele tem grana, anda na Super 8”. Vão lá porque é caro e não por gostarem.

Não achei legal e muito menos meu bolso achou. Como sempre o que fez valer a pena foram as companhias, justamente o mais valioso e que por dádiva de Deus é de graça.

sábado, 22 de agosto de 2009

“And I'll find a place inside to laugh.”

A radicalidade bate a porta todos os dias. Devagar e com força
A paciência, antes tão grande, parece ser esvair como ética na política de hoje
A cerveja desce gelada e macia. Chega a calma momentânea e conforta
“Que horas já são?”
Hora de andar para frente.

Antes quietinho pouco chamava atenção e respeito não havia
Agora que fala alto e seguro poucos procuram confronto.
“But I'm not giving in an inch to fear.
Cause I promised myself this year
I feel like I owe it to someone” canta Neil Young
Ele ta falando de mim?

“Tu não era assim não, ó”, diria Neto e então riríamos.
Ele também mudou, mas quem diabo é que não muda?
Somente o Maranhão, mas ele não é uma pessoa.

Melhor? Pior? Tanto faz?
Não dá pra dizer ainda, sobra espaço apenas pra viver mesmo.





sexta-feira, 21 de agosto de 2009

111 anos



Então com 15 anos eu saboreava o momento mais bonito do Clube de Regatas Vasco da Gama, ano em que o time foi campeão da Copa Libertadores da América. Tive a sorte que muito outros torcedores de grandes times não tiveram, a de assistir seu clube eu sua fase áurea. Vi meu time ganhar dois títulos brasileiros, uma Libertadores, vários cariocas, Mercosul e Rio-São Paulo. Tenho a alegria de não ter de voltar 20, 30 anos atrás para falar das glórias do meu time, a exemplo dos outros três grandes do Rio. Vi a tudo em tempo real e não em livros de história ou no Canal 100.

Hoje o meu time completa 111 anos de fundação. Repito o que tantas vezes já disse: nenhum time no Brasil tem uma história tão bonita quanto a do Vasco e isso dá um orgulho danado. Apesar da segunda divisão temos algumas coisas a comemorar como nossa nova gestão focada na profissionalização do clube. Fizemos um ótimo Carioca e apesar de não campeões, jogamos com raça a Copa do Brasil da qual saímos sem perder um único jogo.

Claro que ainda falta muito para chegarmos ao nível de organização de times como Internacional, Grêmio e São Paulo e muito menos me consola o fato de sermos os melhores do RIO. De toda forma prevejo um futuro espelhado no passado. Cheio de boas histórias, títulos e paixão pela cruz de malta. Afinal somos vascaínos e o sorriso e cortesia nos pertencem como bem disse o jornalista Artur da Távola.

“Ser Vasco é ser intrépido tanto quanto leal. É ter o sentido da história do Brasil a fundir povos e raças sem preconceitos. É renegar o temor e ser popular sem populismo, ser valente sem arrogância e ser decidido sem soberba. Ser Vasco é ser mais povo que elite, mais tradição que novidade. É ousar, insistir, renovar-se. É gol, é gala, é garbo de uniforme original, cruz no peito, sonha n’ alma e amor no coração”.

Parabéns a todos os vascaínos.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Eu não!

Linda propaganda da União Zoófila, triste e verdadeira.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Interesses

Passados 4 meses do crime que chocou Teresina, na tarde dessa segunda-feira chegou a capital Nilson Reis Feitosa, acusado de matar a estudante Tallyne Teles com dois tiros na cabeça. Depois de muitas horas de espera finalmente Nilsinho, como é mais conhecido, era apresentado. Repousam sobre ele sete processos na justiça do Piauí. Dentre as acusações estão assalto a mão armada, homicídio e estupro.

Passei toda a tarde esperando a chegada de Nilsinho. Aliás eu e toda e imprensa. Ele chegou sob forte esquema de segurança e então encaminhado ao IML e posteriormente até a sede da CICO para apresentação à imprensa. Aquele monte de jornalista ali atrás do cara..... fiquei me questionando: a mídia vai atrás de sangue por que o público gosta ou o espectador consome por que é posto à mesa?

Desde o dia, e antes mesmo, em que o corpo da jovem foi encontrado, no final de março, que a policia do Piauí implementou uma verdadeira caçada ao suspeito do crime. Tal empreitada terminou no meio de uma BR nas proximidades de Fortaleza, quando uma equipe da CICO (Comissão de Investigação do Crime Organizado) abordou o carro no qual Nilsinho estava. Houve troca de tiros e o acusado foi baleado duas vezes e preso. Em estado grave foi internado na capital do Ceará de onde voltou nesta segunda-feira (10.08).

Me pergunto quantos jovens são mortos todas as semanas na periferia de minha querida cidade e nada acontece com os assassinos. Poucos sabem mas existe um número impressionante de jovens perdendo a vida de forma violenta longe do centro de Teresina, longe de nossos olhos e das nossas instituições.

A sede da ‘CICO é uma casa comum na Avenida Gil Martins. Totalmente descaracterizada, quem passa pela porta dificilmente perceberá que ali trabalha um dos mais atuantes núcleos da civil do Piauí. A sala na qual Nilsinho foi apresentado era pequena e os jornalistas correram para pegar o melhor ângulo. Estavam lá também o competente e atuante delegado Bonfim Filho além de dois promotores do Ministério Público.

A de se condenar as ações da policia nesse caso? Eu não consigo! Rápida, precisa e efetiva foi sua atuação. Entretanto é obrigatório o questionamento da discrepância entre os tratamentos. Será se haveria uma equipe da Policia Civil do Piauí no encalço do assassino de Pedro Lima Pinto Santiago nas proximidades de Fortaleza, se fosse esse o caso? E se fosse o filho da minha lavadeira, será se a presteza seria a mesma? Duvido muito. Vidas sem conexões, sem influência ou costas largas na qual possam se encostar, são vidas sem tanta, ou nenhuma, importância para a polícia e justiça.

Art. 5º da Constituição Federal.
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza(...)


Nilson é muito baixo, deve ter um pouco mais de um metro e meio de altura, é franzino e tem pele clara. Andava encurvado e sua fisionomia era de debilidade. A maioria dos jornalistas ficaram se perguntando como pôde aquele quase anão causar tanto estrago? Veio calado do Ceará até aqui. “Por que você matou Tallyne Teles?”; “Tem mais alguém que atuou com você?”; “Tu ta calado por que?”; “Tem alguma coisa a declarar?” ....foram algumas da perguntas que ele não respondeu.

Certa vez estava conversando com minha irmã quando afirmei que a Justiça não era nem cega e nem muito menos burra. Ela aquiesceu e disse: “A Justiça é interesseira!”. Estava comendo quando escutei essa frase e fiquei chocado com a precisão da fala. “E não é isso mesmo!”, disse para mim.

De acordo com o promotor de Justiça José Meton Filho, Nilson Feitosa foi cedido pela justiça do Ceará por 30 dias. Tempo que o promotor entende como suficiente para ouvir o acusado e julgá-lo. Caso o prazo seja curto, o MP já adiantou que pedirá a prorrogação do prazo. “Ele só sairá de Teresina julgado”, disse o promotor afirmando ainda que qualquer movimentação no sentido de atrasar o trabalho da justiça será pior para o suspeito.

Sem mais comentários

sábado, 8 de agosto de 2009

Você é o que você vota!

"Transformam o país inteiro num puteiro

Pois assim se ganha mais dinheiro"

Cazuza.



É difícil ser otimista no Brasil, muito difícil. Somos um país corrupto feito por corruptos para corruptos. Sim, somos todos corruptos. Não temos uma noção aceitável de bem coletivo, de interesse da maioria em detrimento do nosso. Paramos nossos carros em qualquer lugar, interrompendo o trânsito ou não; furamos fila indiscriminadamente; jogamos lixo em qualquer lugar na hora em que quisermos (somente no Rio de Janeiro são 260 toneladas recolhidas diariamente pelos garis); os ''gatos'' na luz elétrica pública, a ''cervejinha'' dos policiais em troca da leniência em relação a multas, o 'comércio de influências nas repartições públicas, até os camelôs querem ganhar dois boxes no Shopping da cidade..... Uma infinidade de práticas nocivas.

Nas últimas semanas o que vem tomando de conta dos noticiários é o escândalo dos atos secretos do senado. Um descalabro de corrupção que era editado em atos não publicados no diário oficial da casa, acobertando imoralidades como planos de saúde vitalícios para alguns funcionários; serventes e mordomos que ganhavam mais do que o presidente da república e pela trilha de lama continua.

Isso só demonstra o quanto nossa política está no fundo do poço, com perdão do clichê. A esperança de ética e transparência que respondia pelo nome de Partido dos Trabalhadores se mostrou totalmente furada, rebaixando a boa imagem que tinha até a igualdade, ou até menos, das outras siglas. Em troca da sede ensandecida de poder, o PT traiu a confiança de todos nós se tornando em pouco tempo algo semelhante ao antigo PFL. Se utilizando velhas práticas como o clientelismo, a troca de favores e cargos e, como não poderia deixar de ser, a corrupção pura e plena.

"Eu vejo o futuro repetir o passado"

O que é pior é que nos acostumamos com toda essa sujeira. O Estado de São Paulo passou mais de uma semana publicando todos os dias denuncias contra o Clã Sarney, mas vejo só que não foi o jornal que produziu o material e sim a Policia Federal. Já pelo quinto dia de denuncias ao invés de ficarmos cada vez mais indignados e horrorizados, nos sentimos enfadados. "Affffff, o povo num cansa de falar sobre isso não", escutei isso na rua. É com essa nossa atitude nefasta que o presidente do Senado continua sentado onde está e de lá não parece que vá sair.

Sabemos de suas falcatruas na Fundação José Sarney; na presidência do Senado; na aquisição de terrenos em Brasília; na compra de uma fazenda; no recebimento de auxílio moradia (R$ 3.800) e ocupação de um apartamento funcional mesmo possuindo uma mansão no Lago Sul; a nomeação de seu neto João Fernando e da prima de Roseana como servidores e ainda a nomeação da sobrinha Vera Portela no gabinete de Delcídio Amaral. Nesse carrossel tem ainda uma prima e uma sobrinha do genro de Sarney, além de sua própria imã que agora trabalha no gabinete do senador Epitácio Cafeteira; podemos citar ainda o uso de verba indenizatória para a contratação de uma empresa que teria organizado seu acervo pessoal. Acabou? Não! Temos a história do seu neto José Adriano que é suspeito de envolvimento em um esquema de empréstimo consignado no senado; a ocultação da Justiça Eleitoral de uma mansão no valor de 4 milhões de reais e por aí continua. A última divulgada foi que o nosso ex-presidente ganha 52 mil reais oriundos de duas aposentadorias (TCE e Governadoria)e ainda de seu salário como senador. Para quem não sabe o teto do funcionalismo público é o salário de ministro de STF(R$ 24.500). Todos essas informações são públicas e notórias e o que acontece? Nada!

Devo admitir que essa é uma oportunidade em que tudo fica muito claro no jogo político. Fica nítida a concordância de nosso presidente com qualquer fato ou prática que dê o máximo de tranqüilidade a seu governo e mantenha sua popularidade em alta revelando um ser vaidoso e fraco; a ausência quase que total de interesse do coletivo no trabalho de nossos senadores; a alienação ou apolitização de nossa população, mais interessado no ouro do Cielo do que nos crimes do presidente da mais alta casa legislativa do país. Parece-me até ironia o Tribunal de Justiça do Distrito Federal ter proibido o Estadão de publicar novas matérias com base em gravações da PF, porque nesse quadro terrível só falta mesmo censura a imprensa. Sei que o TJ-DF tem um bom argumento já que as investigações correm sob segredo de justiça, mas não deixa de ser irônico e triste.

Quem me ajuda a tecer esse panorama é o grande jornalista Clovis Rossi:

Primeira imagem: Luiz Inácio Lula da Silva abraça Fernando Collor de Mello.

Ajuda-memória: Fernando Collor de Mello vem a ser aquele cidadão que, além de ter sido o único presidente afastado do cargo por falta de decoro em um país em que o decoro é artigo raríssimo, pagou a uma mulher para dizer na televisão que seu adversário (justamente Lula, naquele momento) quis obrigá-la a abortar da filha que ambos tiveram (Lurian).

Esse tipo de atitude é tão indecente, indecorosa, delinquencial que desqualifica qualquer pessoa para a vida pública (a rigor, também para a vida privada).

Não é, portanto, passível de perdão.

Lula até poderia aceitar o apoio de Collor para fazer parte da maioria governista.

Aceitou o apoio de tantos outros desqualificados que, um a mais, um a menos, nem se notaria.

Daí, no entanto, a abraçá-lo publicamente e a elogiá-lo vai uma distância que, percorrida, desqualifica também a vítima de antes.

Segunda imagem, a de ontem: Fernando Collor de Mello cumprimenta José Sarney.

Ajuda-memória: Fernando Collor de Mello vem a ser aquele cidadão que com maior virulência atacou o governo Sarney, a ponto de chamá-lo de ladrão, pelo que jamais pediu desculpas.

Sarney nunca escondeu o profundo rancor que sentia pelo seu desafeto, que, aliás, só se elegeu porque era o mais vociferante crítico de um presidente que batia recordes de impopularidade.

Ao abraçar Collor e aceitá-lo na sua tropa de choque, Sarney implicitamente dá atestado de validade aos ataques do Collor de 1989 e, por extensão, junta-se a ele na lama.

Que Collor, o indecoroso com condenação tramitada em julgado, ressurja com os mesmos tiques e indecências de antes compõe à perfeição o lodaçal putrefato que é a política brasileira.


"Você acredita no Brasil?"

Oficialmente, Sarney já foi absolvido de 4 das representações que existem contra ele no Conselho de Ética(???) do Senado. Na ultima quinta feita(06.08) o capitão nascimento de JS interpelou de forma tosca o senador Tasso Jereissati até se utilizando de palavrões para ofendê-lo. Não sei o que escrever, a relação desses seres com o poder público é de tamanha intimidade que eles literalmente confundem o parlamento com suas casas, falando o quem bem entendem, empregando quem desejam e principalmente fazendo do senado uma grande privada.

Ontem o senhor Paulo Duque (PMDB-RJ), senador que não recebeu um único voto já que é suplente do suplente de Sérgio Cabral no entanto ainda sim presidente do Conselho de Ética, entregou seu parecer com as 7 representações restantes contra Sarney. A Folha de São Paulo já revelou que seu parecer é pelo arquivamento de todas elas. Seu principal argumento é a falta de provas!?

Eu tento não ser pessimista com esse país, mas não tá dando não. Em conversas de mesa de bar ou ao caminho do shopping eu e Wilton tentamos entender, compreender como essas coisas acontecem e nada muda e sim parece piorar. Chegamos sempre ao mesmo ponto da frustração, pois invariavelmente percebemos que tudo não é empurrado goela abaixo, mas sim deglutido sem crítica alguma como que bebendo água. Ou seja, somos cúmplices. E ainda tenho que escutar aquela velha frase: Todo Mundo Faz!. Já que isso serve como consolo, alforria, anistia para cada um de nós, afinal nunca sabemos quando estaremos no foco das atenções, não é?

Uma desgraça esse lugar.


"Eu posso estar errado, mas eu devo cantar esta canção...."
Um dia como hoje, Ira


OBS.: Citações de Cazuza em o Tempo Não Para e Edgar Scandurra em Um dia como hoje, respectivamente.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Quem diria

Sorte de hoje:

Simplicidade é o que há de mais sofisticado