terça-feira, 6 de outubro de 2009

Um poema

INTIMAÇÃO

De girar e oscilar entre penhascos
de não saber o instante de parar,
de buscar solução na chuva e no ar,
e não haver um sol para os teus ascos;

de procurar Jerusaléns, Damascos,
uma velha Bizâncio à beira-mar,
e o que mais haja para procurar:
uma pista, um rumor, rastros de cascos;

de ter diante de ti teu duplo cego –
teu irmão, teu igual, teu inimigo,
e mendigar um trapo de sossego

onde só existe confusão, perigo
e essa raiva do esforço que te invade) –
tu te tornas amargo por bondade.

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>Jorge Luis Borges


Dedicado a mim e a meu amigo Wilton Filho.

1 Comment:

julianna said...

"onde só existe confusão, perigo
e essa raiva do esforço que te invade) –
tu te tornas amargo por bondade"


é...