quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Goodbye R.E.M

Ainda adolescente, tive muitas fases, bandas e a sequência foi mais ou menos assim: Bon Jovi, Guns n’ Roses, Nirvana, Scorpions, Mettalica U2 e R.E.M. Era o início da internet e comecei a baixar muita coisa bacana assim como ia melhorando meu gosto musical.

No meio desse rol, o R.E.M tinha um lugar especial na minha cabeça, já que não era farofa como o Bon Jovi, nem exasperado como o Nirvana, muito menos pesado como o Mettallica ou messiânico like o U2. Era diferente, até porque eu nada conhecia sobre o indie americano à época. O R.E.M soava estranho em meio aos bastiões oitentistas e a verve pop 90. Envergava uma canção mais honesta, ríspida e direta. Eles eram o que pareciam ser e todos que acompanham bandas sabem como isso é esquisito.

O R.E.M junto com o IRA!, eram os meus patinhos feios. Bandas que poucos escutavam, mas que eu amava.

The end

Pensar no fim do R.E.M é cantar um dos trechos de Near Wild Heaven “Something has gone wrong”. Em um arroubo de dramatismo, me lembro ainda de Merlin em as Crônicas de Arthur, “Veja como os maus prosperam. Isso diz muito sobre o mundo que vivemos”.

Envelhecer deve ser difícil.

Imagino Stipe olhando para o lado e vendo o mainstream atual, recordando de 30 anos e de todas as bandas que ficaram no meio do caminho.... Smiths, Echo & the Bunnymen, Oasis, Smashing Pumpkins, The Verve, Blur, Stones Roses. “São tantos”...

Vou apenas lamentar o fim do R.E.M, tirar meus cds da caixa, agradecer tudo que eles me deram e curtir The Great Beyond como se o mundo fosse acabar. Os saúdo pela grandeza de terminar antes do fim e não ficar por aí vegetando ridiculamente como o U2, O Rolling Stones, The Who ou Aerosmith.

No fim, o R.E.M terminou com a simplicidade que guiou sua música durante tanto tempo, divulgando uma nota em site oficial. “To anyone who ever felt touched by our music, our deepest thanks for listening( Para quem já se sentiu tocado por nossa música, nosso mais profundo agradecimento pela atenção)."

Não há de que, mas nós é que agradecemos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Não, obrigado

Desde o ano passado que leio sobre a britânia antiga, suas guerras, deuses, costumes e tudo o mais. Li duas vezes as crônicas de Arthur, lendário guerreiro que livraria toda a ilha galesa dos invasores de além mar. Concomitante à guerra de Arthur com os saxões, ocorria outro embate: o do cristianismo com o paganismo.

Os cristãos, levados a ilha britânica pelo império romano, praticamente erradicaram a velha religião. Derrubaram o alicerce pagão quando varreram quase todos os druidas e encaixaram o paganismo no simplório jogo cristão: nós somos o bem e eles o mal, disseram os padres. Simples assim.

Encarava isso como uma peleja antiga, já que todos sabemos qual lado saiu vencedor. Mas não, não acabou. Ainda hoje acontece o mesmo dos tempos do senhor da távola redonda.

Em um culto batista, presenciei o Pastor perguntar a um homem, q se dizia possuído, se ele havia ido a um tambor? Ao receber a resposta positiva, o sacerdote disse que ele tinha feito um pacto com o diabo. Porque todos sabem, todos sabem, o anjo caído vem para “enganar, matar e destruir”. A guerra continua!, pensei eu. O cristianismo e suas diversas faces arrefeceram os ânimos, mas mantêm a guarda a postos.

Confesso que gostei do culto, mas essas questões e outras ainda me mantêm longe dessa e de qualquer religião.

Em tempo, no mesmo templo, fui testemunha, de uma reação firme à lei que criminalizaria a homofobia. O gay, pelo que entendo, fica num vácuo religioso entre o vil e o diabo. Ou você faz algo sugestionado pelo santã ou não presta mesmo. Uma coisa bem didática.

Nunca gostei de religião alguma. E hoje, já adulto, simplesmente não posso fazer parte de uma instituição que nega gays, outras religiões e que acaba por negar o ser o humano por ele mesmo. Não dá, passo.

Tenho consciência que a religião é de suma importância para a vida de qualquer um e negar isso é uma tolice. Não nego religião nenhuma e vejo claramente o papel que ela desempenha em nossa sociedade e na vida de tantas pessoas. Vi isso no culto, quando pessoas choravam cantando um louvor ou quando o Pastor perguntou se elas estavam livres para Jesus. Não vejo o mínimo problema nisso como a maioria dos ditos laicos se afobam em apontar. Para aquelas pessoas, os crentes, o batismo é importante e faz parte da sua vida assim como o amor ao seu irmão e mãe, uma coisa que poucos abrem mão.

Não posso diminuir algo assim.

Merlin lutou bravamente pelos seus deuses, que hoje estão esquecidos, sem poder e mortos como o próprio mago. Jesus derrubou os deuses helênicos do império Romano e desde então a santíssima trindade vem mandando no mundo espiritual, mesmo que hoje o Islamismo seja maior.

Continuo agnóstico, acreditando em Deus , mas sem religião. E assim perdurarei até o dia que o ser religioso não seja obrigado a negar um gay ou umbandista. Até lá, no thanks.

Meu lado religioso é o humano e nada mais.

Amém.