sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Mais um



Em meio a loucura de uma presídio tomado por 500 detentos amotinados, essa foto foi tirado pelo fotógrafo Clóvis MIranda. A imagem ganhou o Prêmio Esso de Fotografia, o título dado pelo autor é MARTÍRIO NO PRESÍDIO. A foto foi publicado no jornal A CRÍTICA (Manaus).

Clóvis mostrou olhares únicos da rebelião no Instituto Penal Antônio Trindade, em Manaus, no Amazonas. "A fotografia mostra um dos detentos no momento em que era removido, depois de ter sido torturado e mutilado. Além de chocante, a foto lembra a imagem de Jesus Cristo sendo retirado da cruz". Diz a o texto da premiação.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Minhas obras primas. Parte 1

Com esse post faço mais uma lista, quem gosta de música faz lista, não das minhas músicas preferidas, já que das próprias bandas listarei, no decorrer dos meses, existe um grande número de outras canções que gosto mais do que as que ali estão, mas sim das melhores obras-primas.

Na verdade existem muitas outras músicas que considero obras-primas - aquele tipo de canção que impressiona, meche com o tempo e marca época(pelo menos pra mim) - mas em meu curto conhecimento e lembrança essas são as maiores.

Tais obras serão expostas sem ordem de importância ou preferência. Vem como vem apenas por conta da minha inspiração, que nem sempre aparece.

Bittersweet Shymphony – The Verve

Seguindo a trilha da própria banda, conhecida pelo seu consumo absurdo de drogas, a história dessa musica é uma loucura. Para quem não sabe, aquela magnífica sinfonia que está presente em toda a canção foi tirada de um sample de The Last Time do Rolling Stones, que inclusive processou o Verve por causa disso. Quando se abre o encarte do cd The Urban Hymns(SIC), os créditos da música são de Jagger/Richards. Uma injustiça, na minha opinião. Mas o fato é que desconheço pessoa que fique indiferente a esta obra-prima inglesa, que diga que é feia.

Quando a sinfonia começa devagarzinho, baixinho, e vem crescendo...... dá para se imaginar andando em alguma grande cidade, todo agasalhado olhando para as pessoas e sentido a vida de cada uma delas. Dá para se imaginar vagando por ai, pensando, e no meio da historia se perdendo e achando, chorando e sorrindo. Dá pra assistir a vida passar por cada metro de calçada trilhado, por cada olhar perdido em meio ao sem fim do mar. A cada sorriso e gentileza sincera que um estranho nos cede. Em seu primeiro verso Richard Ashcrof dá o tom “Pois esta é uma doce canção da amargura,esta é a vida”. Alguem duvida?

Bittersweet Shymphony não me parece uma música de encontro ou de amor, mas sim de vida. Eu realmente amo essa canção :)

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Palavras ditas sem saber

Idiosygkrasía

Algumas vezes,
a fala engasga,
o tempo passa,passa,passa,
mas não falha.
.
.
.
Se Espalha.


Texto de autoria de minha querida amiga Joseane Araújo.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Reminiscências de Fortaleza parte 2

(...)

Em Fortaleza não pude ver o mar, mas pude sentir aquele vento maravilhoso. Não sei, mas no meio da noite acordei e acho que escutei aquele mesmo som do mar. Pensando friamente é impossível disso ter ocorrido. A casa de minha tia fica bem longe da praia e são incontáveis as avenidas e bairros que dividem a pequena morada daquela visão de sem fim. O fato é que escutei.

Pela manhã acordei sem o mesmo entusiasmo de infância, mas ainda sim disposto. Afastei o banco, ajeitei os retrovisores, passei a primeira e peguei o rumo do Piauí.

Em Fortaleza deixei bons amigos, o mar, velhinhas simpáticas e ainda grande parte da vida de minha tia....

As ruas passavam e minha prima chorava dizendo que cada esquina daquela lembrava a irmã de sua mãe. Não chorei, mas a sensação vazia era incontida.

Acabou, era isso.

Não há como não admirar aquela pequena. Tão miúda, mas tão forte e decidida. Carregou durante longíssimos seis meses e meio o fardo de tomar de conta de uma enferma gravíssima e ainda de toda a vida dela. Deixou a mãe, a filha e ainda a possibilidade de bons salários para tentar puxar a tia da beira do precipício. Infelizmente não foi dado esse poder a ela, mas a doce Mônica a cativou como pôde. Tentou de todas a formas erigir uma ponte entre aquela consciência moribunda (ou não) e seu corpo já tão debilitado.

Imagino poucas pessoas como elas e não sou uma delas. Não sei, talvez até sim. Mas será que com aquele sorriso? Acho que mesmo do jeito que sou, metade do mundo desabaria sobre mim e a outra metade estava em sério risco.

Não há como saber. Não quero saber.

Em meio as coisas que não eram nossas, encontrou-se cartas, idéias, contas, projetos de vida em letras como essas que agora escrevo. Eu não sabia que minha tia escrevia. “Toa estranho conhecermos ela melhor somente depois de morta”, disse minha companheira de estrada. Estranho mesmo.

Em meio aos excessos sanguíneos dos Santiago fica muita coisa boa. Clareia a importância do amor, dos parentes, da comunhão. Ficam ainda outras coisas que não sei como dizer. Afinal, é difícil falar do que você faz parte.

Mas das coisas que sei, posso dizer que minha admiração por aquela pequena será eterna.

Mais um livro terminado e uma história findada. Só espero que não esquecida.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Pérolas do cotidiano brasileiro.

Todas as frases abaixo talvez sejam verídicas.

“Todo cavalo morto é um bicho sem vida”.
Ariano Suassuna, escritor.

“Só sei que nada sei”.
Regina Sousa, secretária de administração do estado.

“O país mais populoso do mundo não é China e sim o Iraque. Lá todo dia morrem mais de 100 e a população não se acaba”.
José Neto, operador de áudio da Rádio Antares.

“Diabo de justiça cara é essa?”
Senador Mão Santa respondendo sobre sua possível compra de sentença por 10 milhões de reais.

“Em redor do buraco tudo é beira”.
Ariano Suassuna, escritor

“Quem for pôde que se quebre”.
Pedro Santiago, jornalista.

“De longe todo mundo é normal, o diabo é quando a gente chega perto”.
Robstein, palhaço e operador da TIM.

“Mãe tenho um negócio pra lhe contar. Eu sou”.
São Paulino saindo do armário depois da conquista do hexa campeonato brasileiro.

“A crise ainda precisa atravessar o atlântico para chegar ao Brasil”
Luís Inácio Lula da Silva, presidente brasileiro redesenhando a geografia mundial.

“Meu filho, meu cu é caro e o babado é certo”
Traveco respondendo a pechincha de um cliente interessado em um programa.

“Eu odeio o DNIT. Eu quero que ele se f....”
Seboso Vieria, Caminhoneiro, desabafando enquanto o mecânico consertava a roda do veículo quebrada em buraco na BR 316.

“Bateu? Aonde? Quem? Morreu?......ah sei, só caiu mesmo né....”
Hérlon Moraes, jornalista.

“Pedro, filhodaputavagabundoescrotocretino. Te amo cara”
Gustavo Melo em momento de ternura.

“Bourdieu não é nada comparado a Baquitim e nem esse é alguém como foucault que é um pouco inferior ao Wittgenstein que bebeu de Marx, Platão e Kant. Na verdade na verdade, eu gosto mesmo é da Claudete”.
Santiago Junior, Doutorando em História.

“Cara..........................(silêncio)....................sei não. Mas acho que a liberdade é bem assim para ser vivida sem rédeas. Sabe? Ei minino num meche nas minhas coisa não!”
Catarina Santiago, jornalista e escritora.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Cai a noite, cai a chuva. Chega o Natal

As luzes passam devagar pelo vidro embaçado. Uma, duas, três, quatro, várias pessoas andam pela avenida. Umas acompanhadas, outras sozinhas e algumas desamparadas. O rapaz de blusa preta e jeans azul toma seu sorvete despreocupadamente; a moça de cabelo preto e pintinha na bochecha olha para a porta como que esperando alguém, mas ninguém chega.

A garçonete sorri amarelo para o gracejo insolente que recebe. São tantas as vezes que nem agradece o obrigado ganho. Assim leva, assim vive.

Dessa cidade plana, cheia de quadras, esquinas, bares, cerveja, hipocrisia e cordialidade; se vê a construção das moradias trepadas em edificações verticais. Falar dessas pessoas por que? Elas só têm dinheiro, algum problema?

A surpresa é matéria escassa nesse lugar e nem precisa de crise para essa mercadoria sumir.

“Olá, tudo bom”, pergunta a moça vestida com uma linda saia.
Sem jeito e receoso o sujeito responde – Bem......bem sim. E vc?.

“Eu estou bem também. Não está linda a Frei Serafim? Adoro essa época do ano com seus enfeites e esperanças de coisas boas”.

Olhando para a avenida e ainda pouco convencido daquele diálogo responde. “Os enfeites são bonitos e avenida está linda....... mas não vejo essa época com esperança. Vejo isso como determinismo. ‘Olhe, vc tem que ser positivo um novo ano vem aí’. Não consigo acreditar nisso. Esse tempo é tão bom quanto qualquer outro para ter esperanças, para tentar melhorar e viver bem. Tento impor que minha época de ser feliz é hoje e amanhã também”. Disse o até então lacônico sujeito.

A despeito da intensa argumentação a moça maneia a cabeça, olha para ele e sorri. “Concordo com vc. Mas acho que não custa nada a ninguém ter um pouco mais de fé agora. Penso que deveríamos era aproveitar esse espírito e fazer com que algo mude, com que alguma coisa tenha significado. Acho que é bobice perder chances como essa. Não é porque todo mundo acha bonito o mar, que eu vou deixar de achar também”.

Enquanto escutava a moça que estava sentada no banco, o rapaz dava voltas em frente ao assento. Andando de um lado pra outro com as mães nos bolsos em um misto de contemplação e atenção.

Ao fim da resposta ele nada disse, apenas sentou a lado dela com os cotovelos apoiados nos joelhos. Passaram-se alguns minutos até outra palavra fosse dada entre os atores.

“Talvez vc esteja certa. Acho que é uma forma de não perder a esperança, de fazer sua parte”. Soltou olhando para ela e para o corredor de árvores.

A moça nada disse. Não demonstrou alegria nem desapontamento, parecia que estava unicamente pensando. “Ainda não vi se a decoração chegou ao fim da avenida. Vamos andar até lá e dar uma olhada?”, perguntou. “Vamos sim”, respondeu nosso sujeito.

Então na quarta-feira de chuvas eles andaram pela calçada até o fim da avenida sem grandes temas a conversar, sem pretensões a implementar. Apenas conversaram.

Feliz Natal a todos

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O tombo do gigante

“Do porteiro ao presidente, os vascaínos tiveram um domingo para esquecer. A queda à Série B do Brasileiro levou os cruzmaltinos ao fundo do poço, abastecido por lágrimas que começaram a correr nos rostos dos torcedores durante a derrota por 2 a 0 para o Vitória. O resultado selou o capítulo mais triste da história do clube. Muito choro, protestos e a promessa de não abandonar o time marcaram o rebaixamento”.

Em 110 anos de existência, uma história coberta glórias, títulos e ainda a 4ª maior torcida do Brasil, o Clube de Regatas Vasco da Gama conheceu o inverso da vitória. Ficou íntimo da derrota plena, já que virou freguês do Flamengo e time da segunda divisão. O segundo colocado na lista de pontos do Campeonato Brasileiro, 4 vezes campeão nacional e de uma séria de outros títulos que nem esse post inteiro seria capaz de numerar, jogará com o Gama, ABC de Natal, CRB de Alagoas, Brangatino e outros times que juntos não tem um terço da força, títulos e torcida que Vasco tem.

“A tarde e a noite em São Januário foram completamente distintas. O estádio foi palco de uma bonita festa e demonstração de apoio até boa parte do duelo com os baianos. No entanto, logo o cenário se transformou. A consumação da queda levou torcedores a brigarem e sofrerem juntos.

“Nas arquibancadas, grandalhões, senhores, mulheres e crianças choravam. E choravam muito. Buscavam explicações e pareciam não acreditar no que presenciavam. No gramado de São Januário, logo após o apito, jornalistas fãs do Vasco sofriam da mesma maneira. Colegas de profissão se abraçavam e até reforçavam laços de amizade. Todos prometiam não recuar o ombro amigo.”

Interessante que com o tombo de meu time é que realmente percebo o quanto ele significa para mim. Comprarei até uma camisa, caríssima, para ajudá-lo e também porque é realmente a mais bela das camisas de clubes do Brasil. Lembrei de todas as discussões futebolísticas que ganhei frente a sempre maioria flamenguista (Modéstia a parte, minha capacidade argumentativa sempre foi maior do que a irremediável maioria de meus amigos). Lembrei de quando fiquei de recuperação pela primeira vez na minha vida e minha mãe, irritada e desapontada, me ofereceu como prêmio pela passagem de ano uma camisa oficial de meu time.

“Incrédulos, muitos vascaínos não quiseram deixar o estádio. Ficaram ali, sentados, até o anoitecer. Tentavam consolar uns aos outros, mas sem ir embora de São Januário. Alguns fizeram questão de demonstrar apoio. Apesar do sentimento de tristeza, uma torcedora exibia faixa que pode exemplificar o que ocorrerá com os vascaínos em 2009.

‘Na alegria e na dor, o sentimento não pára’, mostrava o pedaço de papel erguido pela vascaína. Mais de duas horas depois do final da partida, um porteiro do clube se derramava em lágrimas. Tomando uma cerveja e comendo um sanduíche, explicou. "O que machuca é saber que meus três filhos estão desesperados, chorando muito. O que é isso, cara, não acredito", desabafou Leonardo Souza.”

A descenso não poderia vir em hora pior, justamente quando o time havia se livrado do vampiro inescrupuloso que enriqueceu as custas do maior patrocínio que o Brasil já viu, quando o Bank of Boston foi investidor do Vasco. Eurico Miranda se aproveita da desgraça alheia como o urubu vive da morte do outro. Felizmente parece que a torcida está criando a consciência do que ele verdadeiramente é.

“O presidente Roberto Dinamite também se viu no meio de discussões. E das mais acaloradas. Desde o fim do primeiro tempo, o mandatário ouviu algumas críticas de torcedores próximos da tribuna. Em seguida, viu boa parte do estádio isentá-lo de culpa. Muitos cantaram contra o ex-presidente Eurico Miranda: "Ohhh, a culpa é do Eurico". Houve até bate-bocas mais quentes entre fãs dos dois dirigentes. Por pouco não terminaram em agressão física.”

A mim e todo os outros vascaínos, cabe agora não abandonar o time, afinal não devemos ser amigos arroz de festa. Aquele que na primeira adversidade abandona a Caravela. Como disse o repórter Alexandre Sinato, a torcida “nada (pode fazer) contra a presença da equipe na Série B de 2009, mas pode desempenhar papel importante para reconduzir o time do coração à elite”. Finaliza o jornalista: “Palco de conquistas. São Januário aguarda um motivo para comemorar”.

Ano estranho esse de 2008.

Nosso 2009 será longo, mas feliz ao fim. Tenho quase certeza.

Saio da facilidade de nada esperar e coloco minhas esperanças em Roberto Dinamite, meu novo presidente. Aguardando ansiosamente a volta do gigante ao topo da colina.

Um vascaíno de coração

Pedro Santiago.

Obs.: Matéria do Uol, publicada originalmente em: http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas/2008/12/08/ult59u180458.jhtm

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Um dia de saudoso

Relutante em ser relutante, me levanto em uma mistura de alegria e vontade de ter meu sonho devolvido. Em uma água de rachar o crânio tomava um banho avechado. Minha mala já estava pronta e logo começava a ajudar com as malas. Depois de poucos minutos, já estava plenamente acordado e empolgado com minha viagem. Catarina e Junior, como sempre, davam mais trabalho para acordar, levantar e comer algo. Meus pais, como sempre também, estavam já prontos para o que desse e viesse.

O Parque Shalon era um bairro afastado do centro e próximo a praia do Caolho em São Luís. Tinha a mercearia da avó do Dário, o Mercantil Santa Teresa, o Comercial do Fausto (que viria logo a fechar) assim como a locadora do Lenine, o Frango do Cajueiro e outras coisas como o açude perto da casa do Gordão e o campinho na frente da casa do Bruno Bode.

A proximidade com a praia era clara. Do andar inacabado em minha ksa era possível ver o mar. Do apartamento do Diogo e do George, que era frente a minha residência, dava para ver até os bares e areia branca, tão gostosa como só lá tem.

Acho que tinha uns 8 anos, quando me dei conta pela primeira vez do evento. Depois de colocar a ultima mala, pensei ter escutado um som. Uma coisa meio parecida com o vento e com o barulho de água derramada. Fui a porta e fiquei procurando o que era, olhei para um lado e para outro e nada. Papai saia a porta quando me perguntou o que estava fazendo. “Que zuada é essa papai?”, perguntei. Ele sorriu e disse: “Esse é o som do mar”. Pegou no meu ombro e também ficou olhando para o céu.

Mais de uma década depois, em meio ao calor enlouquecedor de Teresina e do alto de seu despeito, meu pai diz que a única coisa que sente falta em São Luis é do som do mar ecoando pela madrugada. Parece até que a cidade tem culpa nos nossos erros.

O mar sempre faz falta

Anjo torto

Poema do aviso final

É preciso que haja alguma coisa
alimentando meu povo:
uma vontade
uma certeza
uma qualquer esperança
É preciso que alguma coisa atraia
a vida ou a morte:
ou tudo será posto de lado
e na procura da vida
a morte virá na frente
e abrirá caminho.
É preciso que haja algum respeito
ao menos um esboço
ou a dignidade humana se firmará a machadadas.

Torquato Neto

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Um a frente, dois para trás

Havia esquecido, mas foi meu professor de direito constitucional, Flávio Martins, quem nos falou sobre os referendos que foram realizados durante a eleição americana. Dentre eles foi perguntado a todos os estados americanos se são contra ou a favor do casamento gay. De forma retumbante, todos disseram não. Uma unanimidade.

Em meio a aula sobre Poder Legislativo, fiquei assustado com essa realidade. Os analistas foram unânimes ao dizer que a eleição de Obama foi um avanço. Infelizmente, insiste em não calar o questionamento se esse é o mesmo país que disse não a união civil entre gays.

Foi com essa informação em mente que tive a felicidade de encontrar no blog de André Damher, o mesmo da atualização abaixo, um enorme comentário de uma jornalista sobre a questão.

Vai abaixo as partes mais expressivas do post. O texto é longo, mas vale a pena.

O âncora Keith Olbermann, da MSNBC, fez um comentário emocionante (e emocionado) sobre a aprovação da Proposta 8, que baniu o casamento entre homossexuais na Califórnia. A tradução é do Diário de Bordo. E a dica, de Arnaldo Branco:


“Alguns esclarecimentos, como prefácio: não é uma questão de gritaria ou política ou mesmo sobre a Proposta 8. Eu não tenho nenhum interesse pessoal envolvido, não sou gay e tive que me esforçar para me lembrar de um membro de minha imensa família que é homossexual. (...) E, apesar disso, essa votação para mim é horrível. Horrível. (…) Porque esta é uma questão que gira em torno do coração humano – e se isto soa cafona, que seja.

Se você votou a favor da Proposta 8 ou apóia aqueles que votaram ou o sentimento que eles expressaram, tenho algumas perguntas a fazer, porque, honestamente, não entendo. Por que isso importa para você? O que tem a ver com você? Numa época de volubilidade e de relações que duram apenas uma noite, estas pessoas queriam a mesma oportunidade de estabilidade e felicidade que é uma opção sua. Elas não querem tirar a sua oportunidade. Não querem tirar nada de você. Elas querem o que você quer: uma chance de serem um pouco menos sozinhas neste mundo.

Só que agora você está dizendo para elas: “Não!”. “Vocês não podem viver isto desta forma. Talvez possam ter algo similar – se se comportarem. Se não causarem muitos problemas.” Você se dispõe até mesmo a dar a elas os mesmos direitos legais – mesmo que, ao mesmo tempo, esteja tirando delas o direito legal que já tinham (o do casamento civil). Um mundo em volta deste conceito, ainda ancorado no amor e no matrimônio, e você está dizendo para elas: “Não, vocês não podem se casar!”. E se alguém aprovasse uma Lei dizendo que você não pode se casar?

Eu continuo a ouvir a expressão “redefinindo o casamento”. Se este país não tivesse redefinido o casamento, negros não poderiam se casar com brancos. Dezesseis Estados tinham leis que proibiam o casamento inter-racial em 1967. 1967! Os pais do novo Presidente dos Estados Unidos não poderiam ter se casado em quase um terço dos Estados do país que seu filho viria a governar. Ainda pior: se este país não houvesse “redefinido” o casamento, alguns negros não poderiam ter se casado com outros negros. (...) Casamentos não eram legalmente reconhecidos se os noivos fossem escravos. Como escravos eram uma propriedade, não podiam ser marido e mulher ou mãe e filho. Seus votos matrimoniais eram diferenciados: nada de “Até que a morte os separe”, mas sim “Até que a morte ou a distância os separe”.


O casamento entre negros não era legalmente reconhecido assim como os casamentos entre gays (...) hoje não são legalmente reconhecidos.

(...)

E em que isso interessa a você? Ninguém está te pedindo para abraçar a expressão de amor destas pessoas. Mas será que você, como ser humano, não teria que abraçar aquele amor? O mundo já é hostil demais. Ele se coloca contra o amor, contra a esperança e contra aquelas poucas e preciosas emoções que nos fazem seguir adiante. Seu casamento só tem 50% de chance de durar, não importando como você se sente ou o tanto que você batalhará por ele. E, ainda assim, aqui estão estas pessoas tomadas pela alegria diante da possibilidade destes 50%. (...) Com tanto ódio no mundo, com tantas disputas sem sentido e pessoas atiradas umas contra as outras por motivos banais, isto é o que sua religião te manda fazer? Com sua experiência de vida neste mundo cheio de tristeza, isto é o que sua consciência te manda fazer? Com seu conhecimento de que a vida, com vigor interminável, parece desequilibrar o campo de batalha em que todos vivemos em prol da infelicidade e do ódio... é isto que seu coração te manda fazer?


Você quer santificar o casamento? Quer honrar seu Deus e o Amor universal que você acredita que Ele representa? Então dissemine a felicidade – este minúsculo e simbólico grão de felicidade. Divida-o com todos que o buscam. Cite qualquer frase dita por seu líder religioso ou por seu evangelho de escolha que te comande a ficar contra isso. E então me diga como você pode aceitar esta frase e também outra que diz apenas: “Trate os outros como gostaria de ser tratado”.


O seu país – e talvez seu Criador – pede que você assuma uma posição neste momento. Um pedido para que se posicione não numa questão política, religiosa ou mesmo de hetero ou homossexualidade, mas sim numa questão de Amor. (...) Você não tem que ajudar ou aplaudir ou lutar por ela. Apenas não a destrua. Não a apague. Porque mesmo que, num primeiro momento, isto pareça interessar apenas a duas pessoas que você não conhece, não entende e talvez não queira nem conhecer, é, na realidade, uma demonstração de seu amor por seus semelhantes. Porque este é o único mundo que temos. E as demais pessoas também contam."

Publicado originalmente em www.malvados.blogger.com.br

Poderia tecer alguns comentários, mas julgo desnecessário.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Malvados



Cinismo, inteligência, niilismo, besteira e humor negro, é essa formula que o carioca André Dahmer usa para compor suas tirinhas. Sem intenção alguma de sucesso, Dahmer começou despretensiosamente a publicar em seu site (www.malvados.com.br) suas odiosas tirinhas dos Malvados.

Usando de um sarcasmo inteligente e por vezes até pueril, o recatado Dahmaer, pelo menos é assim que parece em suas entrevistas, diz que iniciou sem muito conhecimento ou referencias nos quadrinhos. “Li muito pouco quadrinho e conhecia poucos autores até 2002, 2003. Eu era ilustrador de profissão, mas desenvolvi grande atração pelo formato clássico de três quadrinhos, a chamada tirinha. Afinal, a tira é o hai-kai da poesia: é concisa, curta, difícil de fazer”, disse ele em uma entrevista ao portal G1.

Em Malvados, o quadrinhista utiliza situações, normalmente macabras ou de vies mórbido, para fazer rir ou divertir o público. Malvados foi somente o início, já que ele criou vários personagens posteriormente.



Devo dizer que não chega a uma Angeli ou Laerte, mas adorei muitas de suas tiras.

Estava procurando outra coisa quando achei o site dos Malvados. Essa descoberta me fez conhecer uma coisa inusitada que vem ganhando força na Internet, os WebComics. Quadrinhos feitos para serem divulgados na net. A bem da verdade já sabia desse filão desde quando Marcos Ayron, irmão de Cyro e autor de Syd Punk(http://supernilce.blogspot.com/) , passou dois dias em minha casa. Por ele fiquei conhecendo outros sites que se propoem a publicar não só tirinhas mas histórias em quadrinhos no tradicional formato americano.




Tenho uma paixão especial pelas tirinhas de jornal. Adoro Mafalda, Calvin e Haroldo, Niquel Náusea, Piratas do Tietê, Snoop, Malvados(Novato na lista) e tantos outros que fazem tanto com tão pouco(perdoe o clichê). Dá até vontade de fazer as tirinhas do Cabeça de Cuia; Sargento Calor; e ainda Teresina, o inferno é aqui. Infelizmente não nasci com essa dádiva. Ficarei apenas na leitura.





Para conhecer o trabalho de Andre Dahmer, acesse www.malvados.com.br

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

All That You Can't Leave Behind

Texto meio nada a ver, meio perdido. Mas o fato é que ele foi escrito.....então.....


Mais um ano, mais um aniversário, mais presentes, mais algumas expectativas, sonhos, capítulos findados e outros começados, assuntos esclarecidos tantos iniciados.....

No momento em que o relógio deixar de marcar 23:59 e passa para 0:00h, credita-se um ano a mais na sua idade. Uma a menos de vida pela frente. Nossa trajetória é rápida e seguir em frente é a tônica constante, mas minha pergunta é: o que não podemos deixar para trás? Parece-me que selecionar é a parte difícil dessa contagem regressiva.

Penso que viver é chave, já que são precisos muitos anos para se tornar uma pessoa e não apenas nove meses. O tempo passa e muita coisa fica para trás e hoje me orgulho de não mais ser um cara saudoso.

Como seria se assim ainda fosse? Como viver o amanhã querendo que fosse o ontem? Não imagino e nem quero.

Desejo as praias que ainda não vi, as pessoas que não conheci, assim como as dores e prazer que virão. Quero isso sem abrir mão do mar que avistei quando criança, sem esquecer da turma do desmantelo, do meu amigo cearense e muito menos de minha namorada. Isso eu não posso deixar para trás. Afinal eu sou eles.

Da forma como se desenham as coisas parece que essas ruas de calçamento, esse clima infernal e meus parentes vão deixar de me ver em breve. Pelo menos assim espero, afinal quero comemorar minha posse.

Super estranho esse mundo em que deixamos as pessoas que amamos, nossa família e amigos, tudo isso, atrás de dinheiro. Deixamos nossa casa por isso......acho estranho. Mas infelizmente quem deseja ser adulto tem que fazer isso, pois só é digno desse conceito quem paga suas contas. Assim disse meu irmão e concordo com ele. As vezes tudo se resume a dinheiro e essa é uma triste, mas factual, constatação.

Vinte e cinco anos........ e o que eu fiz? Já plantei uma árvore, comecei a escrever dois livros e não tenho nenhum filho. De qualquer forma, acho que estou no caminho.

Rubem Alves disse: “A celebração de mais um ano de vida é a celebração de um desfazer, um tempo que deixou de ser, não mais existe. Fósforo que foi riscado. Nunca mais acenderá. Daí a profunda sabedoria do ritual de soprar as velas em festa de aniversário.Se uma vela acesa é símbolo de vida, uma vez apagada ela se torna símbolo de morte”.

Segundo ele meus 24 anos morreram.
Mas ainda bem que depois dele ainda tem o 25.....

Viva meu 1º quarto der século. Morte ontem, alvorecer hoje.


OBS.: Obrigado pela lembrança de todos que me desejaram feliz aniversário. Sou muito grato.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Nietzsche

As Minhas Rosas

Sim! a minha ventura quer dar felicidade;
Não é isso que deseja toda a ventura?

Poema

Na Casa Defronte

Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!

Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.
São felizes, porque não sou eu.

As crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem entre vasos de flores,
Sem dúvida, eternamente.

As vozes, que sobem do interior do doméstico,
Cantam sempre, sem dúvida.
Sim, devem cantar.

Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.
Assim tem que ser onde tudo se ajusta —
O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.

Que grande felicidade não ser eu!

Mas os outros não sentirão assim também?
Quais outros? Não há outros.
O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na varanda de grades,
Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem.

Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.

Nada! Não sei...
Um nada que dói...



Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Breve diário caótico

Em um entardecer de sol amarelo e muita fumaça ele foi enterrado. Três meses de tratamento contra uma doença terrível não foram suficientes para garantir-lhe a vida. Era um cara que havia perdido, mesmo antes da doença, um pouco da graça de viver. No entanto ainda era meu amigo. Uma figura machucada pela vida. Pela família que tanto chora e tanta dor sente pela sua perda. Pelas imbricações da vida que não lhe deu tantas oportunidades quanto ele acreditava merecer.

Nos dias anteriores a sua morte, me lembrei muito de nossas histórias. Em particular de nossa 8ª série quando eu ele, Neto, Thiago, Marcílio, Nilton e outros andávamos juntos todo o tempo. Mikael sempre foi o mais desinibido com as mulheres. Há dez anos, ele tinha a coragem, o Neto uma bela letra e eu sabia escrever....

“Pedro, faz aí uma carta pra Janielly”, pedia ele. “Dizendo o que”, questionava eu.
“Sei não, diz ai alguma coisa bonita. Fala que eu tô afim dela”.
“Ahhhhh meu irmão, espere ai que num é assim não. Deixa eu pensar em alguma coisa”. E nisso o Neto, como um escrivão de polícia ia esperando para transcrever o depoimento da vítima. Essa tríade fez muitos trabalhos dessa ordem. Depois de entregue o bilhete, eu e Neto íamos em direção ao Cara Seca: “E ai, o que ela disse?”, perguntávamos. “Coisa nenhuma”, dizia ele. E então ficávamos um pouco frustrados com aquela falta de resultado depois de tanto trabalho em equipe.

Graças a Deus as mulheres, quando novas, são fáceis de agradar. Fatalmente, dias depois, saberíamos que minhas palavras nas formas das letrinhas do cearense e mais a coragem do Mikael seriam premiados pelo amolecimento da donzela. Prêmio estranho, já que só ultimo desfrutava dele......rssssss

......

Todo o sentimento de perplexidade é ainda pouco quando nos deparamos com tragédias tão fortemente ligadas ao nosso cotidiano, à nossa vida. Quando conhecemos os atores e o cenário perece ainda muito mais vivo e dramaticamente mais acinzentado. Ainda mais em horas escuras. Naturalmente, tragédia alguma pode ser dimensionada de forma sistemática, como que usando fatores de intensidade. Toda tragédia é uma tragédia e suas conseqüências são igualmente trágicas, únicas e personalíssimas. Mas o fato é que a intensidade da dor se torna mais forte quando o terreno é conhecido. E isto faz toda diferença.

....

Muito se passou desde que nos conhecemos. Muita coisa importante, outras nem tanto. Fatos alegres e tristes também. Não tenho intenção de escrever tudo o que lembro, o que não é pouco. O fato é que não estou conseguindo manter o foco. A vontade é de escrever vários fatos em formas de notinhas. Quem nem aquelas das colunas de jornal. Tipo:

Lombra
Em uma noite, acompanhado de vários amigos, depois de cheirar um substancia entorpecente, proibida por lei. Um certo alguém estava sentado em uma mesa quando de repente se levantou e se dirigiu ao meio da rua. “Vumbora partir o time, bora, bora, bora”.......rssss

F-1000
Passávamos pelas estreitas ruas do mocambinho quando veio outro carro e se jogou em direção ao Floquinho. Obviamente fui forçado a desviar. No momento da manobra, vem a pérola: “Se fosse na F-1000 réa eu tinha passado por cima dele”.......

Campainha
Eu ia a frente de todos quando voltávamos de uma padaria próxima ao clube da Classes, atrás vinham os outros e Mikael cachingando, já que tinha cortado a palma dos cinco dedos do pé com um facão. De supetão parei em frente a uma casa e olhei para trás. Todos viram quando toquei a campainha 5 vezes seguidas e sai correndo. Meus amigos perderam alguns segundos para entender o que se passava. Somente após esse tempo foi que perceberam que tinham que correr também. “Porra esse Pedro é muleque”, disse meu pobre amigo dos dedos cortados.

Inter-classe
Ainda sobre os dedos cortados, certa vez fui assistir a um jogo do time do Neto, Mikael, Tiago, Jader e um cara que era um gênio no futsal. Como já dito, o Cara Seca havia cortado todos os dedos com um facão não fazia uma semana. Antes de iniciar o jogo pude presenciar a cena. Mikael colocou em seus dedos meia pomada de Xilocaina, um anestésico muito usada por dentistas e tatuadores, enrolou o pé com ataduras e ainda calcou dois meiões. Foi o dia que vi seu melhor futebol.


Moça zangada
Há alguns anos ele conheceu e começou a namorar Taieny, essa jovem grande guerreira. Era um casal que vivia brigando e se separando, mas que mesmo assim continuava junto. Pessoa zangada que terá para sempre minha admiração. Enfrentou o calvário de seu namorado com personalidade e força. Acreditando em sua cura até o ultimo minuto, até saber que o coração dele parara de bater.

Seria mais ou menos assim que escreveria...
..........

Qual o tamanho da tristeza para um ser humano quando seus entes queridos são tirados de perto de si? Não tenho palavras e nem talento para falar de uma dor que não pode ser dita. Em poucos dias, todos os sonhos, projetos e até sua história é findada. E assim chegamos à pergunta: qual o sentido da vida? Fica ao vento uma das questões mais inquietantes da nossa existência. Acho que nunca vamos ter uma resposta definitiva, mas dentro de cada um de nós existe uma resposta pessoal que subsidia nossos desejos.

.........

Sua descida foi triste, como não poderia deixar de ser. A areia batendo em cima de seu caixão. Aquela terra enterrando meu amigo. Naquele exato instante, como em um filme, sua figura me veio à cabeça. Desde o tempo em que nos conhecemos na 8ª série até a última vez que o vi andando pelos corredores do São Marcos a caminho do exame que selaria seu destino. A despeito de minhas lembranças, seu caixão continuou sendo soterrado. Minutos longos, que pareciam sem fim, tal qual uma situação constrangedora. “E agente não pôde fazer nada”, pensei com o desespero a rondar minha cabeça..
...........


Não encontro palavras que possam consolar o amigo, a mãe, irmã, namorada, a família, enfim os que sentem. Não há mágica existente que possa fazer isso. Nestas horas tão absurdas questionamos a existência de um Deus. Infelizmente não é esse o ponto. Creio sim, que ansiosamente procuramos acreditar e procurar pelo fim da dor que impregna nossos corações.


Antes do último
E no penúltimo dia do mês de outubro Mikael Robson Gomes Castelo Branco parou de viver deixando nossa vida mais vazia e saudosa.

Fim da Coluna

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Tarde vazia em um noite de um verão qualquer

Já era madrugada e Teresina estava com um clima muito agradável quando passávamos pela Avenida Cajuína. Doze cervejas e duas doses de Mangueira depois, eu e Gustavo falávamos sobre a vida, nossos amores e desabores, sonhos e amizade. Um jovem casal de bicicleta, entretidos e apaixonados, viu passar um Honda Civic prata em alta velocidade. Escutaram um som distorcido, por causa da rapidez, de uma música da década de 80. Gustavo falava da música, dizia que quando o celular acusava uma mensagem, ele torcia para que o conteúdo mudasse sua vida. Falou das infindas tardes quentes e chatas na qual ficava no percurso computador – televisão – violão – computador.

Eu tentava me conter e escutar, mas o interrompia a todo momento meu amigo. Querendo dizer como eu concordava com ele. Falei das mesmas tardes chatas, quando perdia um bom tempo procurando um livro para ler e ao começar a história, descobria que não era aquilo que eu queria.

Ai eu deitava na cama olhando para o teto, pensando no mundo, com o ventilador no rosto. Lembrava do Neto e de como ele faz falta, lembrava de quase todos os meus amigos e das presepadas que fazíamos. Depois de um tempo a campainha tocava e era aquela mesma sensação de expectativa da qual o pertuba havia falado. Levanto e me dirijo a porta. Abro a porta bem devagarzinho, esperando que aquela fresta mudasse alguma coisa de muito importante.

Claro que eu queria que mudasse para melhor. É verdade que poderia ser um ladrão, mas não contava muito com essa possibilidade não.

E assim prosseguíamos naquela madrugada a cantar, a pleno pulmões, Tarde Vazia do Ira. As luzes ficavam para trás rapidamente, a música acabava e um dos nós dois repetia a canção. Fizemos isso inúmeras vezes durante o passeio pela cidade. “Só mais uma”, dizíamos.

E nisso, em nossos devaneios alcoólicos falávamos de nossa amizade e de que um dia ele iria embora porque seria delegado da polícia federal. Na época eu ainda não ansiava ser um PF e também não me lembro o que queria ser. Talvez alguém razoável que ganhasse bem, enfim.....
Mas ele dizia que seria um delegado e que iria andar naquelas Blazers pretas.....rssssss

Bem interessante esses momentos, ainda mais em companhia de uma cara como ele, que é o louco que mais gosto. Uma figura incrível, um pouco inconstante é verdade, mas.o adoro do mesmo jeito. Lembrei dessa história ao escutar uma música do cd novo do Skank, Noites de um verão qualquer, depois de um domingo quente e antipático, que só não foi perdido por causa do cd do Travis e esse novo do Skank, Estandarte. Indicação do Wilton, que havia dito que tinha uma música muito lindinha no disco.

E nisso fiquei pensando nessa noite, como sendo a de um verão qualquer. Pensando na febre desse abraço quente dessa cidade, mas Que Sob sua pele encontrei abrigo. E que ainda Sigo infinitos metros pra perto desse abraço. Tentando respirar e desatar o nó que aperta esse laço. Mas devo dizer que é difícil.


Noites de um verão qualquer(SKANK)

Noites de um verão qualquer
Eu me sufoco nesse ar
O corpo venta em preto
O chão devora o espaço ocular

Noites de um verão qualquer
Deixa que ela entenda o traço
Que invente a fuga por nós dois
Que sou seus pés, eu sou também seus braços

Noites de um verão qualquer
Dentro da febre desse abraço
Satélite voltou do céu
Eu sou o resto, sou também o aço

Noites de um verão qualquer
Sob sua pele encontrei abrigo
Pra gente se devorar
Na órbita do seu umbigo

Seguem infinitos metros
Pra perto desse abraço
Eu tento respirar
Desatar o nó que aperta esse laço

domingo, 26 de outubro de 2008

Ode To J Smith



Eu disse. As vezes até demora, mas sempre aparece.
Quem chegou foi o Travis, que nos entregou um belíssimo cd.
Forte, simples, cativante e muito bonito.

Estavam devendo um trabalho dessa qualidade. Que o Coldplay, daqui a alguns anos, faça a mesma coisa.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Viva as surpresas

Com a decepção que foi o último cd do Coldplay, fiquei órfão de um grande cd que nunca chegou. Tenho escutado muitas bandas interessantes como Interpol, Editors, R.E.M, Oasis, Vanguart, FireFriend e outras. Todas com ótimas canções. O últimos CDs do REM e Oasis, por exemplo, são muito bons, mas nada que marque época.

Assim sigo sem aquele som que hipnotiza, sem a obra prima que me faça não querer de parar de escutar jamais. Para ser sincero, a ultima vez que vi um trabalho com essa força foi com o Rush of Blood to the Head do Coldplay. Tudo esta no lugar certo naquele cd.

Essa falta que sinto não me tira o apetite por novas bandas, mas é como aquela história de que é tão difícil se apaixonar uma segunda vez. Dá uma saudade de sentir aquele frio na barriga, aquela expectativa. Como a música é a mesma coisa: a gente fica pensando como será a próxima faixa, que verso será o mais bonito e como ele fez aquele solo de guitarra.

Mas fico tranqüilo, quando a gente menos espera, aparece um novo amor, um novo cd. Sempre é assim. Graças a Deus

Nesse sentido, tive uma feliz surpresa com o último cd da banda inglesa Keane. Eles estão em seu terceiro trabalho e já vinham talhando boas melodias nos álbuns passados, mas ainda um pouco vacilantes e inconstantes. Perfect Symmetry é uma pequena jóia pop. Diferente do Coldplay,sem deméritos, eles fizeram um som mais alegre. Aquelas músicas que te dão uma coisa boa quando a gente escuta.

Quando lançou seu primeiro cd ,Hope and fears, o Keane chamou atenção pela patente influência do Coldplay, seu belo piano e também pela ausência de guitarras em seu som. Concordo com as palavras de Na Markl do site Blitz: “O marketing terá sido involuntário – mas as primeiras notas do single dos Keane percorriam imediatamente caminhos da nossa percepção auditiva já desbravados, explorados e pavimentados pelos Coldplay (já para não falar da herança óbvia dos Radiohead)”, disse a crítica.


Ironia ou não, a banda lança seu melhor álbum justamente quando adiciona a seis cordas elétricas as melodias. Em You Haven't Told Me Anything, eles até começam com um riff que vai conduzindo a música o tempo inteiro. Spiralling é basntante anos 80, com seus teclados, gritinhos e..... guitarra. Até violão tem nas novas musicas.

Em Under the Iron Sea, segundo cd, é perceptível uma pequena evolução da banda, apesar do som ter poucas diferenças. Entretanto, eu sentia o Keane como algo falso. Uma banda fabricado pelas gravadoras que usava de artifícios já testados para angariar sucesso.... não sei bem..... mas o fato é que neste cd elas calcaram duas belíssimas músicas.

Aliás o piano, uma marca do Keane, está meio distante neste trabalho, apesar de farta a presença de teclados. Again Again é um exemplo disto, quando inicia com seu riff em teclas e a guitarra dando volume ao som. Nesta faixa, dá pra gente perceber um pouco do Duran Duran na banda.

Em resumo, é um ótimo cd, uma delicia pop. Não uma obra-prima, mas uma grata surpresa, já que este que vos escreve nunca achou que a banda tivesse talento suficiente para ir mais longe do que já havia chegado. Que bom que essa é uma das graças da vida.

domingo, 5 de outubro de 2008

Conde D'Tijubina 1º post

Milhares de pessoas desta cidade infernal e esquecida por Deus estão escolhendo hoje quem serão os próximos ladrões que vão fazer fortuna, tirar proveito pessoal e achincalhar a prefeitura municipal e Câmara de vereadores.

Não parece haver solução. Quando olhamos para as opções só existe um mar de pessoas interessadas no poder transitório do executivo e legislativo. Escuto pessoas dizendo que o poder fede, que é escuso e sujo. Discordo. Essa visão é desviar do foco, do problema de fato. O “poder” não têm consciência nem vontade, é um conceito amparado em deveres ditos nas leis. “O administrador público só pode fazer tudo o que a lei permite”, diz o direito administrativo.

Se querem esculhambar alguém, que façam direito. Nossos líderes é que são essa coisa personalíssima do pequeno imperador que acha que tudo pode fazer a seu bel prazer. Eles é que são sujos, escusos e fedidos. Entretanto é preciso dizer que estes que lá estão vem do povo. São nossos amigos, primos, pais e conhecidos. Quem não conhece um fulano que teve um emprego arranjando por um político? Quem não sabe relatar o caso do médico do interior que ganha 6 mil reais para consultar apenas dois por semana, quando na verdade deveria ser a semana toda?

Existe essa história do estabelecido, que parece perpétuo. Ou pelo menos as pessoas tendem a querer fazer isso e fazem. Se portam assim porque não tem a força para fazer diferente quando chegam na posição de decisão. Ficam com medo da alcunha de chato, antipático, Caxias. Ficam com medo de agirem certo.

Naquele arremedo de revista chamado Veja, existe uma jornalista que recentemente lançou um livro com os textos de seu Blog. Como praticamente tudo na Veja, ele é direitista, tucano, se acha mais inteligente do que todo mundo e odeia o PT. Entretanto ele disse algo interesse: “No alto da minha loucura, tento seguir a lei”.

O brasileiro só segue a lei quando lhe é conveniente. Nada mais. Se fazemos isso no dia-a-dia, seja na pequena contra mão ou na tradicional furada de fila, como pedir que o governante faça diferente se ele, antes de prefeito ou vereador, é como eu ou vc. Na verdade só como vc mesmo, já que eu não existo.

Que Deus salve a rainha e a Inglaterra , já que parece tão difícil isso acontecer com o Brasil.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Macado Simão Urgente

Mais uma do esculhambador geral da república

A crise tá tão braba que os americanos já tão fugindo pra Cuba! Americanos fogem pra Cuba! E a maior frustração do Bush é não poder invadir a Bolsa. Ataque preventivo! "Condoleezza, prepare-se, vamos invadir a Bolsa."

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Perto das 23hs

Por volta das 22:25 desta quarta-feira um Vectra preto, de placa não identificada, atropelou uma moça no cruzamento da rua Guaporé com Coelho de Resende. O motorista, que estava em alta velocidade, não prestou socorro e por pouco não provocou outro acidente na avenida Centenário.

A mulher, que parecia não ter 30 anos, estava vestida de calça jeans e blusa amarela, em parte tingida de vermelho por conta de seu sangue. Após o sinistro, muitas pessoas chegaram ao local para ver o acontecia. Logo foi constatado que a vítima era moradora dos apartamentos que ficam ao lado da casa do coronel, em frente a invasão.

Conversava com Jussara e Catarina quando escutei um carro passando em alta velocidade pela avenida. Quando parecia se distanciar, o ronco do motor voltou a crescer. O motorista havia feito o contorno em frente ao espeto Zapp em direção à avenida Centenário. Segundo informações, por conta de sua velocidade e imprudência, o carro por pouco não se chocou em outro automóvel que passava pelo cruzamento. O vectra desviou e assim evitou um choque, mas ao custo do atropelamento da moça que há poucos minutos foi socorrida pelo SAMU, que aliás pouco demorou.

Com o choque a mulher foi jogada para cima e, de acordo com algumas pessoas, chegando a altura dos postes. Caiu de bruços. Parte da calça, no lado direito da cintura, havia rasgado em virtude do encontro com asfalto. Havia sangue em sua blusa, mas não muito.

Saí a porta e olhei para o lado direito, mas as pessoas que já estavam na rua olharam para o sentido oposto. Ao lado da merceria do seu Dico uma mulher levava as mãos a cabeça e aos céus, em gestos de total desespero. Pessoas correram, chegou um carro, duas motos, mais um carro e a multidão estava feita.

Até então não sabia o que ocorrera. Jussara estava entrando no carro para ir embora quando disse que iria com ela até o local do acidente e assim o fizemos. Alguns metros depois vimos as cenas acima descritas. Pedi que parasse, afinal estávamos próximos de casa e a pessoa poderia ser conhecida minha.

Não era. De alguma forma nunca achei que fosse, mas as circunstâncias apontavam para essa probabilidade. Vi sangue, coisa que não gosto e bem não me faz. Conversei com alguns conhecidos, fiz algumas perguntas, olhei e saí.

A moça felizmente estava viva. Gemia e chorava de dor com o rosto colado ao asfalto. Algumas pessoas tentavam acalmá-la.

Um pouco nervoso, disse a Jussara que fosse embora. Fiquei subitamente muito preocupado, com medo de que algo acontecesse a ela. Me tomou um sentimento meio dúbio: ao mesmo tempo que queria que dali partisse, não senti segurança de sua segurança, pois estava indo para longe de mim. OBS.: De alguma forma penso que na minha presença nada vai acontecer e assim acredito.

Me passou o sentimento de perda e por muito pouco não deixo-a ir embora. Lhe dou um abraço, um beijo e recomendações de cuidado. Na vontade de prolongar o momento fico protelando sua partida falando coisas sem muito fundamento. Já no carro, novos conselhos de cuidado. Ela parte. Vejo as luzes se afastando por duas quadras, penso que não deveria tê-la deixado ir, dou as costas e me dirijo a minha casa.

No caminho, agradeço por aquela pessoa não ser uma das minhas e avalio a ética de tal pensamento. Tal agradecimento não é quase a mesma coisa de agradecer por ser aquela moça a acidentada? Talvez, mas acho que não. Afinal meu pensamento não muda em nada o fato.

Chego em ksa, atendo o telefone, respondo que já cheguei e devolvo a pergunta. Mais preocupação. Lembro de meu pai andando por essas ruas, de minha mãe nas vielas do centro......

Minutos depois ligo e questiono se já em Ksa, ela responde que não, mas que está com o pai. Ainda que preocupado e inquieto, sossegado fico.

Escuto trechos de conversas pela janela. Pessoas passam na rua comentando o fato e praguejando o motorista.

Tomo banho, me sento ao computador na esperança de que a moça esteja bem e que o motorista seja identificado e punido. Fico pensado. Lembro de meus amigos, familiares, namorada e faço uma prece silenciosa para que nada de mal aconteça a eles. Nessa esperança vivo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Nadas fora

Vontade de falar nada
A não ser de relatar tudo
Tudo quanto parece mais puro e direto

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Prioridades

()
há em muito além algo mais urgente que as manchetes,
mais urgente que o medo e a dúvida
a vida não dá tempo, saiba, para quem olha o horizonte sem correr para engoli-lo
é preciso correr para muito além do próprio caminho


Para não perder o costume, one more whit João Henrique.

domingo, 7 de setembro de 2008

Macaco Simão

Essa eu peguei na Folha de São Paulo.

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E vou lançar uma camiseta exclusiva para políticos: "ROUBEI, MAS NÃO FUI EU!". E pra moralizar o pleito: "Não corrompa mais ninguém. Reeleja alguém".
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É o cinismo contando a realidade certa de nossa terra.

Velhos amigos

Trilha sonora: You Give Love a bad Name. Bon Jovi.

Idos de 1998, 8ª série, Colégio Antares. Em semanas em que a graça era ir para escola e encontrar com a melhor turma de todos os tempos que essa cidade já viu. Eu, Neto, Mikael, Nilton, Marcos, Marcílio, Paulo Alex, Jairo, Rogério e havia ainda Thiago, Danúbio, Jonatas e uma galera boa na oitava B, a nossa era a A. Como não poderia deixar de ser.

[Trilha: Patience. Guns]

Dia de terça e quinta era da educação física. Alegria geral, na hora do recreio já combinávamos o jogo das 16hs. Chegávamos uma hora antes do nosso horário só para jogar conversa fora. Neto com suas eternas piadas bestas, Mikael falando de Barro Duro, Thiago de cachaça, Rogério imitando algum viado, Nilton contando alguma presepada do Mocambinho e eu escutando, frescando e enchendo o saco de todo mundo.

[Trilha: Nine Lives. Aerosmith ]

Nosso time era muito bom, mas infelizmente nunca chegamos muito longe no inter-classe. Em 98 ganhamos dois jogos e perdermos o seguinte para o segundo ano. Fazer o que, estávamos desfalcados.......

[Trilha: Garota Nacional. Skank]

A turma era recheada de belas mulheres Tb. Lembro de Aracales, Janielly, Kelly, Patrícia, Gabrielly, Cássia e outras que não lembro mais. Com exceção de uns dois, éramos pouco habilidosos em assuntos do sexo oposto. Eu deveria ser o pior. Não, acho que o Rogério seria esse.....

[Trilha: Refrão de Bolero. Engenheiros do Hawaai]

Nosso amigo de Barro Duro era dançador e isso por si só já fazia seu filme. Neto, como sempre arranjou logo uma namorada. Nilton era louco por uma menina de outra sala. Thiago era o come quieto, nessa época ele ainda era discreto. Eu......... Eu era apaixonado por uma menina que não me quis. Coisas da vida.

[Trilha: Bittersweet Symphony do The Verve e uma música do Savage Garden que não lembro o nome]

Foi há 10 anos que comecei meus verdadeiros laços de amizade. Fazíamos tudo juntos e prezávamos pela companhia um do outro. Para se ter uma idéia, algumas vezes Rogério vinha do Dirceu para minha casa uma hora e meia antes da educação física. Até então, morava em frente a Coca Cola. De lá saímos caminhando para a casa do Neto. Bebíamos água e tomávamos o rumo do centro. Íamos caminhando apenas para conversarmos.

[Trilha: O Neto escutava Claudinho e Bochecha, Márcio curtia Carrie do Europe e eu ia de Be Here Now do Oasis]

Longos anos se passaram. Envelhecemos, namoramos, alguns foram embora, outros largaram os estudos e a maioria de nós nos formamos. Conseguimos essa coisa do diploma, conquista que norteia toda nossa vida até o vestibular. Continuamos aqui.

Não por bons motivos, mas alguns desses personagens se encontram no dia 6 de setembro de 2008. Estávamos a ajudar um amigo. Velhas histórias, novidades, brincadeiras, causos, mentiras e apenas conversa jogada fora. Algumas são mães, outras casadas e outros são noivos. Assim seguimos.

[Trilha: alguma música de Forró cantada de forma tosca por uma banda que não sei o nome.]

Tivemos faltas é verdade, mas valeu a pena. Parece q sempre vale

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

E se fosse?

Ruas molhadas a noite depois de um dia infernal. O centro é bem mais interessante após a partida do sol. Parece mais bonito, complexo e cheio de segredos despido da daquela mutidão que abarrota suas ruas durante o dia.

Quando passávamos na praça da Bandeira um mulher de seus trinta e poucos anos entrou. Loira e um pouco gorda, me pareceu uma comerciária. "Fica melhor assim, não acha?", perguntou ela a mim. Precisando de 3 segundos para me recuperar da pergunta, já que não sou afeito a contatos em ônibus, filas e afins, retrucquei com um o que?

"A praça sem aquele monte de gente falando, gritando e sujando", exclamou ela. Eu, estupefato pela sintonia com meus pensamentos, mas ainda reticente assinalei que sim.

"Esse lugar parece até mais humano sem as pessoas!" Depois dessa perdi meu enfado, olhei para ela e disse que estava pensando extamente no que ela estava dizendo. Lhe contei sobre as ruas molhadas, sobre aquele manto de asfalto quente e os mistérios que via nas esquinas.

Minha colega comerciária escutava com atenção minhas palavras e vez por outra acenava em tom positivo. "Trabalho em uma loja daqui[num disse] e todo dia vejo pessoas diferente, mas que sempre me parecem iguais. Engraçado, ou trágico, que todos falem igual e sejam até grosseiros e lisonjeiros da mesma forma", disse com calma e simplicidade essa moça.

Nada disse. Nada tinha a dizer. Ela ficou calada alguns momentos, me olhou e sorriu. Fiquei com vergonha do fato e disse. "É no mínimo curiosa essa nossa conversa. Quase surreal". Com aparência de enfado, ela respondeu que sim.

Fiquei sem jeito e me fechei. Seu celular tocou, olhou a bina e colocou no silencioso. Se levantou e puxou a corda para que o motorista soubesse que tencionava sair do coletivo. "Vo indo tchau", disse minha ex-amiga.

Fiquei sozinho a pensar na conversa que poderia ter existido entre mim e aquela mulher, mas na verdade essa situação nunca existiu.

De factual nisso tudo existe somente a mulher no ônibus, sua aparência e cantarolado de alguma música do Calypso.

Nunca tive conversa parecida com estranho algum nessa vida. Mas fiquei pensando como reagiria se ela falesse comigo daquele jeito, como se estivesse a ler minha mente e ainda brincando com minha razão.

Mas nada disso aconteceu. Nada. De atípico somente a chuva nesse inferno que apelidaram de cidade.

5 de setembro de 2007.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Agora!

Acabou.

O tempo de perder tempo passou
Nem precisava a música do Cazuza para dizer que o tempo não para
Mas é engraçado como as coisas mais óbvias nem sempre são vistas com facilidade

Não dá. Aqui, agora, em público..... me despeço de muita coisa
De muitos sentimentos, responsabilidades assim como trago para mim tantas outras que devem nortear minha trilha nos anos próximos. Só espero ter essa força.

Ontem enquanto andava topei. Não caí, mas doeu

Que minhas palavras sejam realidade amanhã e não só triste lembrança no futuro. Pelo menos assim espero.


"A felicidade só é completa quando compartilhada"
Christopher McCandleless

sábado, 16 de agosto de 2008

Dia de lua cheia

Vontade de ver o mar, de ser marinheiro, de andar pelo mundo
De tirar essa coisa portuguesa da saudade do horizonte que não viu
Vontade de pilotar o helicóperto da policia federal, mesmo sabendo q isso me leva pro longe

De dar um abraço no amigo mais querido e dizer o quanto ele é importante
Andar pelas avenidas de minha cidade, a noite, e conversar com os carros
dizer de como é estranho ter o espírito ao mesmo tempo aventureiro e tão preso as ruas que todo dia vejo

Febre tem a vantagem de fazer vc não sentir calor, isso é ótimo em Teresina
Mas ela faz mal. Assim como muitas pessoas e situações, até as mais próximas.

Mas o bom é ver a beleza de sentimento dos que fazem o oposto
Dos que se agradam profundamente de sua companhia e vc das deles
Bom ir ao curso todo dia com seus amigos e saber q todos estão procurando um futuro melhor e que nós torcemos uns pelos outros...

Vontade de trazer o Neto de volta, mas do jeito q ele era e não como está a se tornar
De colocar um sorriso na boca do Mikael, algo que ele vinha perdendo há longos anos
De lhe devolver a saúde e poder jogar com ele, tomar cachaça e falar dos velhos tempos

Algumas coisas serão assim, outras não e tudo será diferente. Isso é certeza
É duro conviver com a inabilidade de algumas pessoas tão próximas
De vê-las, do alto de sua prepotência, fazerem o que julgam melhor, mas ao invés disso constroem um buraco de vazio e tristeza

A melodia corre, dança e encanta o desavisado. Dó, Sol com SI e Ré com sétima.....
Como disse Renato, não se precisa mais do que três acordes. Eu discordo é verdade, mas.....

Um pouco mais sempre é bom

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

É ela sim

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essa cidade ai de cima é a minha

Será?

Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim

O céu de ícaro tem mais poesia que o de galileu
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz
Querendo ver o mais distante e sem saber voar
Desprezando as asas que você me deu

Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Um gatinho




No quarto da dispensa ele nasceu

No escuro dos olhos vendados, mas vendo a insensatez da mãe

Passara-se um mês e ele brincava com seu irmão Edu

Poucas coisas são tão encantadoras quanto gatinhos brincando

Apesar de toda a sua histeria, era um bebê adorado. Pelo menos por mim

Já corria a cozinha, a copa e ensaiava já o quintal

Uma queda e o silêncio

Sua partida foi cruel e trágica .......

Tristeza veio e ficou. “Vai embora”

Não foi. Ficou ela e saudade.




Uma homenagem a Chico Preto

sábado, 2 de agosto de 2008

Nostálgia

Saudade do mar, do cheiro, do gosto do sal e da sensação de realização, essa coisa rara.

MAR


De todas as coisas que venero

o mar é que mais acho belo.

A mar azul, verde......até o cinza

O mar triste para mim não existe

Existe o mar, que quando olho de longe

Parece infinito.


Rascunhado em 1998 em uma carteira do Colégio Antares ao lado do meu amigo Mikael. Que há de ficar assim por ainda tantos anos quanto se possa contar.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Revolução social

Toda pessoa mal educada deveria ser presa. Elas seriam julgadas no juizado especial para os idiotas. Seriam, já de ante mão, praticamente culpadas e sem direito a recurso de contestação. Assim como minha amiga portuguesa, sugiro a revisão completa de todo o sistema penal de forma que as pessoas idiotas, imbecis, pré-conceituosas e mal educadas sejam banidas do convívio de todos.

Ai vc pergunta: "ahhhhh, mas se for assim vai acabar com o mundo". É verdade, mas tudo tem um ônus......rsssss

Sério. Muitas pessoas deveriam fazer um curso de relaçãoes sociais. Depois de graduado, ai sim, as pessoas poderiam ter contato com outras. Proponho até que a Julianna seja a ministrante desse curso. Seria um sucesso, a Julie ficaria rica e, claro, teria que dividir a grana comigo. Já que fui eu que tive essa idéia brilhante.

Enquanto isso não acontece, em Teresina o sol continua esquentando.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Mais uma do J.H.

Já está virando praxe. Mais um texto do João Henrique.

Roda de conversa

quando todos descobrirem
que o bom
é estar de boa
vai ser muito doido
parecer normal



kkkkkkk adorei essa

Tendo a Lua



O céu de ícaro tem mais poesia que o de galileu.

Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.......



É de Herbert Vianna.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Amarante


Sem muita conversa. Amo meus amigos, são companhias incríveis de se conviver. Ótima viagem e tudo graças as doidices do Gustavo, a impresivibilidade do Antônio Neto, ao senso e o celular do Wilton (peixão rrrsss), a juventude do Levi e a minha sorte de estar com esses caras. Isso sem falar ainda no George e seus tios e primos.

Amarante trouxe boas surpresas, deixou boas lembraças, amizades e saudades. Tudo isso embalado ao som de Victor e Leo.....rsssss homenagem para Julie.

Q venha a próxima. Grande abraço a todos.

A foto é de minha autoria viu

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Erramos!!!!

Na verdade a poesia abaixo é de autoria do Dorival Caymi e não de minha irmã como antes anunciado. Enfim, ela continua linda.


Retalhos


Lá no meu sertão plantei

Sementes de mar

Grãos de navegar

Partir

Só de imaginar, eu vi

Água de aguardar

Onda a me levar

E eu quase fui feliz...



Mas nos longes onde andei

Nada de achar

Mar que semeei, perdi

A flor do sertão caiu

Pedra de plantar

Rosa que não há

Não dá

Não dói, nem diz


E o mar ficou lá no sertão

E o meu sertão em nenhum lugar

Como o amor que eu nunca encontrei

Mas existe em mim...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Besteiras parte 1

"Kra, tu ja parou pra pensar sobre a nossa criação com relação as mulheres?". Lasquei depois do segundo copo.
"Não, pq?"
"Tava aqui pensando........ a gente foi criado para sermos infelizes. É bem verdade que as mulheres mais do q a gente, mas acho q nós homens tb..."

"Meu irmão, q porra de história é essa q tu ta falando??"
"Doido, olha só. A gente é criado pra putaria, pra ter num sei quantas mulheres, para não dar satisfações de nada, não demonstrar sentimentos e sempre da uma de fortão. As coitadas das mulheres não. Foram ensinadas a se casarem com 1º homem e ser fiel a ele. Foram criadas para dar satisfação e sempre demonstrar seus sentimentos... Vê só: Véi, elas sempre estão insatisfeitas pq as coitadas nunca conseguem o q elas pretendem e esperam dos homens".

"Sei, continua"

"Mas pq eu disse q situação delas é pior? Pq a gente tb foi criado para não ligarmos pra essas coisas que as mulheres reclamam e, acima de tudo, o nosso comportamento é aceito pela sociedade. Ou seja, meu fi, é como se essas nossas pertubações fossem inatas. Tá ligado. É quem nem aquele papo de filha pra mãe: 'minha filha, homem num presta'. Entendeu?"

"kra, tu ta filosófico pra porra né não?"

"Cala boca. Então, as mulheres procuram por algo q a maioria dos homens não estão dispostos a dar. Entendeu?"

"Mais ou menos.... mas perai e pq os homens tb são infelizes?????"

"PQ, apesar de tudo, a gente sente tb, mas não demonstramos, ou pelo menos tentamos. Em compensação, ficamos nos corroendo por dentro. É o caso do kra que perde o, digamos, amor de sua vida por pura birra machista. Tá ligado?"

"Garçom, traz a outra. Sei..... boto fé q tu ta falando ai um monte de besteiras ó. Eu num sei tu, mas eu vou ser feliz"

"Q bom pra vc!"

O telefone toca. O futuro homem feliz olha pra tela e não atende.
"Pq tu não atendeu?"

"Nã..... só vô chegar em ksa amanhã de manhã. Quando acordar ligo e digo q tava em um torneio contigo"

"Comigo?"

"É, contigo mesmo!"

"Ta bom, e onde era esse jogo?"

Diz q foi na ksa do Carlão"

"E quem tava no nosso time?"

"Ahhhhhhh, meu irmão, quer curtir é?"

"E se ela perguntar?"

"INventa qualquer coisa" - -- -"TA blz"

"Aê maluco - - -" FAla" - - - "Tô pensando em ksar com ela, oq tu acha?"

"Acho q vcs serão muito felizes"


Escrito antiiiiiiiiigo.............

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Dia do Rock

No último dia 13 foi comemorado o dia do Rock. Data escolhida se refere a realização do Live Aid, festival ocorrido na década de 80 para arrecadar finanças para os países pobres da África. POr conta dessa data ilustrativa, decidi dar a lista das minhas bandas favoritas.

1º Pink Floyd
Não há palavras para descrever o som dessa banda, que sempre procurou fazer diferente, mas sendo o melhor. Boas letras, ótimos músicos e psicodelia: essa é a fórmula. Não nego que David Gilmour seja meu guitarrista favorito assim como não nego sua importância na fama do Pink Floyd. Afinal, quem não se impressiona com o solo de Comfort Numb? Quem não se emociona com Whish you were? Eu sei que a letra é do Roger Waters, mas foi David que a deixou redonda. Enfim, como se percebe eu nada disse sobre o som, pq realmente não consigo defini-lo.

2ºLed Zeppelin
O que seria do rock sem o Zeppelin de chumbo? Não sei. Mas seria mais pobre, disso eu tenho certeza. Para quem não sabe, o Led é uma das bandas mais criticadas da história. Isso fica dissipado hj por causa da aura de lenda que envolve a banda, mas desde sempre ela dividiu a opinião dos críticos. Muitos adjetivos negativos eles ganharam, mas não acho que liguem. Afinal eles tem uma das discografias mais vendidas e apreciadas de todos os tempos. Starway to Heaven é a música mais tocada de todos os tempos, Jimmi Page é uma lenda da guitarra, assim como Bohan é na bateria e muitos superlativos poderiam ser ditos aqui, mas penso que a história do Led Zeppelin fala por si só.

3ºMettalica
Na verdade nem sei o que essa banda faz aqui na minha lista. Tenho um caso de amor e ódio com ela. Mais amor é verdade. Interessante que gosto das músicas da dita fase "pop", "vendida" deles. Encarada pela maioria como a pior podrução deles. Essas canções se dão a partir do álbum preto deles. Não sou muito chegado na primeira parte da história deles, quando eles se tornaram a basa definitiva do Metal.Reconheço seus méritos é verdade, mas não gosto. Enfim, Mettalica é uma ótima banda, com grandes canções e um pegada incrivel. Não é a toa que ainda hj esperamos por sua sucessora.

4ºU2
Se fosse pelo número de músicas que gosto, talvez o U2 estivesse em primeiro nessa lista, mas....................não sei. Não me senti a vontade de colocá-la no pódio. De qualquer forma, essa banda irlandesa é imprescindível na minha formação musical. Antipatia a primeira vista se tornou amor eterno. Eles me desamarraram assim como me trouxeram um pouco de maturidade. Até então envolvido com um tipo de música muito pipoca como Bon JOvi, Guns n' roses e Aerosmith; escutar, entender e gostar de U2 foi uma etapa importante para compreender que nem toda música precisa de um solo de guitarra, de um refrão pegajoso ou ser em toda forma pueril.
U2 foi minha faceta séria, ainda que não sisuda. A despeito do que venho escrevendo, essa banda não traz a seriedade e atitude como viés principal, mas sim a intenção de emocionar. Nisso eles conseguem com certeza.

5ºColdplay
Repito: como escrever sobre essa banda? Coldplay foi minha última verdadeira paixão musical. Acho que nenhum som havia me feito tão bem como o dela. Quem chegou perto foi o U2, mas o piano de Cris Martin fez mais. Daquele teclado veio Clocks, isso, por si só, já seria mérito na história, mas ainda nos proporcionou mais. Com uma bela voz, com uma guitarra trabalhando a maioria do tempo em segundo plano e o piano na frente levando o som junto com a bateria e os teclados, Coldplay conseguiu escrever seu nome entre os grandes.

6ºBon Jovi
A porta de entrada no mundo da guitarra alta e dos bons solos cheios de bends e distorções. Bon jovi foi meu maternal rock'n roll. Vocal gritado, um grande guitarrista e uma cozinha que segura a peteca fizeram do Bon Jovi o maior fenômeno de vendas do estilo dos últimos 25 anos. Quase 200 milhões de discos vendidos em todo o mundo. Direto ao ponto: é rock farofa mesmo, mas eles pondem encher o peito e dizer que são a maior banda de todos os tempos nesse sentido. Fico pensando...... se as letras do JOn fossem sérias, o BJ seria um dos grandes de verdade. Mas assim Deus não quis. Ficamos com o Jon romântico de boteco, mas bom serviço ele fez.

7ºRush
A banda canadense poderia estar em qualquer lugar dessa lista. São três caras, sempre foram eles, que fazem música da melhor qualidade há mais de 30 anos. Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart fazem parte literalmente de um conjunto na qual cada é uma parte do todo e nenhum se sobrepõe. Nas seis cordas, Lifeson é contido, preciso e pesado. Não é um guitar hero contumaz, mas é ótimo vê-lo tocar. Lee é um baixista competentíssimo que foge ao clichê.
Nesse time, quem chama muita atenção é Neil Peart, considerado por muitos o melhor baterista de rock de todos os tempos, mas mesmo assim ele não rouba a cena. Eles são tão competentes que fizeram o mundo se render a voz estranho e não muito agradável de Geddy.

Enfim, essa é minha lista. Isso não quer dizer que escuto somente isso, nada perto dessa direção. Entretanto essas são meus amores. Bandas do meu coração não estão presentes como Oasis, Aerosmith, Sublime, Marillion, Neil Young, Radiohead, Travis, R.E.M., Smiths, Van HAlen, Quen of the Stone Age e tantos outros que poderia citar. Na verdade, minha lista não é nem de minhas bandas preferidas, mas as que fizeram mais diferença na minha curta estrada.

Nestes dias combalidos para o estilo musical mais famoso do mundo, fica a esperança que amanhã escutemos o novo Colplay, o sucessor do Mettalica e algo que faça o estrago do Pink Floyd.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Assim assim

Há um desejo. Um vontade forte e sincera de fazer boa música. Uma vontade frustrada. Uma coisa que meche, que entristece. Que nem sempre está presente, mas que nunca desaparece.

Um ideal de se fazer algo que pareça a sua cara. Que soubesse desenhar ou escrever em cordas, notas e acordes o que penso e sinto.

Ainda não chegou esse tempo. Só espeor que não demore.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Cadê o jornalismo?

O primeiro jornalismo que percebi ser ruim foi o musical. Ainda adolescente era assíduo comprador de Show Bizz, finada revista musical, e já tomava ciência de que aqueles textos eram puro achismo sem base. "O novo cd da Radiohead é bom", dizia a revista. Bom pq? O q eles fizeram? Não havia resposta para essas endagações.

Poucos jornalistas conheçem a história da música e do Rock, estilo sobre qual escrevia essa revista. Penso que eles acham que tudo começou com Beatles e Rolling Stones. Ledo engano.

Percebi essa má qualidade em contexto nacional e infelizmente não é diferente aqui no Piauí. Não vejo um jornalista, um formador de opinião dizer que o som do Pi Pop estava ruim. Não precisa nem ser jornalista para dizer isso, basta ter ouvidos e vontade de falar. Não, o que é escrito é apenas oba oba. Piauí pop é o melhor do mundo.

Não digo que seja um festival ruim, não é. Bem organizado e planejado e que tem procurado fugir do óbvio nos últimos dois anos. Palmas para Marcus Peixoto, cara que teve peito para fazer um evento dessa magnitude no Piauí.

Entretanto tenho notas a dizer. Uma já falada: o som estava ruim e pouco nítido, isso o do palco Torquato Neto. Em se tratando de Assis Davis nem se fala. Não vejo ninguem dizer que o Paralamas é uma banda fundamental para a música brasileira, mas que dá dó ver o Herbert não ter mais fôlego para cantar seus grandes sucessos.

"Engenheiros foi perfeito". Não foi. Começou bem e desandou. Fez um show morno e sem vida. Capital fez o feijão com arroz a agradou. Aliás o capital merece um adendo pq eles sabem que festival não é lugar de se experimentar. É jogar para galera. Assim fizeram.

Assim como fez o Kid Abelha quando veio em 2006 e o Biquini Cavadão em todas a suas apresentações anteriores, já que essa é primeira vez que banda não vem para o festival. Outros grupos tb já usaram tática parecida, afinal não é segredo a fórmula.

Não prestei muita atenção mas me disseram que a Vanessa(Valderrama) da Mata fez uma show muito intimista em que adoçou até musicas incendiárias como Ai Ai Ai.

POrtal Az, Acesse Piauí, Cidade Verde, 180 Graus e outros veiculos fizeram jornalismo chapa branca. Não sei nem se posso acusar esses pobres disso. Afinal sua finalidade não é fazer uma resenha, mas sim escrever4 um lead. "Neste sábado, dia 5, aconteceu o segundo dia festival Piaui POp. Gabriel Pensador fez o primeira show da noite e agitou a galera com seus grandes sucesso..." é mais ou menos isso.

Acho que eles devem ter cumprido o papel deles. Eu que exijo demais

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Mais valia do sentimento


Mais uma contribuição do meu poeta boêmio preferido de Teresina, João Henrique.

.
pessoas extremamente belas
têm direito a cantadas baratas
- tá escrito no livro das observações -
.
se prazer é vendável eu não sei,
mas não é de graça por certo.


Grande João. De fato nada é de graça nessa vida

Caminhos perigosos



"Os estudantes que tenham cursado integralmente o ensino fundamental em escolas públicas terão direito a pelo menos metade das vagas a serem oferecidas por instituições federais de ensino superior e de educação profissional e tecnológica. A medida consta do Projeto de Lei 546/07, de autoria da senadora Ideli Salvatti (PT-SC), aprovado em decisão terminativa pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE)", matéria de um portal .......não mel lembro qual foi.

O Partido dos Trabalhadores continua sua política de jogar para a galera, maquiando a situação educacional brasileira e jogando em cima do ensino superior toda a responsabilidade de corrigir a péssima formação que a sociedade tem na escola pública.

"De acordo com o projeto, essas vagas deverão ser preenchidas, em cada curso e em cada turno, por estudantes que se declarem negros e índios, pelo menos em igual proporção à participação de negros e índios na população da unidade da federação onde for instalada a instituição de ensino".

Brancos não? Não são pobres também ou dona Ideli acha que todos os brancos são ricos? Pardos nem são citados! Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh me lembrei. Pardos são na verdade negros. Tinha esquecido isso. O IBGE não enxerga assim, mas o movimento negro e os PTeiros (como gosta de falar o Magalhães) tem mais credencias acadêmicas, políticas, intelectuais, culinárias, esportivas, escrotais e tudo o mais para dizer o que e como deve ser feito.

Me lembrei agora da entrevista da presidente da FUNDAC Sônia Terra dada ao sem graça do Rivanildo. O colunista perguntava sobre os 120 anos de abolição da escravidão, sobre conquistas, perdas, grandes nomes e outras coisas. Em certo momento Sônia diz que o negro começa a ter mais orgulho de sua cor e raça e para comprovar sua tese cita o caso dos chamados pardos, que, segundo ela, usam essa terminologia para esconder o fato de serem negros.(?)

Ora porra, ela parecer usar aquele critério Norte Americano que para ser negro basta uma gota de sangue. Coisa que não é usual no Brasil, dada a sua miscigenação. Então deixa ver se eu entendi: quer dizer que o filho de um branco com uma negra é negro. Continuando: o filho de uma negra com um branco é negro. Segundo a teoria de Sônia, o Brasil (o Mundo?) é que nem na musica do Masacration, "25% da sociedade é preta.
75% da sociedade também é preta. Tudo é preto. Nêgo é preto". Tem um trecho que diz ainda que "12% da sociedade inteira branca é preta". Só pode.

Isso pra mim é racismo e querer dividir o Brasil entre branco e preto é arrogância com fins fundamentalistas. Não digo aqui que pessoas que tem essa posição tenham intenção de dolo e descriminação, mas infelizmente é o que acabam fazendo.

Nosso país conta com um ensimo de qualidade péssima e ainda com desigualdades que deixam com depressão até o mais otimista, mas atitudes racistas e com fins de segregação como a desse projeto de lei são o caminho final para que o racismo de nossa população seja público e notório e não mais uma posição que qualquer brasileiro tenha vergonha de admitir. Sou contra qualquer tipo de racismo seja branco para preto e vice-versa.

Que Deus nos proteja.



Para não fujir a regra, esse texto foi escrito ao som de Marillion e Van Halen.