sábado, 10 de dezembro de 2011

Sobre música e alternativa

Hoje, a cena alternativa é o refúgio de quem gosta de música pop, rock e mpb. Há muito tempo que não existe absolutamente nada de interessante rolando no mainstream nacional, mas já no outro lado, nunca esteve tão fácil produzir música como também o acesso a mesma. Antes, neguinho dependia do amigo rico que comprava tudo que saia nas lojas ou ainda ficava à espera de uma cópia do tio do seu amigo que demorava um mês para chegar. Mas isso já faz tempo.

Hoje, qualquer um pode gravar um cd com qualidade e postar seu trabalho na internet. Ainda não consegui esclarecer como isso contribuiu para a fossa que é o mainstream, mas tenho certeza que tem uma grande contribuição. “Pedro, o estabilishment sempre foi uma merda!”. Sim concordo, mas acho que antes existiam ilhas que comportavam alguma coisa boa e não vejo mais isso. Friso que estou falando de cena nacional.


Eu e um monte de pessoas dependemos e mantemos o esquema alternativo. Gente como China, Wado, Cidadão Instigado, Vanguart, Pública, Gram, Autoramas etc têm uma carreira feita e são conhecidos em todo o Brasil graças a esse esquema que não tem uma cabeça, uma instituição coordenadora, só o desejo de ouvir boa música e se fazer escutar.

Me refiro aos consumidores que não aguentam mais escutar Capital Inicial, Ivete Sangalo, Maria Rita, NXZERO e correm para baixar CSS, Roberta Sá, Tulipa e Nevilton. Se não temos uma banda que marque época e defina uma geração com o fez a Legião Urbana e o Los Hermanos, temos uma pluralidade de vozes, sotaques e ritmos que nunca teriam espaço sem a dinâmica midiática atual.



Ninguém sabe qual o futuro da indústria fonográfica. Se os cds irão (devem) acabar, se as grandes corporações deixarão de existir(duvido muito) ou como o artista de 2020 vai ganhar dinheiro para sobreviver. Eu não sei, mas posso prever que a música alternativa terá cada vez mais força e, com um pouco de sorte, mais qualidade.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Goodbye R.E.M

Ainda adolescente, tive muitas fases, bandas e a sequência foi mais ou menos assim: Bon Jovi, Guns n’ Roses, Nirvana, Scorpions, Mettalica U2 e R.E.M. Era o início da internet e comecei a baixar muita coisa bacana assim como ia melhorando meu gosto musical.

No meio desse rol, o R.E.M tinha um lugar especial na minha cabeça, já que não era farofa como o Bon Jovi, nem exasperado como o Nirvana, muito menos pesado como o Mettallica ou messiânico like o U2. Era diferente, até porque eu nada conhecia sobre o indie americano à época. O R.E.M soava estranho em meio aos bastiões oitentistas e a verve pop 90. Envergava uma canção mais honesta, ríspida e direta. Eles eram o que pareciam ser e todos que acompanham bandas sabem como isso é esquisito.

O R.E.M junto com o IRA!, eram os meus patinhos feios. Bandas que poucos escutavam, mas que eu amava.

The end

Pensar no fim do R.E.M é cantar um dos trechos de Near Wild Heaven “Something has gone wrong”. Em um arroubo de dramatismo, me lembro ainda de Merlin em as Crônicas de Arthur, “Veja como os maus prosperam. Isso diz muito sobre o mundo que vivemos”.

Envelhecer deve ser difícil.

Imagino Stipe olhando para o lado e vendo o mainstream atual, recordando de 30 anos e de todas as bandas que ficaram no meio do caminho.... Smiths, Echo & the Bunnymen, Oasis, Smashing Pumpkins, The Verve, Blur, Stones Roses. “São tantos”...

Vou apenas lamentar o fim do R.E.M, tirar meus cds da caixa, agradecer tudo que eles me deram e curtir The Great Beyond como se o mundo fosse acabar. Os saúdo pela grandeza de terminar antes do fim e não ficar por aí vegetando ridiculamente como o U2, O Rolling Stones, The Who ou Aerosmith.

No fim, o R.E.M terminou com a simplicidade que guiou sua música durante tanto tempo, divulgando uma nota em site oficial. “To anyone who ever felt touched by our music, our deepest thanks for listening( Para quem já se sentiu tocado por nossa música, nosso mais profundo agradecimento pela atenção)."

Não há de que, mas nós é que agradecemos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Não, obrigado

Desde o ano passado que leio sobre a britânia antiga, suas guerras, deuses, costumes e tudo o mais. Li duas vezes as crônicas de Arthur, lendário guerreiro que livraria toda a ilha galesa dos invasores de além mar. Concomitante à guerra de Arthur com os saxões, ocorria outro embate: o do cristianismo com o paganismo.

Os cristãos, levados a ilha britânica pelo império romano, praticamente erradicaram a velha religião. Derrubaram o alicerce pagão quando varreram quase todos os druidas e encaixaram o paganismo no simplório jogo cristão: nós somos o bem e eles o mal, disseram os padres. Simples assim.

Encarava isso como uma peleja antiga, já que todos sabemos qual lado saiu vencedor. Mas não, não acabou. Ainda hoje acontece o mesmo dos tempos do senhor da távola redonda.

Em um culto batista, presenciei o Pastor perguntar a um homem, q se dizia possuído, se ele havia ido a um tambor? Ao receber a resposta positiva, o sacerdote disse que ele tinha feito um pacto com o diabo. Porque todos sabem, todos sabem, o anjo caído vem para “enganar, matar e destruir”. A guerra continua!, pensei eu. O cristianismo e suas diversas faces arrefeceram os ânimos, mas mantêm a guarda a postos.

Confesso que gostei do culto, mas essas questões e outras ainda me mantêm longe dessa e de qualquer religião.

Em tempo, no mesmo templo, fui testemunha, de uma reação firme à lei que criminalizaria a homofobia. O gay, pelo que entendo, fica num vácuo religioso entre o vil e o diabo. Ou você faz algo sugestionado pelo santã ou não presta mesmo. Uma coisa bem didática.

Nunca gostei de religião alguma. E hoje, já adulto, simplesmente não posso fazer parte de uma instituição que nega gays, outras religiões e que acaba por negar o ser o humano por ele mesmo. Não dá, passo.

Tenho consciência que a religião é de suma importância para a vida de qualquer um e negar isso é uma tolice. Não nego religião nenhuma e vejo claramente o papel que ela desempenha em nossa sociedade e na vida de tantas pessoas. Vi isso no culto, quando pessoas choravam cantando um louvor ou quando o Pastor perguntou se elas estavam livres para Jesus. Não vejo o mínimo problema nisso como a maioria dos ditos laicos se afobam em apontar. Para aquelas pessoas, os crentes, o batismo é importante e faz parte da sua vida assim como o amor ao seu irmão e mãe, uma coisa que poucos abrem mão.

Não posso diminuir algo assim.

Merlin lutou bravamente pelos seus deuses, que hoje estão esquecidos, sem poder e mortos como o próprio mago. Jesus derrubou os deuses helênicos do império Romano e desde então a santíssima trindade vem mandando no mundo espiritual, mesmo que hoje o Islamismo seja maior.

Continuo agnóstico, acreditando em Deus , mas sem religião. E assim perdurarei até o dia que o ser religioso não seja obrigado a negar um gay ou umbandista. Até lá, no thanks.

Meu lado religioso é o humano e nada mais.

Amém.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Meu Arhur

Hoje eu consigo ver um futuro brilhante para Arthur, um tempo em que ele será maior, mais forte e inteligente do que eu. Sim, porque eu tinha muito medo de que nunca alcançasse meu intelecto. Não porque eu seja um gênio ou algo que o valha. Nada disso, nada mais longe.

É apenas que hoje a imbecilidade é regra. As novas gerações crescem despreparadas para tudo, ou talvez apenas para passar em um vestibular. Não crescem lidando com a frustração, sem cair e ralar o joelho, sem chutar o chão e perder a cabeça do dedo. Passam o tempo em meio a alienação e materialismo onde sua maior preocupação é o assunto mais comentado dos TTs ou o que a galera anda curtindo no Facebook.

Daqui a alguns anos o Face já será morto, assim como hoje é o Orkut e caminha para ser o MSN. É tudo efêmero!

Eu tinha medo.

Mas o bom dessa história é que não tenho mais. Sou tranqüilo e sereno com os dias que virão para meu filho. O vejo sorrindo, discutindo por alguma coisa comigo e me mostrando algo da vida que nunca vi e ainda não sei o que é, mas que ele me dirá. Me dará uma lição que ninguém sabe, me mostrará um ângulo que nunca sonhei e um gosto que nunca provei. Delícia...

O vejo lindo como nenhum homem no mundo será nessa vida, não para meus olhos e coração.

Arhur sorri e me dá sede do amanhã, vontade de crescer e ser cada dia melhor. Meu filho merece um pai pelo qual possa se orgulhar e isso para ele eu darei.

Eu juro!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Eita Piauí.....

A Fundação dos Esportes do Piauí será assumida por Marco Aurélio Sampaio, de 19 anos, estudante de Direito que tem como única justificativa para ocupar o cargo, o fato de ser filho do deputado estadual Themistocles Filho.

O esporte piauiense é praticamente inexistente, apenas o “Futebol Profissional “ ainda cambaleia de forma terminal. O resto.... o que é o resto? O Judô é o único esporte que ainda temos atletas com bons resultados. E o handball, vôlei, atletismo, futsal, natação, ciclismo e tantos outros desportos?

No Piauí, notadamente em Teresina, se aplica uma cultura de não esporte. Conheci inúmeras escolas que não realizavam as aulas de educação física, apenas aprovando todos os alunos matriculados. Cadê os nossos jogos estaduais? Até o Maranhão está melhor do que a gente. Lá, todos os colégios se preparam para enfrentar os jogos escolares. Tive dois primos que jogavam vôlei e não pagaram colégio durante boa parte de sua vida. Detalhe, eles moravam em Imperatriz! Uma cidade do interior.

Aqui não há NADA! O maior e, praticamente, único ginásio de esportes de Teresina, passou anos fechado.

Não me surpreende que o esporte esteja nesse estado vegetativo. O governo não demonstra o mínimo interesse em mudar essa realidade. Sua última manobra foi colocar um garoto de 19 anos na gerência do esporte do Piauí. NÃO estou dizendo que Marco Aurélio é corrupto, ladrão, desonesto ou qualquer coisa que o valha. Digo apenas que é uma pessoa despreparada para o cargo, sem a mínima vivência do esporte, muito menos em políticas esportivas.

Desde que se reelegeu, o governador quis passar a imagem de duro e austero. Bobagem, lorota.

Ao indicar seu filho, o deputado Themistocles Filho reafirma a política atrasada de nosso estado, impregnada de vícios, clientelismo e nepotismo. O presidente da Alepi mostra que a vontade de quem está no poder é absoluta e dane-se o resto, não ligando para opinião pública, imprensa, ministério público ou quem quer que seja.
Esse é o Piauí em que vivemos.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

A vitória do Flamengo e minha reflexão.

Em um jogo que já entrou para a história do futebol mundial, o Flamengo venceu o Santos em plena Vila Belmiro, isso depois de estar perdendo por 3 a 0. Foi uma vitória épica contra um grande time.

Para mim, uma coisa ficou clara, não tenho quase mais nenhum saco para picuinhas de futebol e frasinhas bobas, de efeito ditas por comentaristas de ocasião. No dia seguinte ao jogo, entrei de cabeça nessa modalidade boba de chacota. Discuti com “N” flamenguista, li “N x 2” bobagens e falei um sem número também. Aproveitamento igual a zero.

Não dá, meus amigos me acostumaram mal, já que assistimos jogos juntos sempre com comentários inteligentes e boas sacadas sobre futebol. Andamos longe de concordarmos entre si, mas o nível é tão bom que sempre pegamos os argumentos uns dos outros. Foi isso que me fez ler tanto sobre futebol: a vontade de saber ainda mais, de entender e de, acima de tudo, enxergar o que poucos vêem.

É isso que fazem Juca Koufi, Palou Vinícuis Coelho, Maior César Perreira e principalmente Tostão.

Tostão é absolutamente o melhor comentarista de futebol do Brasil, quem sabe do mundo. Sua consciência é absurda e incrivelmente bem dita.

Pois é, são esses caras que miro. Não tenho mais paciência para uma hora de baboseira em meio a sala alheia. "Flamengo tem 6 títulos o Vasco quantos?" Não dá, não dá, não dá.

Não quero com isso dizer que esse tipo de prática seja inferior, não não. Apenas digo que eu não quero mais fazer parte disso. O auge do meu da minha performance nesse jogo foi quando eu fazia a oitava série. Ano em que o Vasco ganhou a Libertadores, ou seja, abusei justamente na melhor fase do meu time.

Não é que eu e meus amigos sejamos um bando de sisudos com canetas na mão assistindo e tomando nota do que acontece no jogo. Nada mais longe da verdade. Bebemos cerveja, xigamos, gritamos, mandamos o jogador, o juiz e o técnico a puta que pariu etc.

A diferença é que nossos comentários são construtivos, inteligentes e boleiros. Não é coisa de técnico não.

Durante o jogo na vila, senti muita falta do Wilton, Gustavo, Antônio Neto(todos flamenguistas), Robstein e Rigoberto. Queria ter oportunidade de assistir alguns jogos ao lado do Flávio Meirelles, que sempre diz coisas interessantes sobre futebol no twitter.

Pode parecer o lamento de um cara chato, mas acho que é a defesa de um estilo que não abre mão da alegria, espontaneidade e inteligencia. Tudo isso, mas sem ser chato.

O Jogo
O jogo foi excelente, com atuações destacadas de Neymar e Ronaldinho, muitos gols e belos lances. Gostei pq foi uma partida em que os dois times não abriram mão de jogar o seu estilo, de ir para cima. Entretanto, não vi ninguém dizendo que a marcação, dos dois lados, foi pífia. Dos 4 volantes em campo, apenas Arouca apresentou um bom futebol, mas apenas até os 30 primeiros minutos. Depois, sumiu junto com Ibson, Willians e Luiz Antônio.

A urubuzada enaltece o lateral Leonardo Moura, que deixou uma verdadeira avenida na lateral direita do Flamengo. Neymar deitou, rolou, brincou e se esbaldou por lá. O Gaúcho jogou tudo o que podia em meio a inoperância dos volantes santistas e a zaga confusa. Mérito dele.

Se o Rica Perrone lesse esse texto diria, "lá vem mais um pragmático querer acabar com o futebol". Bobagens das grossas, afinal marcar não pressupõe abrir mão do bom futebol. O maior exemplo é o Barcelona. Ninguém no mundo marca como eles, assim como ninguém tem seu toque de bola e tudo mais.

Não gosto de Muricy com seu jogo de resultados e nada de futebol. O São Paulo foi tri-campeão brasileiro em três anos. Hoje só se fala nos títulos e não que aquele era um grande time e isso só tende a piorar nos próximos anos.

Voltando ao jogo, a vitória foi merecida para os aves pretas. Que festejem bem, mas não acho que Ronaldinho irá manter o ritmo parecido em outros jogos. Em sua última temporada no Milan, o Gaúcho deu um enorme suspiro, inclusive dando um show em plenos Santiago Bernabeu. Mas foi apenas um ensaio. Veremos.

Pelo bem do futebol, torço para que eu esteja errado

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Que o futuro não vire nostalgia

Foi rock no facebook, no twitter em orkut e em todo lugar da internet. Os jornais fizeram especiais e mais especiais, quem gosta do estilo falou, indicou músicas, bandas, cds e tudo mais. Até quem não gosta de rock disse gostar. Tudo isso para o dia mundial do Rock.

Em meio a toda data comemorativa, uma pergunta sempre aparece. E o objeto de celebração, como está? Temos o que comemorar?

Como história, o rock é riquíssimo, mas como presente há muito tempo que o estilo não anda bem.

Até o inicio da década 00, o rock ainda conseguia brigar pelos concorridos postos da Billboard. A época, os rappers, o povo do R&B e as cantoras gemegemebitch deram início a hegemonia que ainda hoje toma conta do mainstream mundial.

No Brasil as coisas não estavam boas para o BROCK. Los Hermanos era idolatrado por uma parcela considerável, mas ainda assim a parte. O Rappa havia perdido Yuka e tentava se reestabelecer com o irregular Silêncio que Procede o Esporro. O grupo ainda tinha respeito e algum sucesso.

A partir do ano 2003, foi tudo ladeira abaixo. Desde então nossa banda de expressão era o CPM22 auxiliado pelo NX ZERO até desembocar numa coisa chamada Restart. Não consigo medir, mas talvez a derrocada internacional tenha sido um pouco menor, já que os bastiões nunca saíram de moda (U2, Rolling Stones, Mettalica, Pear Jam, Radiohead e tantos outros) e apareceram bandas que estouraram no mundo todo como o Coldplay.

Aqui, cabe a mesma ressalva que fiz ao vivo na Antares 800: até agora falei da grande imprensa, do mainstream. Nele, o rock está na lona.

Mas quando falamos na periferia do sucesso, nos espaços alternativos, aí sim podemos comemorar. Temos muita coisa boa no mundo inteiro. Muita coisa mesmo.Isso é fato, mas não me conforma. Não é todo dia que tenho tempo e disposição para ler 10 blogs e colunas musicais, baixar 10 cds e gostar de 2 ou 3. Adoro garimpar, mas as vezes enche o saco.

Sinto saudade da indústria cultural a serviço do rock.

Lembro do Professor Carlos Said contando que foi comprar um cd quando escutou uma moça perguntar. “Tem o cd daquela banda que tem uma música na novela?”. A música em questão era Starway To Heavem. O professor, então estudante, pensou: “Alienada, mais uma vítima da indústria Cultural”. Anos depois, já teacher, ele repensou o caso. “A maturidade me fez perceber que aquela moça, instigada pela cultura de massa, estava consumindo um produto de qualidade. De qual outra forma ela entraria em conato com o Led Zepellin?”.

É isso!

Tem muita coisa boa nas zonas alternativas, mas pouquíssimas com apelo radiofônico. As bandas não conseguem furar os limites do gueto e atingir mais pessoas. O que é uma desgraça. Achei que os Autoramas faria isso e nada, Vanguart me deu grandes esperanças e coisa nenhuma, por último, o Nevilton me deu um grande suspiro, mas duvido de sucesso nacional.

Dia do Rock?

Sim, ainda. Só espero que essa data não vira pura nostalgia no futuro.

domingo, 26 de junho de 2011

De que adianta?

Passo do estúdio Zulk e paro no sinal vermelho. Um celta prata vem e bate de leve no fundo do carro. Desço indignado, mas nada vocifero, apenas abro os braços e pergunto o q foi aquilo? Um mulher no banco do passageiro se desespera com o acontecido e implora que o agente do sinistro nada faça. Fico atento e alardeado com a situação, afinal minha mulher e filho estão no banco de trás assistindo tudo.

o motorista estava claramente bêbado e confirma minha impressão quando cai ao sair do carro. Afasto o Prisma e vejo q não há dano aparente e logo decido por sair dali, pois o cheiro de perigo estava por todo lado.

Entro no carro. Äh e tu já vai?" pergunta o ébrio - vou sim, respondo, não teve prejuízo, completo. O cara aponta o dedo na minha cara e diz "tu pensa q tá lidando com otário!?".....

O ato e fala foram rápidos, logo seguidos de suplicas da namorada por perdão. "Pelo amor de Deus, me desculpem, ele está bêbado".

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O fato é que fui humilhado! Não fiz porra nenhuma e ainda saí como covarde, aliás eu fui covarde.

No momento eu achei melhor preservar minha família e precaver uma cena horrível.

Quando o filho da puta apontou o dedo na minha cara, eu pedi a Deus que ajudasse a não revidar e pedi ainda que aquele fosse o último insulto, pois tinha certeza que meu limite estava próximo.

TIve o impulso de abrir a porta com força e derrubá-lo.....

Do que adianta se a atitude em si não serve? O objetivo não foi cumprido, então por que não adianta? Por que acho agora que deveria ter arrebentado o infame, afinal foi ele quem pediu. Ora porra, não bati no carro de ninguém e nem ofendi qualquer pessoa, então por que tenho de fugir?

Não sei, mas o gosto amargo da injustiça não sai da minha boca.

De homem se espera q seja homem, não é assim?

Isso para mim não dizia muita coisa, mas para os outras diz!

Pois bem:

venho por meio deste declara a quem esteja disposto a saber, que não mais me excluirei das consequências de provocações de qualquer natureza. Isso não implica represálias sem sentido ou ponderação, apenas não ficarão sem respostas insultos capitais.

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Muita coisa aconteceu e não cabe aqui comentar.

O que não deveria acontecer aconteceu e ninguém teve a habilidade de evitar.

Pessoas são idiotas, diz o House, e são mesmo.

Eu sou idiota e assim agirei quando a ocasião pedir.

De inteligente o mundo só tem coisas, não pessoas


Que Deus me ajude

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Um jogo e a redenção de uma torcida

Foi um dos jogos mais sofridos da minha vida. Só me lembro de ter ficado tão nervoso na final da Copa do Mundo de 1994, na semi-final da Libertadores de 98 e na final do Mundial no mesmo ano. Foi doido e angustiante, mas depois de enfrentar um rival formidável, o Clube de Regatas Vasco da Gama sagrou-se campeão da Copa do Brasil. Encerrou um jejum incomodo para uma torcida acostumada a vencer. A nova geração de vascaínos começou bem, assim como meu príncipe Arthur é pé quente dos melhores. Palmas para essa imensa torcida bem feliz, que deu um show na comemoração da vitória.

Li muita coisa sobre a batalha do Couto Pereira, muita coisa boa foi escrita. Uma unanimidade é a alegria dos cronistas na ressurreição do Vasco como um dos principais protagonistas do futebol nacional. É quase como se o futebol deste país estivesse órfão de seu filho mais impetuoso, do rebento que desafiou uma sociedade racista para colocar um negro em seu time, é como se sentisse falta daquele que não é o maior, mas é sem dúvida o melhor e mais bonito dessas terras todas. O campeão voltou.

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O melhor de todos os textos foi o do jornalista Gustavo Poli, este que agora posto para vocês:
O expresso do alívio

Foi uma vitória maiúscula, daquelas que arrepiam até os não-torcedores. Uma vitória suada, sofrida, disfarçada de derrota. Uma vitória em forma de via-crúcis, que fez um um grito nacional deixar milhões de engasgadas gargantas. A palavra vice sendo enviada para o nunca, na carona de um palavrão, ecoou Brasil afora. O Vasco voltava a ser Vasco, depois de tanto sofrimento, depois de tanto quase.

Em tempo de bondes e trens-bala, pouca gente lembrou da metáfora ferroviária original. Do tempo de um outro Vasco, o Vasco de Ademir, o Vasco melhor time da América, base da seleção de 50. O Expresso da Vitória hoje é um retrato na parede – esquecido moralmente durante anos pelo próprio Vasco, nos quase 20 anos em que cuspiu em sua própria imagem.

Os anos euricos transformaram o Vasco em vilão nacional, num poço de antipatia. Mesmo as vitórias traziam a nódoa da desconfiança, da arrogância, dos acordos surdos e insondáveis. Foi naquele vasco, minúsculo, que um ídolo foi sangrado e outro foi expulso da tribuna. Foi naquele vasco, ironicamente, que a palavra vice foi tatuada – em derrotas inesperadas e aparentemente cármicas. Foi aquele vasco, embora já de pele e direções novas, que foi rebaixado, espancado e humilhado.

Algo mudou em São Januário. O vasco-joão-bafo-de-onça saiu de cena, voltou o mestiço simpático que lutou contra o preconceito, que encarou a humilhação de frente; o vasco popular, de lapis atrás da orelha, mordendo a coxinha no boteco ou na padaria. O Vasco sempre foi o mais povão dos times cariocas, o menos elitizado, o mais barriga na bancada, palito na dentadura. E sempre foi assim com orgulho, cuspindo farofa e sorrindo, sem medo de suas origens.
Três imagens da decisão em Curitiba grudaram na retina. A primeira, observada pelo repórter Eric Faria, no fim do segundo tempo. No banco de reservas, Diego Souza e Felipe não conseguiam sequer ver o jogo. Diego sentado, de costas para o campo. Felipe, como um esquimó súbito, afundado em seu capuz. Um rezava e sofria, o outro sofria e rezava – mãos nos rostos, como se ecoassem baixinho o sentimento de cada vascaíno – “acaba, jogo, por favor”.

O Vasco estava tão perto… e tão longe. Os minutos passavam, as bolas do Coritiba passeavam perigosamente perto da área. Cada cruzamento era um parto e uma dor. O desespero era palpável – dos dois lados. O Coxa, perto de uma altura inédita. O Vasco, perto da redenção necessária – da expulsão do estigma da derrota última. Felipe e Diego oravam como milhões de vascaínos pelo Brasil – enviando cada bola para a distância.
A segunda imagem veio após o jogo. No campo já deserto, o melhor jogador da partida, Éder Luís, deu uma entrevista solitário. De touquinha, sorrindo com os dentes separadíssimos, segurando o troféu nos ombros. Tudo na cena parecia estar no diminutivo. O rapidinho Éder com aquele trofeuzinho indo pra casinha –o mineirinho por definição – a humildade em pessoa. Era muito Vasco – a digestão pelas beiradas, o time da virada num ano que começou catastrófico, com derrotas humilhantes e pênaltis enviados em missão lunar.

O Vasco mineirinho, o Vasco mestiço, o Vasco que misturou casagrande & senzala desde o início de seu futebol. O Vasco que é zona norte e zona sul – o Vasco Marcos Palmeira e Camila Pitanga, Vasco Fernanda Abreu e Paulinho da Viola, Vasco Unidos da Tijuca e Bruno Mazzeo . O Vasco que teve um presidente mulato 100 anos antes de Obama. A cruz-patéa, que os anos cuidaram de transformar em cruz-de-malta no imaginário popular – voltou a bater no peito.

A terceira e última imagem foi do goleiro Fernando Prass. Depois de correr, berrar, gritar, ser atingido por uma pilha e comemorar, Prass encostou numa amurada… e chorou. Chorou, ainda de luvas, as lágrimas de alívio eufórico que o Vasco há tanto buscava.

Foi bonito, foi sofrido, foi até o ultimo minuto. Houve quem dissesse que jogo não foi bom – e tecnicamente não foi. Mas e daí? Foi daqueles jogos que fazem o suor saltar dos poros. Se você diz gostar de futebol e achou chato o épico do Couto… de repente vale a pena experimentar bocha. A nau voltou, amigos – e isso, gozações torcedoras à parte, enriquece o futebol do Rio – e o futebol brasileiro. O Vasco sempre foi vanguarda – não tinha direito de se transformar em atraso. Hoje é aquele dia em que todo palavrão que ecoa é justo, é puro, é até bonito.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=LzqSxQDzysw#at=42

sábado, 21 de maio de 2011

My Broken Heart Bells

Não escuto mais quase nada. Não sei o que tá rolando por aí e ainda ouço Jovem Pan no carro, rádio que só toca as mesmas músicas o tempo inteiro, e não deixa vc informado de coisa nenhuma. Sangue novo só aparece quando alguém faz a caridade de me dar um cd ou dica.

Foi o que aconteceu com a banda Broken Bells, grupo americano, que tem apenas um ep e um cd lançados. O primeiro album é uma joia rara do pop atual, um som com ecos da década de 80, toques eletrônicos, uma pegada moderna e gostosa. Não se deliciar com canções como Citizens, The Ghost Inside e The High Road é um verdadeiro atentado ao bom gosto.

O álbum inaugural foi muito bem recebido pela crítica e fez até certo sucesso nas paradas americanos, mas segue desconhecido no Brasil. Minha dúvida é se a banda seguirá apenas nas trincheiras de alternativos de plantão ou vai iluminar a vida dos mortais do mainstream.

Seria uma delicia, para não dizer emocionante, ligar na Joven Pan e escutar o piano introdutório de Citizen. Mas isso é um sonho apenas, o pessoal do jabá só pensa em mulheres gemendo com as já tradicionais participações dos negões do Hip Hop. É tanto bitch, pussy e afins que as vezes falto bater o carro. É tipo um funk elitizado que a galera adora reverenciar. Fail.

Não tenho mais tesão, e nem tempo, para escutar tudo que é lançado. Isso não significa que não fico pesaroso das canções que estou abrindo mão de fazerem parte da minha vida. Lamento pelas minhas músicas preferidas que nunca escutarei.

Seja como for, pelo menos não perdi o BroKen Bells.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Vida longa ao rei

O pequeno Aidan Reed vendeu cerca de 3000 mil desenhos para custear seu tratamento contra Leucemia. Até então, os pais estavam na eminência de vender a casa quando a tia do pequeno teve a ideia de vender seus desenhos.

Agora sou pai e quando vi o rosto de Aidan, me veio uma vontade grande de chorar. E se aquele fosse o meu filho, o que deixei em casa com os olhinhos atentos e meigos, sempre pronto a me dar o seu sorriso a sua conversinha tão perfeita?

Se fosse ele, meu mundo desabaria e meus ombros perderiam o vigor, claro que teria de erguer a tudo e correr o mais rápido que pudesse em busca de toda a saúde que meu filho necessitasse. Não quero isso nunca. Essa corrida eu não desejo.

Quando se vira pai, a percepção de tudo o mais muda de uma forma bastante agressiva. “Pedro, te prepara para amar mais do que tudo, assim como ter medo também”, me disse uma amigo.

Pais são bichos paranóicos, sempre tentando precaver o que pode acontecer com seu filho. Já perdi as contas de quantas vezes acordei apenas para saber se Arthur estava respirando. É um acordar preocupado, temeroso de não encontrar mais o suspiro que agora guia sua vida. Chego, baixo meu rosto, levanto a camisa e vejo a pequenina barriga subir e descer num movimento gracioso. Roço meu nariz no dele, sorrio, dou um beijo e o assisto nos braços de Morpheu por mais alguns minutos.

É tudo muito louco, muito intenso.

Tudo mudou! O sentimento é outro. Minha postura agora é diferente. A despeito do meu ceticismo, desejo todo dia um mundo melhor, a cura para o câncer e a solução para o aquecimento global. Não há jeito, só posso lutar por uma amanhã mais saudável e seguro. Afinal, amanhã será sempre do meu filho.

Só posso desejar que apareçam bandas melhores do que aquelas que escutei e escuto, jornalismo bem escrito, cinema de qualidade e literatura perfeita. Vejo meu filho torcendo junto comigo pela Cruz de Malta, sabendo de sua história e a recitando com orgulho para seus amigos, tendo ciência que a inclusão e respeito são sentimentos caros e aplicáveis em todas a instâncias. Desde a nossa casa, passando pelo colégio e até chegar no futebol. Sempre foi essa a diferença de ser vascaíno e dela ele se orgulhará.

Quando ainda não nascido, o via danado, muito, e de personalidade forte como a mãe, assim como previa a minha calma latente e uma mistura doida de razão e emoção. Teria ele mais de mim ou da mãe?

Será ele meu amigo? Conversaremos francamente como os melhores amigos fazem ou me tratará com o comedimento típico dos filhos. Escondendo a parte difícil de seus dias. Entenderei se ele me contar que bebeu com 15 anos? Ficarei tranqüilo sabendo que ele gosta de aventura? Como saber lidar com o risco que ele e não eu corre? Não sei, mas terei de aprender.

Meu papel é ser um pai melhor do que o meu foi, assim como ser um esposo melhor. Encaro isso como uma obrigação e minha competência para qualquer coisa nessa vida se baseia nisso.

Conseguirei? Espero que sim.

Volto a olhar para a foto do Aidan e sorrio, a matéria conta que ele ficará bom. Excelente para todos e seus pais devem estar felizes.

Eu estou, mas devo ir.

O tempo é breve e meu futuro me aguarda em casa.

Ele se chama Arthur e é meu filho.

Vida longa ao rei.

domingo, 27 de março de 2011

A AUÊ DE UM BOBO E A RESPOSTA DO TOLO

Um ator desconhecido de uma peça teatral chamou o Piauí de cu e então o mundo desabou sobre sua cabeça. Seu nome bateu os TT’s mudial do Twitter, recebeu represálias no facebbok, Orkut e fóruns de todas as formas, Amadeo Campos o entrevistou como se fosse um criminoso e finalmente sua peça foi cancelada pelo o então presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, o deputado Fábio Novo do PT.

Fato: Marauê Carneiro pisou na bola feio, sua manifestação foi mais do que infeliz, além de burra, pois desprezou a força das redes sociais na atualidade. Seu ato idiota é indefensável.

Os piauienses ficaram loucos com a história, visto que não é de hoje que esse tipo de estupidez acontece. Desde o próprio dono da frase citada pelo ator, o humorista Juca Chaves, passando pelos episódios de esquecimento dos limites do estado em mapas de livros didáticos chegando até o comentário ridículo do então presidente da Philips, Paulo Zottolo, que afirmou ao jornal Valor Econômico que, ao apoiar o movimento "Cansei", desejava remexer no "marasmo cívico" do Brasil, e afirmou: "Não se pode pensar que o país é um Piauí, no sentido de que tanto faz quanto tanto fez. Se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado". Ou seja, o esse tipo de agressão é antigo e ninguém mais suporta ser motivo de chacota.

Fui um dos primeiros a desancar a atitude do tal ator no twitter, mas daí a apoiar atitude do deputado de cancelar o espetáculo é demais. Foi um ato Imoral além de uma censura grave. O fato é que a decisão de acabar com o espetáculo foi apoiada pelo imensa maioria do povo. Mordido pelas sucessivas agressões sem causa de existir, agride com a desmedida e inconseqüência que é característica do ofendido.

O que o povo tem de entender é que essa é uma postura que não é condizente com uma democracia, é uma ação autoritária. Foi com o desculpa de proteger a população que ditadura condenou o espetáculo teatral do Teatro Opinião e censurou as músicas de Chico Buarque.

É dever do deputado defender, incondicionalmente, a liberdade de todos os cidadãos brasileiros. Usar a desculpa de que estava velando o povo piauiense é balela pura, imoral e inconstitucional. O próprio artigo 5º da constituição piauiense assegura, “no seu território e nos limites de sua competência, a inviolabilidade dos direitos e garantias que a Constituição Federal confere aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país”.

Assim como o artigo quinto de nossa constituição assegura que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
(...) e finalmente
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Fábio Novo não foi bobo, jogou para galera. Fez o que o povo queria e ficou bem na fita, afinal demagogia dá ibope. Engraçado é que ele é jornalista e ator, um cara ligado às artes que censurou um espetáculo. Num é digno?, diria um amigo meu.

O que o nobre petista parece não saber é que não podemos achar que as leis estão ao nosso bel prazer, aplicando-a quando julgarmos conveniente. A lei é INDISPONÍVEL, não podemos abrir exceção quando acharmos que o motivo vale a pena. Liberdade existe para se tenha a opções de bater palma, criticar ou simplesmente ficar na sua.

O americanos lutam contra isso desde o tempos do Bush filho quando ele achou conveniente quebrar direitos humanos caso houvesse suspeita, veja bem, suspeita, de atividade terrorista. Nesse onda, querem ter acesso ilimitado a toda comunicação e ainda fazem as pessoas passarem por humilhantes revistas nos aeroportos. “Mas o motivo justifica”, diz o ministro americano da defesa.

Sempre vai ter alguém para dizer que justifica, que justifica se prender alguém por ser muçulmano (e potencial terrorista); que se justifica mandar um jornalista embora porque ele disse que o presidente bebe demais; que se justifica cortar a luz de uma peça porque ela é subversiva; que se justifica a humilhação de revistas em aeroportos porque a pessoa pode portar uma bomba; que foi justificável a prisão do Gil e do Caetano por conta da"tentativa da quebra do direito e da ordem institucional"; que se justifica o perseguição política e desrespeito aos direitos civis impostas pelo Macartismo por conta do perigo comunista; que se justifica censurar um espetáculo porque um de seus atores disse que o Piauí é um cu.

Lembrei do senador McCarthy, figura central das caças as bruxas ao comunismo em plena Guerra Fria. Seu nome hoje é colocado na fossa.

Fiquei atônito quando vi o chatíssimo militante de direita, Reinaldo Azevedo, comentar o caso Marauê com bons argumentos, conseguindo quase fugir da sua impregnante verve anacrônica. Disse ele que “o que está em baixa no país é a liberdade de expressão”, e ainda pontua o que ele chama de “Exceção Moral”. Quando todos defendem a igualdade entre os homens desde.....desde que não haja um oprimido no meio. Nesse caso, vale quebrar a constituição e aplicar a tal exceção. Eu repito, a lei é indisponível!

Diz Azevedo: “Não, eu não acho que a linguagem empregada pelo tal ator seja a melhor possível, não como expressão, sei lá, de uma crítica orientada segundo os critérios da economia política. Mas era só um cidadão dizendo suas bobagens no Facebook, como fazem milhões de pessoas hoje em dia. É claro que algumas pessoas podem se zangar com isso e também têm o direito de se expressar. No limite, podem tentar organizar um boicote à sua peça. É coisa típica de caipira ressentido, mas vá lá… Proibir, no entanto, como fez o deputado petista, a apresentação do espetáculo? Aí estamos diante de uma manifestação típica de ditaduras”.

Nem mesmo a fala estúpida de “caipira ressentido” anula seus argumentos.

Segue Reinaldo: “Sei que o deputado petista Fábio Novo se comporta como um dinossauro, um censor, um agente da ditadura. A única coisa que caberia a um democrata seria garantir a segurança para a apresentação da peça”. Ponto. Vossa Excelência perdeu a chance de ser chamado de democrata, de Gentlemen. Perdeu a oportunidade, o dever, de cumprir seu papel como guardião dos direitos de cada de cidadão, de combater a estupidez e ignorância com sensatez. Perdeu, passou. Vai ficar sua atitude demagógica e fanfarrona, apoiada pelo seu povo.

Não é assim que o povo do Piauí vai ser respeitado, não são com ações idiotas que nosso estado começará a ter um novo status. Censurando espetáculos, jogando ovos e sendo levianos só reforçamos nosso estereótipo de povo atrasado e caipira, aliás um caipira belicoso.

“Ah, acho que o tal carneiro será levado como exemplo”. Bobagem. No caso Paulo Zottolo, o Armazém Paraíba e outras grandes lojas boicotaram os produtos da empresa, tomando um prejuízo milionário, houve repúdio público do governador e outras ações e mesmo assim ocorreu o que ocorreu nessa semana. Temos que construir uma nova identidade, de povo inconformado com sua realidade pobre, aguerrido sim, do trabalhador que luta todo dia por um futuro digno, por mais educação, pelo exercício da cidadania de todos, e não de alguns. É assim que vejo o meu Piauí e assim que por ele vou lutar.