sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Breve diário caótico

Em um entardecer de sol amarelo e muita fumaça ele foi enterrado. Três meses de tratamento contra uma doença terrível não foram suficientes para garantir-lhe a vida. Era um cara que havia perdido, mesmo antes da doença, um pouco da graça de viver. No entanto ainda era meu amigo. Uma figura machucada pela vida. Pela família que tanto chora e tanta dor sente pela sua perda. Pelas imbricações da vida que não lhe deu tantas oportunidades quanto ele acreditava merecer.

Nos dias anteriores a sua morte, me lembrei muito de nossas histórias. Em particular de nossa 8ª série quando eu ele, Neto, Thiago, Marcílio, Nilton e outros andávamos juntos todo o tempo. Mikael sempre foi o mais desinibido com as mulheres. Há dez anos, ele tinha a coragem, o Neto uma bela letra e eu sabia escrever....

“Pedro, faz aí uma carta pra Janielly”, pedia ele. “Dizendo o que”, questionava eu.
“Sei não, diz ai alguma coisa bonita. Fala que eu tô afim dela”.
“Ahhhhh meu irmão, espere ai que num é assim não. Deixa eu pensar em alguma coisa”. E nisso o Neto, como um escrivão de polícia ia esperando para transcrever o depoimento da vítima. Essa tríade fez muitos trabalhos dessa ordem. Depois de entregue o bilhete, eu e Neto íamos em direção ao Cara Seca: “E ai, o que ela disse?”, perguntávamos. “Coisa nenhuma”, dizia ele. E então ficávamos um pouco frustrados com aquela falta de resultado depois de tanto trabalho em equipe.

Graças a Deus as mulheres, quando novas, são fáceis de agradar. Fatalmente, dias depois, saberíamos que minhas palavras nas formas das letrinhas do cearense e mais a coragem do Mikael seriam premiados pelo amolecimento da donzela. Prêmio estranho, já que só ultimo desfrutava dele......rssssss

......

Todo o sentimento de perplexidade é ainda pouco quando nos deparamos com tragédias tão fortemente ligadas ao nosso cotidiano, à nossa vida. Quando conhecemos os atores e o cenário perece ainda muito mais vivo e dramaticamente mais acinzentado. Ainda mais em horas escuras. Naturalmente, tragédia alguma pode ser dimensionada de forma sistemática, como que usando fatores de intensidade. Toda tragédia é uma tragédia e suas conseqüências são igualmente trágicas, únicas e personalíssimas. Mas o fato é que a intensidade da dor se torna mais forte quando o terreno é conhecido. E isto faz toda diferença.

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Muito se passou desde que nos conhecemos. Muita coisa importante, outras nem tanto. Fatos alegres e tristes também. Não tenho intenção de escrever tudo o que lembro, o que não é pouco. O fato é que não estou conseguindo manter o foco. A vontade é de escrever vários fatos em formas de notinhas. Quem nem aquelas das colunas de jornal. Tipo:

Lombra
Em uma noite, acompanhado de vários amigos, depois de cheirar um substancia entorpecente, proibida por lei. Um certo alguém estava sentado em uma mesa quando de repente se levantou e se dirigiu ao meio da rua. “Vumbora partir o time, bora, bora, bora”.......rssss

F-1000
Passávamos pelas estreitas ruas do mocambinho quando veio outro carro e se jogou em direção ao Floquinho. Obviamente fui forçado a desviar. No momento da manobra, vem a pérola: “Se fosse na F-1000 réa eu tinha passado por cima dele”.......

Campainha
Eu ia a frente de todos quando voltávamos de uma padaria próxima ao clube da Classes, atrás vinham os outros e Mikael cachingando, já que tinha cortado a palma dos cinco dedos do pé com um facão. De supetão parei em frente a uma casa e olhei para trás. Todos viram quando toquei a campainha 5 vezes seguidas e sai correndo. Meus amigos perderam alguns segundos para entender o que se passava. Somente após esse tempo foi que perceberam que tinham que correr também. “Porra esse Pedro é muleque”, disse meu pobre amigo dos dedos cortados.

Inter-classe
Ainda sobre os dedos cortados, certa vez fui assistir a um jogo do time do Neto, Mikael, Tiago, Jader e um cara que era um gênio no futsal. Como já dito, o Cara Seca havia cortado todos os dedos com um facão não fazia uma semana. Antes de iniciar o jogo pude presenciar a cena. Mikael colocou em seus dedos meia pomada de Xilocaina, um anestésico muito usada por dentistas e tatuadores, enrolou o pé com ataduras e ainda calcou dois meiões. Foi o dia que vi seu melhor futebol.


Moça zangada
Há alguns anos ele conheceu e começou a namorar Taieny, essa jovem grande guerreira. Era um casal que vivia brigando e se separando, mas que mesmo assim continuava junto. Pessoa zangada que terá para sempre minha admiração. Enfrentou o calvário de seu namorado com personalidade e força. Acreditando em sua cura até o ultimo minuto, até saber que o coração dele parara de bater.

Seria mais ou menos assim que escreveria...
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Qual o tamanho da tristeza para um ser humano quando seus entes queridos são tirados de perto de si? Não tenho palavras e nem talento para falar de uma dor que não pode ser dita. Em poucos dias, todos os sonhos, projetos e até sua história é findada. E assim chegamos à pergunta: qual o sentido da vida? Fica ao vento uma das questões mais inquietantes da nossa existência. Acho que nunca vamos ter uma resposta definitiva, mas dentro de cada um de nós existe uma resposta pessoal que subsidia nossos desejos.

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Sua descida foi triste, como não poderia deixar de ser. A areia batendo em cima de seu caixão. Aquela terra enterrando meu amigo. Naquele exato instante, como em um filme, sua figura me veio à cabeça. Desde o tempo em que nos conhecemos na 8ª série até a última vez que o vi andando pelos corredores do São Marcos a caminho do exame que selaria seu destino. A despeito de minhas lembranças, seu caixão continuou sendo soterrado. Minutos longos, que pareciam sem fim, tal qual uma situação constrangedora. “E agente não pôde fazer nada”, pensei com o desespero a rondar minha cabeça..
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Não encontro palavras que possam consolar o amigo, a mãe, irmã, namorada, a família, enfim os que sentem. Não há mágica existente que possa fazer isso. Nestas horas tão absurdas questionamos a existência de um Deus. Infelizmente não é esse o ponto. Creio sim, que ansiosamente procuramos acreditar e procurar pelo fim da dor que impregna nossos corações.


Antes do último
E no penúltimo dia do mês de outubro Mikael Robson Gomes Castelo Branco parou de viver deixando nossa vida mais vazia e saudosa.

Fim da Coluna

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Tarde vazia em um noite de um verão qualquer

Já era madrugada e Teresina estava com um clima muito agradável quando passávamos pela Avenida Cajuína. Doze cervejas e duas doses de Mangueira depois, eu e Gustavo falávamos sobre a vida, nossos amores e desabores, sonhos e amizade. Um jovem casal de bicicleta, entretidos e apaixonados, viu passar um Honda Civic prata em alta velocidade. Escutaram um som distorcido, por causa da rapidez, de uma música da década de 80. Gustavo falava da música, dizia que quando o celular acusava uma mensagem, ele torcia para que o conteúdo mudasse sua vida. Falou das infindas tardes quentes e chatas na qual ficava no percurso computador – televisão – violão – computador.

Eu tentava me conter e escutar, mas o interrompia a todo momento meu amigo. Querendo dizer como eu concordava com ele. Falei das mesmas tardes chatas, quando perdia um bom tempo procurando um livro para ler e ao começar a história, descobria que não era aquilo que eu queria.

Ai eu deitava na cama olhando para o teto, pensando no mundo, com o ventilador no rosto. Lembrava do Neto e de como ele faz falta, lembrava de quase todos os meus amigos e das presepadas que fazíamos. Depois de um tempo a campainha tocava e era aquela mesma sensação de expectativa da qual o pertuba havia falado. Levanto e me dirijo a porta. Abro a porta bem devagarzinho, esperando que aquela fresta mudasse alguma coisa de muito importante.

Claro que eu queria que mudasse para melhor. É verdade que poderia ser um ladrão, mas não contava muito com essa possibilidade não.

E assim prosseguíamos naquela madrugada a cantar, a pleno pulmões, Tarde Vazia do Ira. As luzes ficavam para trás rapidamente, a música acabava e um dos nós dois repetia a canção. Fizemos isso inúmeras vezes durante o passeio pela cidade. “Só mais uma”, dizíamos.

E nisso, em nossos devaneios alcoólicos falávamos de nossa amizade e de que um dia ele iria embora porque seria delegado da polícia federal. Na época eu ainda não ansiava ser um PF e também não me lembro o que queria ser. Talvez alguém razoável que ganhasse bem, enfim.....
Mas ele dizia que seria um delegado e que iria andar naquelas Blazers pretas.....rssssss

Bem interessante esses momentos, ainda mais em companhia de uma cara como ele, que é o louco que mais gosto. Uma figura incrível, um pouco inconstante é verdade, mas.o adoro do mesmo jeito. Lembrei dessa história ao escutar uma música do cd novo do Skank, Noites de um verão qualquer, depois de um domingo quente e antipático, que só não foi perdido por causa do cd do Travis e esse novo do Skank, Estandarte. Indicação do Wilton, que havia dito que tinha uma música muito lindinha no disco.

E nisso fiquei pensando nessa noite, como sendo a de um verão qualquer. Pensando na febre desse abraço quente dessa cidade, mas Que Sob sua pele encontrei abrigo. E que ainda Sigo infinitos metros pra perto desse abraço. Tentando respirar e desatar o nó que aperta esse laço. Mas devo dizer que é difícil.


Noites de um verão qualquer(SKANK)

Noites de um verão qualquer
Eu me sufoco nesse ar
O corpo venta em preto
O chão devora o espaço ocular

Noites de um verão qualquer
Deixa que ela entenda o traço
Que invente a fuga por nós dois
Que sou seus pés, eu sou também seus braços

Noites de um verão qualquer
Dentro da febre desse abraço
Satélite voltou do céu
Eu sou o resto, sou também o aço

Noites de um verão qualquer
Sob sua pele encontrei abrigo
Pra gente se devorar
Na órbita do seu umbigo

Seguem infinitos metros
Pra perto desse abraço
Eu tento respirar
Desatar o nó que aperta esse laço

domingo, 26 de outubro de 2008

Ode To J Smith



Eu disse. As vezes até demora, mas sempre aparece.
Quem chegou foi o Travis, que nos entregou um belíssimo cd.
Forte, simples, cativante e muito bonito.

Estavam devendo um trabalho dessa qualidade. Que o Coldplay, daqui a alguns anos, faça a mesma coisa.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Viva as surpresas

Com a decepção que foi o último cd do Coldplay, fiquei órfão de um grande cd que nunca chegou. Tenho escutado muitas bandas interessantes como Interpol, Editors, R.E.M, Oasis, Vanguart, FireFriend e outras. Todas com ótimas canções. O últimos CDs do REM e Oasis, por exemplo, são muito bons, mas nada que marque época.

Assim sigo sem aquele som que hipnotiza, sem a obra prima que me faça não querer de parar de escutar jamais. Para ser sincero, a ultima vez que vi um trabalho com essa força foi com o Rush of Blood to the Head do Coldplay. Tudo esta no lugar certo naquele cd.

Essa falta que sinto não me tira o apetite por novas bandas, mas é como aquela história de que é tão difícil se apaixonar uma segunda vez. Dá uma saudade de sentir aquele frio na barriga, aquela expectativa. Como a música é a mesma coisa: a gente fica pensando como será a próxima faixa, que verso será o mais bonito e como ele fez aquele solo de guitarra.

Mas fico tranqüilo, quando a gente menos espera, aparece um novo amor, um novo cd. Sempre é assim. Graças a Deus

Nesse sentido, tive uma feliz surpresa com o último cd da banda inglesa Keane. Eles estão em seu terceiro trabalho e já vinham talhando boas melodias nos álbuns passados, mas ainda um pouco vacilantes e inconstantes. Perfect Symmetry é uma pequena jóia pop. Diferente do Coldplay,sem deméritos, eles fizeram um som mais alegre. Aquelas músicas que te dão uma coisa boa quando a gente escuta.

Quando lançou seu primeiro cd ,Hope and fears, o Keane chamou atenção pela patente influência do Coldplay, seu belo piano e também pela ausência de guitarras em seu som. Concordo com as palavras de Na Markl do site Blitz: “O marketing terá sido involuntário – mas as primeiras notas do single dos Keane percorriam imediatamente caminhos da nossa percepção auditiva já desbravados, explorados e pavimentados pelos Coldplay (já para não falar da herança óbvia dos Radiohead)”, disse a crítica.


Ironia ou não, a banda lança seu melhor álbum justamente quando adiciona a seis cordas elétricas as melodias. Em You Haven't Told Me Anything, eles até começam com um riff que vai conduzindo a música o tempo inteiro. Spiralling é basntante anos 80, com seus teclados, gritinhos e..... guitarra. Até violão tem nas novas musicas.

Em Under the Iron Sea, segundo cd, é perceptível uma pequena evolução da banda, apesar do som ter poucas diferenças. Entretanto, eu sentia o Keane como algo falso. Uma banda fabricado pelas gravadoras que usava de artifícios já testados para angariar sucesso.... não sei bem..... mas o fato é que neste cd elas calcaram duas belíssimas músicas.

Aliás o piano, uma marca do Keane, está meio distante neste trabalho, apesar de farta a presença de teclados. Again Again é um exemplo disto, quando inicia com seu riff em teclas e a guitarra dando volume ao som. Nesta faixa, dá pra gente perceber um pouco do Duran Duran na banda.

Em resumo, é um ótimo cd, uma delicia pop. Não uma obra-prima, mas uma grata surpresa, já que este que vos escreve nunca achou que a banda tivesse talento suficiente para ir mais longe do que já havia chegado. Que bom que essa é uma das graças da vida.

domingo, 5 de outubro de 2008

Conde D'Tijubina 1º post

Milhares de pessoas desta cidade infernal e esquecida por Deus estão escolhendo hoje quem serão os próximos ladrões que vão fazer fortuna, tirar proveito pessoal e achincalhar a prefeitura municipal e Câmara de vereadores.

Não parece haver solução. Quando olhamos para as opções só existe um mar de pessoas interessadas no poder transitório do executivo e legislativo. Escuto pessoas dizendo que o poder fede, que é escuso e sujo. Discordo. Essa visão é desviar do foco, do problema de fato. O “poder” não têm consciência nem vontade, é um conceito amparado em deveres ditos nas leis. “O administrador público só pode fazer tudo o que a lei permite”, diz o direito administrativo.

Se querem esculhambar alguém, que façam direito. Nossos líderes é que são essa coisa personalíssima do pequeno imperador que acha que tudo pode fazer a seu bel prazer. Eles é que são sujos, escusos e fedidos. Entretanto é preciso dizer que estes que lá estão vem do povo. São nossos amigos, primos, pais e conhecidos. Quem não conhece um fulano que teve um emprego arranjando por um político? Quem não sabe relatar o caso do médico do interior que ganha 6 mil reais para consultar apenas dois por semana, quando na verdade deveria ser a semana toda?

Existe essa história do estabelecido, que parece perpétuo. Ou pelo menos as pessoas tendem a querer fazer isso e fazem. Se portam assim porque não tem a força para fazer diferente quando chegam na posição de decisão. Ficam com medo da alcunha de chato, antipático, Caxias. Ficam com medo de agirem certo.

Naquele arremedo de revista chamado Veja, existe uma jornalista que recentemente lançou um livro com os textos de seu Blog. Como praticamente tudo na Veja, ele é direitista, tucano, se acha mais inteligente do que todo mundo e odeia o PT. Entretanto ele disse algo interesse: “No alto da minha loucura, tento seguir a lei”.

O brasileiro só segue a lei quando lhe é conveniente. Nada mais. Se fazemos isso no dia-a-dia, seja na pequena contra mão ou na tradicional furada de fila, como pedir que o governante faça diferente se ele, antes de prefeito ou vereador, é como eu ou vc. Na verdade só como vc mesmo, já que eu não existo.

Que Deus salve a rainha e a Inglaterra , já que parece tão difícil isso acontecer com o Brasil.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Macado Simão Urgente

Mais uma do esculhambador geral da república

A crise tá tão braba que os americanos já tão fugindo pra Cuba! Americanos fogem pra Cuba! E a maior frustração do Bush é não poder invadir a Bolsa. Ataque preventivo! "Condoleezza, prepare-se, vamos invadir a Bolsa."