segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Tarde vazia em um noite de um verão qualquer

Já era madrugada e Teresina estava com um clima muito agradável quando passávamos pela Avenida Cajuína. Doze cervejas e duas doses de Mangueira depois, eu e Gustavo falávamos sobre a vida, nossos amores e desabores, sonhos e amizade. Um jovem casal de bicicleta, entretidos e apaixonados, viu passar um Honda Civic prata em alta velocidade. Escutaram um som distorcido, por causa da rapidez, de uma música da década de 80. Gustavo falava da música, dizia que quando o celular acusava uma mensagem, ele torcia para que o conteúdo mudasse sua vida. Falou das infindas tardes quentes e chatas na qual ficava no percurso computador – televisão – violão – computador.

Eu tentava me conter e escutar, mas o interrompia a todo momento meu amigo. Querendo dizer como eu concordava com ele. Falei das mesmas tardes chatas, quando perdia um bom tempo procurando um livro para ler e ao começar a história, descobria que não era aquilo que eu queria.

Ai eu deitava na cama olhando para o teto, pensando no mundo, com o ventilador no rosto. Lembrava do Neto e de como ele faz falta, lembrava de quase todos os meus amigos e das presepadas que fazíamos. Depois de um tempo a campainha tocava e era aquela mesma sensação de expectativa da qual o pertuba havia falado. Levanto e me dirijo a porta. Abro a porta bem devagarzinho, esperando que aquela fresta mudasse alguma coisa de muito importante.

Claro que eu queria que mudasse para melhor. É verdade que poderia ser um ladrão, mas não contava muito com essa possibilidade não.

E assim prosseguíamos naquela madrugada a cantar, a pleno pulmões, Tarde Vazia do Ira. As luzes ficavam para trás rapidamente, a música acabava e um dos nós dois repetia a canção. Fizemos isso inúmeras vezes durante o passeio pela cidade. “Só mais uma”, dizíamos.

E nisso, em nossos devaneios alcoólicos falávamos de nossa amizade e de que um dia ele iria embora porque seria delegado da polícia federal. Na época eu ainda não ansiava ser um PF e também não me lembro o que queria ser. Talvez alguém razoável que ganhasse bem, enfim.....
Mas ele dizia que seria um delegado e que iria andar naquelas Blazers pretas.....rssssss

Bem interessante esses momentos, ainda mais em companhia de uma cara como ele, que é o louco que mais gosto. Uma figura incrível, um pouco inconstante é verdade, mas.o adoro do mesmo jeito. Lembrei dessa história ao escutar uma música do cd novo do Skank, Noites de um verão qualquer, depois de um domingo quente e antipático, que só não foi perdido por causa do cd do Travis e esse novo do Skank, Estandarte. Indicação do Wilton, que havia dito que tinha uma música muito lindinha no disco.

E nisso fiquei pensando nessa noite, como sendo a de um verão qualquer. Pensando na febre desse abraço quente dessa cidade, mas Que Sob sua pele encontrei abrigo. E que ainda Sigo infinitos metros pra perto desse abraço. Tentando respirar e desatar o nó que aperta esse laço. Mas devo dizer que é difícil.


Noites de um verão qualquer(SKANK)

Noites de um verão qualquer
Eu me sufoco nesse ar
O corpo venta em preto
O chão devora o espaço ocular

Noites de um verão qualquer
Deixa que ela entenda o traço
Que invente a fuga por nós dois
Que sou seus pés, eu sou também seus braços

Noites de um verão qualquer
Dentro da febre desse abraço
Satélite voltou do céu
Eu sou o resto, sou também o aço

Noites de um verão qualquer
Sob sua pele encontrei abrigo
Pra gente se devorar
Na órbita do seu umbigo

Seguem infinitos metros
Pra perto desse abraço
Eu tento respirar
Desatar o nó que aperta esse laço

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