domingo, 25 de janeiro de 2009

Jeito sem jeito?!

Todos conhecemos nosso tão propalado jeitinho brasileiro. Prática nefasta que atrasa em tudo nosso país. Furamos fila, subornamos policiais e outras autoridades, utilizamos esse “jeitinho” para driblar normas sociais. Assim a pessoa pode utiliza-se de recursos emocionais, apelo e chantagem emocional, laços emocionais e familiares, recompensas, promessas, dinheiro etc., para obter favores para si ou para outro

Nosso país é absurdo. Certa feita estava lendo entrevista do CEO de uma grande Multinacional, não me lembro qual. Em suas resposta ele falava da dificuldade de se investir no Brasil por causa da enorme burocracia e corrupção. Lembro-me de suas palavras: “Em nossa planilha de custos de investimentos, já temos separado o dinheiro do suborno”, disse ele. O Sincero CEO afirmou que o suborno não é somente para acelerar metas ou investimentos, mas sim para que eles saiam do papel, já que existem autoridades que, enquanto não pagas, sentavam nos alvarás. Deprimente.

A realidade do suborno é tão patente no Brasil que a revista Imprensa lançou um Guia da Corrupção no Brasil, e em ordem alfabética. É como se o país inteiro estivesse empenhado em fazer valer o célebre diagnóstico do Brasil atribuído a Charles de Gaulle: o Brasil não é um país sério. Aqui no Brasil "tudo acaba em pizza", como diz um adágio popular. As palavras são de Lourenço Stelio Rega, autor de dando um jeito no jeitinho.

Semana passada li uma matéria constatando o que é obvio, colocando para o mundo nossa, perdão pelo clichê, triste realidade. Manchete: Brasil é um dos últimos em ranking de suborno da Transparência Internacional.

Diz a matéria da BBC Brasil publicado no site UOL:

O estudo, intitulado Bribe Payers Index ("Índice de Pagadores de Suborno", em tradução livre), foi elaborado a partir de entrevistas com 2.742 empresários de 26 países e analisou a propensão ao pagamento de suborno de empresas dos 22 maiores países exportadores.

Continua a matéria.

A partir daí, foi criado um ranking que lista, nas primeiras posições, os países cujas empresas têm menores índices de corrupção e, em último, os países cujas companhias mais praticam subornos. O Brasil aparece em 17° lugar, empatado com a Itália.

Sobre o país que nos interessa...

Segundo pouco mais de 20% dos entrevistados, o tipo de corrupção mais praticado por empresas brasileiras no exterior é o suborno a autoridades públicas menos graduadas, que é definido pela ONG como aquele utilizado para "apressar as coisas".


Não sei nem o que dizer. Me lembrei das palavras do Conde D’Tijubina, colaborador deste Blog, em texto publicado aqui mesmo no dia das últimas eleições municipais.

“O brasileiro só segue a lei quando lhe é conveniente. Nada mais. Se fazemos isso no dia-a-dia, seja na pequena contra mão ou na tradicional furada de fila, como pedir que o governante faça diferente se ele, antes de prefeito ou vereador, é como eu ou vc. (...) São nossos amigos, primos, pais e conhecidos. Quem não conhece um fulano que teve um emprego arranjando por um político? Quem não sabe relatar o caso do médico do interior que ganha 6 mil reais para consultar apenas dois por semana, quando na verdade deveria ser a semana toda?”

Na verdade tenho poucas esperanças sobre essa questão. É verdade que estamos mudando, devagarzinho, mas não sei se ainda vejo esse new Brazil. Com fé, finalizo com uma frase do já citado Lourenço Stelio: “Não percamos a esperança ... O Brasil do jeito ainda tem jeito!!!

1 Comment:

Unknown said...

o lourenço é esperançoso. eu não sei. às vezes penso que podemos só minimizar tudo e evitar um desastre maior. mas quando filhos com os pais aprendem o tempo todo como devem fazer. e se os pais não sabem aprendem com os filhos...!

fico pensando que talvez o problema seja o padrão que nos queremos como certo ("o sério" do qual fala De Gaule).