Foi debaixo de muita chuva que a maior banda dos anos 00 entrou no palco para um concerto diante uma platéia de mais de 34 mil pessoas na praça da Apoteose no Rio de Janeiro. O Coldplay se apresentava no Brasil pela terceira vez e eu estava lá!
A primeira musica tocada foi um tema do ultimo cd(Life in technicolor), depois vieram Violet Hill e.......
então um conhecido canhão laser verde iluminou os céus do Rio. Ao piano, Chris começou os acordes de Clocks. Assim, a queima roupa. O som, que estava alta e claro, parecia vir todos os lugares. Um pouco de longe pude ver o marido de Gwyneth Paltrow tocar e cantar sua canção mais emocionante. Vi pessoas se abraçando, contentes de estarem ali; outras apenas olhavam pra o céu cantando em silêncio; a maioria, assim como eu, preferiu gritar o mais alto que podia. Foi o primeiro de muitos coros da noite de 28 de fevereiro de 2010.
Por incrível que pareça, mesmo depois de Clocks, esse fã ainda não estava extasiado. Apenas ok. Vieram Yellow com seus balões e telões amarelos e ainda mais duas que não sei o nome, até que Fix You aportou em meus ouvidos. Aí, nessa hora, me arrepiei todo. Nesse momento, parecia que todo mundo estava cantando ao mesmo tempo, de olhos fechados como estava, era possível sentir a vibração das vozes. Me lembrei do meu irmão que tanto falava da lembrança que sentia de mim quando morava em Sampa e escutava essa canção. Pedi o celular para Wilton e liguei para ele, que caprichosamente não me atendeu. Cretino natalense......
Seja como for, a ficha havia caído. Eu estava em um show do Coldplay e a apresentação havia começado ali!
A partir daí, o show foi um dos momentos mais bonitos que já presenciei na minha curta história. Veio a lindíssima Strawberry Swing, que tanto adoro; Gup Put Smile Upon Your Face, que mesmo em uma versão esquisita ficou bonita.
Ao fim de Gup Put... a banda deu um rápido break. Eu olhava ao redor e podia ver milhares de câmeras e celulares registrando aqueles momentos. As luzes voltam a se acender e vejo Chris sentado ao piano. Ele olha para a platéia e enfim começa os acordes de The Hardest Part. Bela canção que sempre me lembra uma certa pessoa, essa que não posso citar por questões contratuais. Roubei de novo o cel do Wilton e liguei, ela não atendeu. Uma desgraça, depois remediada quando Lost foi executada e a saudade grande bateu novamente.
Depois disso eu até poderia voltar para casa e cantar “Home, home where I wanted to go.....”, mas o show ainda não havia acabado.
Me lembrei muito da resenha escrita pelo xará Pedro Só, para o falecido site Usina do SOM, sobre o primeiro show da banda em terra tupiniquins em 2003. O jornalista deixou claro em cada palavra escrita como foi emocionante ver o Coldplay no auge. À época, os ingleses estavam fazendo a turnê do A Rush Of Blood to The Head, álbum que vendeu mais de 16 milhões de cópias. Pedro, um dos poucos críticos que respeito, narrou como a banda conduziu o show de forma que a pessoa ficasse extasiada, emocionada ao se sentir parte de tudo aquilo que estava acontecendo.
Mesmo sem querer, meu homônimo escreveu o que senti.
Momentos marcantes: eu e Wilton abraçados cantado Shiver, um bilhão de lembranças durante The Hardets Part, milhares de borboletas de papel chovendo junto com a água enquanto Lovers In Japan era executada, meu companheiro de viagem de olhos fechados cantando The Scientist. O pequeno palco no meio do público em que eleses cataram algumas músicas a pouquíssimos metros de todos. O desejo louco de que banda voltasse para mais um biss e por fim o público cantando Viva La Vida enquanto deixava a praça da Apoteose.
Havia acabado, agora só lembranças.
Engraçado que imaginei começar esse texto de várias formas. Pensei em dizer que não acreditava conseguir ir a um show do Coldplay; cogitei contar como conheci a banda e o papel por ela desempenhado no meu trajeto. Até narrar meu périplo até a praça da apoteose, abordo de uma taxi com um senhor que parecia não saber para onde ia, eu pensei em escrever. Mas não sabia como terminar.
Talvez não queira me despedir do momento que agora permanecerá apenas em minhas letras e lembranças. Talvez não queira voltar ao mundo onde o piano melódico é apenas entretenimento (ou uma anedota a ser contada) ante uma vida tão complicada. Talvez.....
Seja como for, não dá pra fugir do clichê e não dizer que foi perfeito, emocionante e inesquecível. Não quero e nem ligo se é clichê, afinal não existe nada mais chavão do que a alegria e a felicidade e nem por isso as pessoas deixam de procurá-las.
O Rio tem belas paisagens, uma topografia de tirar o fôlego, pessoas com um jeito de falar muito chato, produtos culturais de sobra, o pão de açúcar e o Cristo Redenter, que a todos recebe sempre de braços abertos. Mas no meio do sambodrómo mais famoso do mundo, quem fez valer uma longa e dispendiosa viagem, foram quatro ingleses que ainda acham que vale a pena fazer com que alguém se arrepie ou até mesmo que se sinta feliz. Parece bobagem, eu sei. Mas é uma coisa muito boa de sentir.
OBS.: uma queixa a ser feita, a banda relegou seu segundo e melhor cd. Em 22 musicas executadas, tocou apenas quatro. Aliado a isso faltou Everything’s Not Lost e Speed Of Sound. Mas nada que estrague o saldo.
Abra os olhos – O cemitério do esplendor
Há um dia
1 Comment:
lembro muito dessa música. e ela ainda hoje me lembra vc. existem coisas que foram feitas pra gente, mesmo que as pessoas não saibam. isso é que é emocionante.
não é impressionante que algo venha em outra língua, de outro povo, por pessoas desconhecidas e participem de nossas vidas desse jeito?!
fico muito feliz por seu show e viagem, pelo coldplay existir e lhe fazer tão bem. passaram-se muito anos desde que a solidão em campinas era suavizada por coisas como "clocks".
no trajeto, a gente cresceu sem perder a boa vontade
beijo imenso
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