terça-feira, 15 de junho de 2010

Paz

O que fazer quando os parâmetros caem? Quando se perde a baliza pela qual se guiava? Sim, eu sei que se deve arranjar novos guias, mas como saber se eles são mais adequados do que os antigos? E quando a realidade concebida em tua cabeça não parece ser o que de fato é, como se convencer disso?

Cansei de perguntas, de questionamentos. Não sou psicólogo e nem quero ser, preferiria a vida de pedreiro à de analista. Quero apenas tranqüilidade e espontaneidade. Cai como uma luva o que minha irmãzinha disse: "me descubro ainda mais comum nos desejos – quero todo mundo contente. quero o outro sem dor. quero a gente leve, sem medo. quero sorriso quando chego. quero bandeira branca em todo fim e começo."

Bandeira branca é símbolo universamente compreendido como sinal de paz, mas o estranho é que esse signo é usado apenas durante guerras ou em combate. Não vejo ninguém decorando suas casas com bandeira brancas, ou as colocando nos vidros dos carros, portas de comércio ou no telhado das casas. Apenas quando alguma pessoa é morta, e ela via de regra tem dinheiro e é branca, é que manifestações com uso dessa cor aparecem. Entretanto esse exemplo corrobora minha teoria, afinal pedir paz depois de um assassinato, não deixa de ser em meio a uma batalha.

Perguntas, questões... Em meio a esse cotidiano de dúvidas fica sempre a vontade de conversar, mas não posso ou pelo menos não devo. Engraçado que sempre me imagino em frente ao mar com esses pensamentos. Aliás, anseio pelo seu encontro e até vislumbro a conversa:

“Olá, meu velho amigo, tudo bem?”

“Sim, tudo ótimo, apenas com saudade de vc, já quem me abandou uma dezena de anos atrás”.

“Não te abandonei, fui carregado a contragosto. De toda forma, sabes que sempre q posso, te visito. Sinto muito a tua falta.”

“Eu sei que sim. Aliás senti daqui que vc me ansiava ver. Aconteceu algo?”

“Sempre está acontecendo algo, estranho é quando as coisas não mudam. E muitas das vezes as mudanças não são como queríamos. Mas o fato é que não sei ao certo o que te dizer, aliás não sei se quero falar sobre alguma coisa. Afinal, nossa relação sempre foi mais silenciosa....... Mas não deixa de ser engraçado, falei isso mas vim aqui na esperança de achar tantas respostas. Você pode me ajudar?”

“Meu querido, nunca lhe prometi respostas. O que posso lhe fazer é proporcionar minhas areias para que sente e sinta pelo menos uma alivio momentâneo, posso ainda te refrescar com minhas águas, purificando um pouco da tua alma e fazendo arder os olhos, para quem sabe possa enxerguar melhor. É-me possível ficar em tua companhia o tempo que precisar ou julgar necessário, falo até com teu irmão vento para que não pare de soprar um segundo sequer e assim se sinta acariciado como mereces. Posso ainda fazer outras coisas, mas infelizmente repostas não te posso dar. Perdoe-me”

"Não há pelo que lhe perdoar. É só q..... "

Estou cansado.

Minha bandeira branca continua tremulando, sinalizando que ainda posso ser atingido, que a batalha prossegui e quero paz.

Quero a vida sem frescura e limitações. Quero minha vida como quero sem ninguém com vodu a minha espreita. Ando de saco cheio disso. Basta.

A bem da verdade queria ser surpreendido, mas isso é difícil.

Seja como for, minha bandeira continua em riste, a meio mastro em sinal de luto. Tremulando caprichosamente a espera do momento em que não será mais necessária.

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