quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Um dia de saudoso

Relutante em ser relutante, me levanto em uma mistura de alegria e vontade de ter meu sonho devolvido. Em uma água de rachar o crânio tomava um banho avechado. Minha mala já estava pronta e logo começava a ajudar com as malas. Depois de poucos minutos, já estava plenamente acordado e empolgado com minha viagem. Catarina e Junior, como sempre, davam mais trabalho para acordar, levantar e comer algo. Meus pais, como sempre também, estavam já prontos para o que desse e viesse.

O Parque Shalon era um bairro afastado do centro e próximo a praia do Caolho em São Luís. Tinha a mercearia da avó do Dário, o Mercantil Santa Teresa, o Comercial do Fausto (que viria logo a fechar) assim como a locadora do Lenine, o Frango do Cajueiro e outras coisas como o açude perto da casa do Gordão e o campinho na frente da casa do Bruno Bode.

A proximidade com a praia era clara. Do andar inacabado em minha ksa era possível ver o mar. Do apartamento do Diogo e do George, que era frente a minha residência, dava para ver até os bares e areia branca, tão gostosa como só lá tem.

Acho que tinha uns 8 anos, quando me dei conta pela primeira vez do evento. Depois de colocar a ultima mala, pensei ter escutado um som. Uma coisa meio parecida com o vento e com o barulho de água derramada. Fui a porta e fiquei procurando o que era, olhei para um lado e para outro e nada. Papai saia a porta quando me perguntou o que estava fazendo. “Que zuada é essa papai?”, perguntei. Ele sorriu e disse: “Esse é o som do mar”. Pegou no meu ombro e também ficou olhando para o céu.

Mais de uma década depois, em meio ao calor enlouquecedor de Teresina e do alto de seu despeito, meu pai diz que a única coisa que sente falta em São Luis é do som do mar ecoando pela madrugada. Parece até que a cidade tem culpa nos nossos erros.

O mar sempre faz falta

3 Comments:

Anônimo said...

Faz sim...ô se faz...;)

Unknown said...

"metade minha alma é feita de maresia"

Acho que todo mundo que morou à beira d'agua sente assim. Bonito isso. Boas lembranças...e eram dias difíceis aqueles.

Lembro da gente chegando no Mercantil Santa Tereza e Ismael lendo TODA a revista do Homem-Aranha. kkkkkkk.

Hoje moro ao lado do Mar. Tentarei fazer a vida aqui, nem sei se vai dar. Mas tenho fé. Conhecer as pessoas.

Tudo pra morar perto do Mar de novo.

E tem um Mar novo aqui pra vc conhecer, querido.

Beijos

Tainah εïз said...

Que vontade do mar!!!!!Lindo o som! Consegui aqui ouvir...rs