domingo, 14 de fevereiro de 2010

O meu carnaval e de Arruda

Não viajei. Estou em casa, curtindo um descanso depois de uma semana cheia de novidades. Posso dizer com certeza que meu carnaval está e continuará bem. Afinal o Vasco ganhou, estou feliz com minha vida profissional e pessoal. E ainda fui agraciado com a cereja do bolo, apesar de não gostar de cereja, a prisão do José Roberto Arruda que vai curtir a folia de momo atrás das grades.

É muito bom as pessoas virem um político sendo preso, pagando de alguma forma pelos inúmeros crimes cometidos. Além das pessoas, é ótimo que os outros políticos também vejam, que fiquem, nem que seja por um segundo, com um friozinho na barriga e aquele pensamento torturante. “Será se eu sou o próximo?”

Não meu amigo corrupto, fique calmo e descansado. Afinal é muito pouco provável que você seja o próximo. Bem que eu queria, mas acho dificílimo a prisão de vagabundos dessa estripe virar comum. Alguém vê Sarney, Marco Maciel, Joaquim Roriz, Roseana Sarney e tantos outros, presos? Eu não!

Outro dia me perguntaram, “Pedro qual é a coisa mais organizada no Brasil?”. Eu, de bate pronto, respondi: “O crime”. Ora, seja o trafico de drogas, de armas, de mercadorias ilegais, a prostituição e a corrupção; todas essas modalidades desenvolveram uma intrincada rede de organização. Caramba, existe hierarquia rígida até nos morros do Rio: tem o OLHEIRO que está em fase de teste; o AVIAOZINHO que ajuda o novato, os superiores e vai atrás de inimigos; o FOGUETEIRO que controla o trafico, vendendo e vigiando a vizinhança; tem ainda o GANGSTER, braço direito do Chefão. Por fim temos o CHEFÃO da boca que cuida de TUDO. Podendo punir, demitir, etc.

Se é assim em um morro, o que dirá no Congresso.

Assim que estouro o escândalo do panetone, o DEM (Ex-PFL, é sempre bom lembrar) deu quase como certa a expulsão de Arruda do partido. Nosso amigo enjaulado mandou um recado, “Se me expulsarem eu jogo merda no ventilador”. Arrudão ameaçou em frente a todo o país o alto comando do DEM, que se resignou, arregou, tremeu, colocou o rabo entre as pernas. Moral da história: está todo mundo ligado. Ou como dizem nos negócios, são sócios.

Querem um exemplo? Em 2000 foi descoberta a violação do painel do senado. Adivinha quem foi o violador? Ele, José Roberto Arruda. O então líder do governo pelo PSDB, afirmou que estava a mando do barão Antônio Carlos Magalhães, presidente do senado à época (lembra da história da raposa, do galinheiro....). Os dois violaram o painel na votação de cassação do senador Luiz Estevão por quebra de decoro parlamentar (até hoje o único senador já cassado). O mesmo Estevão foi condenado como comparsa do Juiz Nicolau dos Santos Neto, o LALAU, no esquema de desvio de R$169 milhões das obras do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo. Pegou 31 anos de prisão por peculato, estelionato, corrupção ativa, falsidade ideológica e formação de quadrilha.

Voltando no tempo, no inicio da década de noventa, Luiz Estevão também se envolveu na Operação Uruguai, para livrar a cara de Fernando Collor de Mello. Aquele que sofreu impeachment.

Acabou?
Infelizmente não. Estevão ainda foi condenado pelo Tribunal Regional Federal pelo crime de falsificação de documento público. Sua pena foi fixada em três anos e seis meses de reclusão no regime semi-aberto.

Essa gente é como uma irmandade. Porque era esse o cara que a dupla ACM/Arruda queria livrar da cassação.

Epílogo

Eu sei, eu sei. Depois do folia, Arruda vai conseguir liberdade e pode até chegar a ser condenado. Mas, assim como Estevão e Maluf, vai seguir soltinho, soltinho. Andando entre a gente como se nada tivesse acontecido. Seja como for, uma coisa eu garanto: ele nunca vai esquecer desse carnaval.

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