“Você vai afastar minhas mãos?”
Cantava baixinho o vocalista do Interpol Paul Banks na música Hands Away. Foi assim que começou minha longa viagem de volta a Teresina na noite do dia 15 de março, em tom triste.
Meu desânimo apareceu logo que entrei no ônibus e havia uma mulher no meu lugar. Disse que estava em minha poltrona e ela somente deu-me seu bilhete de passagem. Percebi que se tratava de pessoa pobre e sem muitos argumentos. Nada disse, apenas falei que ficasse onde estava. Agora escrevendo acho que um pouco do meu desalento se deveu à presença daquela pobre senhora que aparentava uma tristeza inata, um viés distante e solitário.
Às 20 horas e 4 minutos a expresso partiu rumo a capital do Piauí, uma viagem de aproximadamente 12 horas para o curso de quase 800 km de estrada ruim e muito perigo. Alguém sabia que os ônibus que fazem linha para aquela região só andam em comboio? Eles fazem isso para evitar assaltos, coisa comum no sul do Maranhão.
60 horas antes
Chego a segunda maior cidade do Maranhão ansioso por encontrar meus primos e aproveitar bem meus três dias de folga. Infelizmente fui esquecido na rodoviária visto que meus anfitriões haviam chegado pouco antes das seis horas da manhã em casa. Uma farra e tanto.
Nada que tire meu sono ou humor. Depois de uma hora consegui localizar o telefone da casa de minha tia e finalmente fui buscado. A partir desse momento só me aquietei às 4:45 do dia seguinte.
Uma viagem há muito prometida e adiada. Desde tempos em que meu saudoso tio João Paulo era vivo. Ele tentou muitas vezes me levar e nunca fui. Me arrependo muito disso.....
Lá se encontrava meu grande chapa, primo-irmão George. Um cara muito especial dono de um dom raro: o de desarmar as pessoas e torná-las mais humanas e espontâneas com sua presença. Já vi o fenômeno muitas e muitas vezes. Coisa de dar inveja.
Senti-me a vontade como em minha casa estivesse. Assim aquelas pessoas me fizeram sentir e foi muito boa essa sensação. Aos meus olhos meu primo Junior sempre foi uma figura controversa. Quando mais jovem o achava um cara muito estranho, distante e por vezes mal educado. Felizmente o tempo passa e a impressão foi desfeita. Hoje é uma figura de quem gosto muito e até admiro. Assim como tenho uma grande amizade com seu irmão Luciano, que tem um talento invejável no manejo com a guitarra, e que transmite uma coisa boa quando se está perto dele.
Muito álcool, risadas, putarias, reflexões.... até pescaria teve nessa viagem. Fui a pretexto de ver o show da banda de Luciano, a Freedom. Um conjunto que toca Hard Rock dos anos 70 e 80 principalmente e ainda algumas coisas dos 60. Led Zeppelin, AC/DC, Iron Maiden, Black Sabbath, Deep Purple, Rush, Guns N’ Roses são algumas das bandas que estiveram no repertório da última apresentação. Um dos momentos mais legais do show foi quando vi todos aqueles Headbangers cantado de olhos fechados I'll Be There For You do Bon Jovi. Para quem não sabe o cancioneiro Bonjoviano é um sacrilégio para a cartilha metaleira. Foi uma graça.
Como saldo posso dizer que a banda está bem afinada. Infelizmente o som atrapalhou bastante a desempenho. Disseram que quem estava longe do palco pouco escutou do vocal, como estava no pé do palco isso não foi problema pra mim. Os integrantes são todos bons músicos com destaque para o baterista que parecia que ia derrubar a casa com suas batidas e pegada certeira dos dois guitarristas.
O show foi o pretexto da empreitada, mas fui mesmo porque queria há muito visitar minha tia e meus primos. Caras que muito gosto e admiro, sem esquecer a Rose (irmã deles) que me resgatou na rodoviária. Fui muitíssimo bem recebido, Janaíza e Dedê (respectivamente esposa de Luciano e namorada de Junior) são ótimas pessoas que também contribuíram em cuidar de mim.
As vezes três dias passam na contagem de um só. Saudade bate e a vida segue. Espero não demorar muito a retorna àquela terra. Não pelo chão em pisam, mas sim pelas presenças que nela habitam.
Agradeço a todos eles.
OBS.1: Tive que sair de Teresina aos 25 anos de idade para tomar uma cerveja escutando rock na casa de uma pessoa. Fui a casa de um índio(isso não é brincadeira) e lá tocou de tudo: de Jimi Hendrix a U2. Grata surpresa.
OBS.2: Ganhei do Carlos (marido da Rose), um grande adversário a ser batido e um dos melhores da cidade, no futebol do PS2. Foi legal isso..................rsssss
Vista do por do sol na beira rio do Tocantins em Imperatriz. A foto é minha.
Abra os olhos – O cemitério do esplendor
Há 3 semanas
3 Comments:
Linda foto...lindo texto...
Brigado minina do meu amor.
que beleza de foto...de olhar...de luz, meu irmão.
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