quinta-feira, 16 de abril de 2009

Afasta de mim.......

Aprendi a deixar de ler textos ou assistir filmes começados com Win Wenders. Em entrevista ao documentário Janela da Alma o cineasta alemão afirma que toma tais decisões quando percebe que ele não precisa daquilo na sua vida. Isso para mim foi muito importante.

Antes disso eu tinha que decidir de antemão se iria ou não começar esse ou aquele livro ou filme. Por conta de Excalibur, me lembro de dormir perto das duas da manhã. E nessa época eu devia fazer a terceira série. Uma coisa louca para quem acordaria à 5:50 para ir ao colégio.

Tudo isso pra dizer que em um certo momento, já faz alguns anos, decidi que não mais leria o colunista Diogo Mainardi. Estava muito claro que aquilo não me acrescentaria em absolutamente porra nenhuma. Via aquilo como algo tão baixo que me fez sentir até um repulsa por seus textos. Algo raro em mim.

Entretanto sempre me perguntava se aquela era uma decisão acertada. O argumento é de que deveria lê-lo para ter ciência, certeza de minha decisão e até mesmo para poder criticá-lo com mais propriedade.

Único como de fato é, Mainardi sempre me ajudou nessa decisão. Sua verve é de tal modo ridícula que acaba facilitando meu serviço. Derradeiro exemplo de suas palavras é o texto publicado no último número de Veja(nº 2108, com data de capa de 15/04/2009).

O texto é dedicado a seu personagem preferido, o presidente Lula. Entre outras coisas o colunista compara a redução do IPI no cimento brasileiro com o déficit público americano.......

No mínimo estranho, mas o pior(melhor?) ainda estava por vir:

"No Brasil, ao contrário, o corte do IPI do cimento ajudará, indiretamente, uma indústria próspera: a do comércio de drogas. Em primeiro lugar, estimulando o crescimento das favelas. Encasteladas nos morros, elas correspondem, para os traficantes, às fortalezas medievais: Comando Vermelho e William Shakespeare. Em segundo lugar, subsidiando a cocaína. Algumas semanas atrás, o Globo mostrou que os traficantes da Rocinha (o rei do tráfico – o Henrique IV da Rocinha – é conhecido como Nem) misturam cimento à cocaína. O que fez o governo? Zerou o IPI da cocaína por três meses, garantindo uma economia de 40 centavos a cada 25 quilos. Isso sim é uma medida anticíclica", escreveu Mainardi.

...

Pelo amor de Deus...................

Ao ler tal coisa primeiro fiquei bobo para logo depois cair na gargalhada. Entendem por que não leio esse cara?

Acho até que ele queria fazer humor, mas não vi a mínima graça. Sorri de sua imbecilidade e não porque tenha sido hilário. E olha que nem cheguei ao ponto do Luiz Antonio Magalhães, articulista do Observatório da Imprensa, que em seu texto Cimento, cocaína e um colunista ensandecido afirma que “Em menos de dez linhas, Mainardi reforça as idéias de que quem mora na favela é traficante, de que é preciso conter o crescimento das favelas e o de que o problema do tráfico de droga está no traficante, e não na sociedade”. Andei nem perto disso, achei apenas uma idiotice.

Agradeço ao Junior por me indicar aquele documentário, senão teria que agüentar aquilo toda semana.

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