segunda-feira, 27 de abril de 2009

A primeira vez a gente nunca esquece

1- Ele tem 25 anos, é jornalista e toca violão. A respeito dessas três informações, ele se acha velho; um jornalista razoável e péssimo tocador.

2 – A despeito de todas as tecnologias existentes e a facilidade de se baixar CDs, ele continua comprando esses artefatos pela internet. “Comprei 8 de uma vez na semana passada, inclusive estou até esperando chegar. Mas eu tb baixo CDs da net quase todo dia”, diz.

3 – É tímido, calmo e se diz bom motorista. “Dirijo bem mesmo. Desde que tirei carteira nunca bati em nada. É verdade que quebrei o carter do Gol do papai uma vez, mas nesse tempo eu nem tinha carteira e o Junior assumiu a culpa, ou seja, eu não tenho responsabilidade (risos)”, fala sem modéstia.

4 – Nunca foi entrevistado em sua vida, apesar de ser entrevistador quase todo dia. É editor do Repórter 800, programa que vai ao ar diariamente das 7:30 às 10:30 na rádio Antares 800. “O programa é uma revista do rádio que aborda tudo. É complicado pq só tenho um produtor, um repórter e uma estagiária comigo para 3 horas de programas diários”, reclama o pobre coitado.

O que se lerá em seguida é a primeira parte de uma entrevista com o dono deste blog. “Entrevisto pessoas todo dia e nunca fui entrevistado. Fiquei ressentido da minha insignificância e pensei ‘ahhh pois vou fazer uma entrevista comigo e meus interlocutores serão meus amigos’”. O resultado desta empreitada é uma miscelânea questões e entrevistadores. No primeiro tomo desta empreitada Blog, Vasco da Gama e música são alguns do temas respondidos por esse rapaz que tem uma série de coisas a falar.

Neto: Maluco, vamos começar do começo. Então fala um pouco da tua infância e adolescência

Pedro: Como vcs todos sabem nasci em Teresina e me mudei para São Luís com 5 anos de idade. Na ilha tive uma infância boa demais. Depois de pouco tempo fiz muitos amigos no bairro e fui ator das mais diversas estripulias possíveis. Me lembro de tanta coisa como empinar papagaio, jogar vídeo-game, explorar os riachos que havia ao redor da minha casa e ainda entrar em casas abandonadas. Na terceira série do que hoje chamam Ensino Médio, eu era um cara muito briguento e não tenho a mínima idéia do pq fui assim. Sei somente que bati em muita gente nesse ano, 1993. No meu colégio tinha até um ranking dos mais fortes e nessa lista eu era o quarto colocado. Ficando atrás apenas do Lécio, Rodrigo e Hugo. Além de briguento era respondão tb. Minha mãe foi chamada à escola um monte de vezes nesse período.

Entretanto no ano seguinte eu aquetei-me completamente e não mais fazia questão de estar em lugar nenhuma daquele ranking. O único episódio que existiu foi uma vez q estava na fila do bebedouro e chegou um gordinho antipático me empurrando. Ele quase me derrubou e eu fiquei puto, dei-lhe uns 3 ou 4 socos. Ainda fiquei receoso pq o Fat Family era protegido do Lécio, que ainda era o fortão do colégio, mas ele nunca veio tirar satisfação comigo e por isso ficou.

Fora esses causos me lembro da alegria de saber que viajaríamos até Caxias e Teresina; das férias passadas na fazenda do tio Gonzaga e da ansiedade ao saber que meus primos iam nos visitar.

Para encurtar a história, minha infância foi irrepreensível.

Neto: E a tua adolescência??

Pedro: Verdade, ia esquecendo. Minha adolescência foi aqui em Teresina mesmo e o retrato dela é a amizade que mantenho ainda hoje com caras como o Nilton, Marcos, vc(Neto), Tiago e outros mais. Sem esquecer do Mikael, é claro. Ainda hoje lembro desse tempo como a época de ouro e não consigo pensar como ele poderia ter sido melhor. Esse sentimento até me prejudicou por um tempo, já que fiquei um pouco preso a esse período. Coisa que levou-me a ser chamado, de forma justa, de saudoso pela Julianna. Mas esse tempo foi perfeito mesmo. Depois disso eu cresci.

Wilton: Pedro dando um salto temporal nessa cronologia e te pegando já adulto.......esse teu blog tá muito melancólico nesses últimos tempos, tu não acha não?

Pedro: Cara, não sei ao certo. Não parei para pensar sobre isso. Apenas escrevo quando dá vontade e coloco na tela o sentimento que me vem. Pode ser melancólico, alegre, uma crítica, um desabafo, qualquer coisa. Mas talvez você esteja certo, acho que nos últimos dois meses tenho escrito palavras mais casmurras.

Hérlon: Casmurro???? Coisa mais intelectual num é?

Pedro: Pois é cara, legal né? Deixa a coisa mais empolada. Aprendi com a Jussara. Ela já leu muito e sabe um monte de palavras difíceis.

Cynthia: Ainda sobre teu blog, qual o motivo dele estar assim mais triste?

Pedro: Não sei se a palavra é triste, mas de qualquer forma tá tudo lá escrito. Basta ler. Não posso me entregar assim senão perco meus leitores (risos).

Julianna:Pedro tu sempre foi um cara reservado, então por que tu fizeste um blog e ainda deu a ele um tom confessional maior nos últimos tempos?

Pedro: Eu tinha um blog antes desse aqui, mas só quem podia acessá-lo era eu mediante uma senha. Criei para expressar umas coisas que estavam me consumindo. Mas nesse eu não escrevo mais e ele está de lado. O coisasafalar eu fiz com a intenção de exercitar meu texto, uma coisa para melhorar meus verbos e ter mais fluidez de idéias. Minhas intenções foram parcialmente contempladas já que penso que hoje escrevo um pouco melhor, mas continuo dependente da minha inspiração. Minha intenção era simplesmente escolher um tema e versar sobre ele, mas parece que ocorre o inverso, o tema é que me escolhe. É foda, mas as coisas estão vindo com mais tranqüilidade.

Bem, respondi porque criei esse espaço e agora vô te dizer o motivo dele ter se tornado mais íntimo. Isso se deve porque não escrevo mais no meu antigo blog e tenho tido vontade de dizer coisas sobre mim. Verdade que não uso de linguagem muito clara nesses textos, até mesmo para me resguardar, mas quem estiver perto de mim e tiver noção do contexto saca na hora do que estou falando. Acho inclusive que já falei de praticamente todos vcs aqui no blog, mas sem citar nomes. Essa é até uma barreira que tenho que transpor, já que não consigo escrever sobre uma pessoa. Já tive muita vontade de escrever sobres vcs em separado, mas nunca tive êxito. Até comecei um texto sobre a Julianna e outro sobre o Neto, mas nenhum dos dois estava
à altura deles.

Priscilla: E por que tu achas que não consegue?

Pedro: Eu não tenho a mínima idéia. Não sei mesmo, vô até pedir o número da Diana com a Julliana para ver se ela me ajuda com isso (risos). E o Daniel me disse também que ela é uma gata.

Daniel: Rapaz, ela é gostosa mesmo.

Pedro: Pois é vô pedir mesmo. Mas voltando a pergunta da Priscilla, eu realmente não sei o porquê desse meu bloqueio. Tenho muitos textos abortados e outro tantos nem começados por pura falta de articulação para dizer o que sinto. Já quis fazer uma homenagem a todos vocês no fim do ano e não consegui, vislumbrei um perfil do Wilton que não consegui nem começar.

Quando finalmente consigo escrever alguma coisa, acho uma completa porcaria. O que iniciei para Julianna ficou muito aquém da homenageada. Até imaginei ela decepcionada com o texto, visto que somos grandes amigos. “Affffffff que porcaria”, pensei ela dizendo.

Julianna: Eu não diria isso.

Pedro: Eu sei que não, mas aquele troço realmente não estava nem razoável. Outro foi o do Neto que se alguém lesse nem notaria que estava falando dele tamanho era o disparate. Acho até que me desfiz dos dois. Mas enfim, espero que essa amarra caia.

Catarina: Pequeno, talvez o tema sobre o qual tu mais escreva nesse blog seja a música. Falando sério, acho que tu daria um excelente jornalista musical ou cultural mesmo.

Pedro: Eu sempre gostei de música e ela sempre fez parte da minha história. São quase como temas de novelas. Quando fiquei afim de uma menina há cerca dez anos era uma musica do Savage Garden e outra do The Verve que tocava. Toda vez que escuto Capital Inicial acústico me lembro de mim e do Neto cheirando lança perfume na casa dele; Engenheiros do Hawwaii é a carta do Wilton e do Gustavo.U2 lembra muito o George; RPM minha mãe e por ai vai. Gosto de música, mas daí a ser jornalista musical está bem longe. É a mesma coisa do cara que assiste muito filme e acaba se achando crítico e não acho que a coisa seja por aí.
O jornalismo musical brasileiro é uma completa porcaria. O Junior reclama muito dos críticos de cinema, mas estes são muito mais preparados dos que os do meio musical. Então para fazer igual a esses caras eu prefiro ficar só aqui no blog mesmo. Somado a isso tem uma característica minha que dificulta uma incursão nesse terreno, já que sou um cara muito direto com os objetos do jornalismo e o jornalismo cultural requer uma sensibilidade que não possuo.

Catarina: Eu discordo dessa ultima afirmação mas tudo bem.

Neto: Tu sempre foi um vascaíno muito ativo. Naquele tempo que a gente estudava junto tu enfrentava aquela maioria Flamenguista toda e ainda ganhava um monte de vezes, mas desde que o Vasco deu uma caída a partir de 2001 tu se afastou e nem mais assistia aos jogos do time. Entretanto de uns tempos para cá tu voltou a tua militância cruzmaltina, como é que isso?

Pedro: Cara o Vasco é o time mais bonito do Brasil. São quase 111 anos de uma história invejável, foi o primeiro o time a aceitar negros em sua equipe principal; construiu seu estádio com doações de seus torcedores e isso aconteceu ainda na segunda década do século passado. Estádio esse que ficou sendo o maior da America Latina por quase 20 anos. Então, somado ao que já falei, sou vascaíno graças a duas coisas: a influência de meus primos que são em sua maioria vascaínos e segundo por causa da camisa que sempre achei muito bonita. Respondendo a pergunta de forma mais direta, eu me afastei do time por causa do Eurico Miranda que dilapidou meu clube e ainda associou sua imagem mafiosa, inescrupulosa e arrogante à do clube. De 2001 até o ano passado tudo foi catástrofe em São Januário. Então o que me aproximou foi a eleição do Roberto Dinamite, ídolo máximo do clube, a presidência e por fim o trágico rebaixamento do time a segunda divisão. Pauta até de um texto meu aqui nesse blog.

E essa reaproximação foi muito boa e percebo até que esse efeito não foi somente em mim, como em milhões de outros vascaínos que estavam mais quietos. De toda forma tenho certeza que esse ano o Vasco da Gama ainda vai dar muitas alegrias a sua torcida.

Ivo: Pedrão e quais textos aqui do blog são os teus preferidos??

Pedro: Cara, gosto muito daquele que escrevi assim que cheguei do casamento do Daniel, ele é muito sincero; apesar de mal escrito eu também me grado do texto que escrevi falando das bandas mais importantes da minha vida; outro que me lembro com felicidade é o Besteiras Parte1, minha intenção era até fazer uma série naquele molde, mas infelizmente não consegui. É uma coisa que ainda vou tentar retornar, já que adoraria escrever da forma mais simples intuitiva possível.

Assim de bate pronto é difícil de responder, mas me lembrei daquele pequeno conto sobre uma conversa imaginária que tive com uma mulher em um ônibus. Gosto bastante dele.

Um que sempre releio é aquele escrito sobre o Mikael. Um troço que foi muito doloroso de fazer, mas gosto demais dele. Acho que consegui expressar uma parte da minha tristeza com sua morte....

Estava falando dos que mais gosto, mas acho que talvez o mais bem escrito tenha sido aquele sobre os Malvados, aquela tirinha cretina de um cara chamado André Dahmer. Ele até me mandou um e-mail elogiando o texto. “Ora, ora... um blogueiro que escreve bem”, disse ele.

Ivo, apesar de eu ter uma série de ressalvas às minhas palavras, no fim eu acabo gostando do que produzo. Outro que considero bem escrito é o Sobre Novelas, que é uma reflexão sobre como esse produto trata a realidade. Um que é bem pessoal é aquele falando sobre o show da Alanis. Mais recentemente gosto do Vontade só no corpo todo, que versa sobre show do Radiohead no Brasil e finalmente, o Prólogo do Fim. Acho que seria mais ou menos essa a minha lista.

No próximo capítulo: Relacionamento e loucura feminina em pauta.

5 Comments:

julianna said...

Muuuuuito bom!! AR-RA-SOU!!(Ainda separa assim?) hehehe
Nossa, de longe uma das melhores coisas q vc já escreveu! Simplesmente porque é intuitivo, intimista, sem medo de versar sobre esse cara incrível que é meu amigo do coração!
Queria ter espaço pra comentar cada coisa legal que li, em cada parágrafo que achei interessante, hehehe!
Principalmente pq eu QUERO um texto falando de mim (que narcisista!)e porque a PF não pode ler seu texto falando que vc cheirava lança (quando existia) kkkk!
Amei, Pedrinho, tô ansiosa pelo texto sobre relacionamento e mulheres!!
Bjoss!!!

Pedro Santiago said...

Brigaduuuuuuuuuuu Julie. Apesar de ter adorado escrevê-lo, estava receoso. Mas seu atestado me alegrou, então já valeu a pena. O próximo vem ainda essa semana.Bjos

Unknown said...

tenho medo do próximo....

relacionamento é uma coisa!

mas ficou muito bom realmente, peter.

a entrega e a sinceridade é o maior ganho literário

Neto said...

Haaaa, o texto sobre minha pessoa até q podia sair tb, mas sem contar os nossos segredos, viu!!! (provavelmente nem tenha graça...)
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
brincadeiras a parte,vc escreve p caralho, ta maravilhoso o texto... queria eu saber escrever 30% disso tudo aí q vc ja fez ate agora...
abração do seu eterno amigo...

Tainah εïз said...

Ameeeeei!!!!
Mt bem escrito!!!
Bjos